O treinador Jorginho desaprendeu ou está inventando? Não está conseguindo passar o que quer ou os atletas estão de má vontade com ele ?
ZédeJesusBarrêto , da redação em Salvador |
03/02/2013 às 23:53
Jogadores do ACB comemoram o olé
Foto: Eduardo Martins
Analfabeto em campo, o Bahia levou uma lição em casa e apanhou de 3 x 0 do ABC no começo da noite de domingo, com os poucos torcedores que foram a Pituaçu vaiando o time, gritando olé ante a troca de passes humilhante do time adversário, xingando a valer a diretoria do clube e vibrando, aplaudindo até o terceiro gol do time de Natal (RGN) já no final da partida e que ‘fechou o caixão’. Com esse resultado, o tricolor precisa vencer o Itabaiana na quarta-feira, em Sergipe, e esperar um resultado que o favoreça no confronto entre ABC e Ceará, na mesma data e horário, para que possa se classificar para a fase seguinte da Copa do Nordeste. O torcedor tricolor torce por uma vitória do Ceará ou mesmo um empate, lá em Natal.
Já o Vitória foi a Salgueiro, no sertão pernambucano e venceu por 1 x 0 o time da casa, que não se lembra de ter perdido em seu campo há muito tempo. Com o resultado, conseguido com mais um gol do veterano Marcelo Nicácio, o rubronegro baiano já assegurou vaga na etapa seguinte da competição e PE ga o segundo colocado da chave do Ceará, que pode ser o Bahia. Ou seja, caso o Bahia consiga classificação na quarta poderemos ter Ba Vi pela Copa do Nordeste já no próximo fim de semana, em confronto eliminatório. E pelo que (não) jogou o tricolor nesses duas partidas últimas realizadas em Pituaçu... O rubronegro vai para o duelo como favorito.
Mas vamos esperar um pouco e ver o que acontece quarta-feira.
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Mais uma vez o Bahia atuou mal, jogou um futebol burro e previsível – burrocrático – com sua defesa em linha de quatro, recuada, correndo atrás dos atacantes adversários, o meio campo com três marcadores postados logo à frente dos zagueiros, sem pegada, marcando frouxo, sem passe... e três atacantes lá na frente, distantes e fixos (Ryder na direita, Zé Roberto na esquerda e Souza enfiado pelo meio), sem inspiração, sem penetração, sem chutar no gol inimigo.
O treinador Jorginho desaprendeu ou está inventando? Não está conseguindo passar o que quer ou os atletas estão de má vontade com ele ? A equipe parece desmotivada. O que se viu em Pituaçu foi o time treinado por Givanildo engolir o Bahia, povoando bem o meio campo, correndo mais, atacando pelas laterais, sobretudo pela direita, em cima de Jussandro (o tempo inteiro vaiado pelo torcedor; ele e o lento e desligado Zé Roberto).
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O time baiano até começou melhor a partida, mais solto, pressionando, e chegou a perder três boas oportunidades: uma cabeçada de Fahel por cima do travessão, uma penetração de Helder que entrou de frente com o goleiro e chutou para fora e noutra chance Souza driblou o arqueiro, livre, mas desequilibrou-se e bateu mal na bola, pra longe.
Mas aos poucos o Ceará ganhou a meia cancha, ficava mais com a bola e passou a ameaçar. O gol saiu por volta dos 40 minutos, num cruzamento largo da direita que o meia Xuxa desviou de cabeça no meio da zaga: Lomba foi meio atrasado na bola e não alcançou.
Os tricolores desceram para os vestiários sob protestos da galera e prometeram uma nova postura na segunda etapa. Mas Jorginho não modificou a escalação nem a maneira de jogar e os visitantes se fecharam, amansavam o jogo e esperavam o erro de passes, constante dos tricolores, para contra-atacar sempre com perigo. Com um banco de reservas recheado de garotos das divisões de base, Jorginho enfim decidiu tirar DIones, que errava muito, e pos em seu lugar o atacante Ítalo Melo; substituiu também o inoperante Zé Roberto, sob vaias, pelo menino Talisca. A equipe passou a atuar, então, num fixo 4-2-4, atirou-se mais ao ataque mas ficou com a defesa totalmente desguarnecida.
Num contragolpe de velocidade pelo lado direito, em cima de Jussandro, a defesa aberta, o ABC fez fácil 2 x 0, Vandeley livre na pequena área estufando as redes. O mesmo Vanderley matou o jogo já no finalzinho com um gol de cabeça, em outro contragolpe fatal, o Bahia entregue, as calças arriadas.
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Destaque para Givanildo, pelo futebol inteligente e coletivo do ABC; muito firme o zagueirão Boaventura; bom o futebol dos laterais Renato e Alexandre; Xuxa correu mais que o meio campo inteiro do Bahia e Vanderley azucrinou a zaga tricolor mexendo-se, abrindo espaços.
No tricolor, destaque negativo para a bolinha sem imaginação do time de Jorginho. Os laterais sem avançar, os zagueiros chegando tarde nos lances; o meio campo sem apertar a marcação e passando mal, errado e um ataque sem penetração, sem velocidade, sem chutes. Uma equipe apática.
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No final do jogo torcedores questionavam já a manutenção do treinador Jorginho: teria ele perdido o controle, a liderança do grupo? estaria ele com má vontade, depois da propostas e possibilidades frustradas de ir para a Seleção Brasileira sub-20 e o Palmeiras¿ A verdade é que o time regrediu muito, como se estivesse emburrecido de repente, sofrido um apagão geral, tornando-se uma equipe opaca.
O fato é que é muito difícil explicar um placar como esse, 3 x 0, dentro de casa, diante da torcida, para um time de segunda como é o ABC. Afinal o Bahia não está na Primeira¿ Pois está jogando uma bolinha de terceira.
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Na quarta-feira tem Brasil X Inglaterra, lá em Londres. O amistoso marca a estréia de Felipão, de volta ao comando da seleção brasileira que se prepara para a Copa do Mundo de 4014, que será realizada no Brasil. Qual será a postura do time ¿
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Pra fechar, cito um trecho da crônica de Tostão ‘Expectativa e Frustração’, e chamo a atenção dos treinadores Caio Jr, do Vitória e Jorginho do Bahia:
“ Exercício obrigatório - Deveria ser obrigatório a todos os treinadores e jogadores de meio-campo assistir a todos os jogos do Barcelona, só para seguir Xavi e aprender como se joga coletivamente e com técnica. Ele ocupa todos os lados e posições do campo, de uma intermediária à outra. Toca, recebe, toca e faz todo o time jogar. Xavi possui a grande qualidade de saber o momento certo de dar um passe decisivo. Nunca dá a bola ao adversário. Um craque, genial”.
Tenho dito.