No único vacilo da defesa do Bahia, o Náutico empatou. Técnico do Náutico enxergou mais o jogo.
ZédeJesusBarrêto , Salvador |
25/11/2012 às 20:31
Poster da Copa do Mundo sede Salvador e a seleção sem Mano, a espera de novo técnico
Foto: POSTER
Uma cochilada do goleiro Lomba, um único vacilo da zaga tricolor, aos 33 minutos do segundo tempo, numa cobrança de escanteio, e está decretado: somente na rodada derradeira, domingo, dia 2 de dezembro, vamos saber se teremos ou não o Ba x Vi na Série A no próximo ano.
Um fim de tarde de domingo de frustração total no estádio. A classificação do Bahia, após o decepcionante empate ( 1 x 1 ) contra o Náutico, em Pituaçu, só deve acontecer (ou não, Deus é pai !) no estádio Serra Dourada, em Goiânia, a depender do resultado da partida contra o Atlético Goianense, já desclassificado.
O Vitória, mesmo que capengando (tal qual a torcedora Ivete Sangalo de pé engessado) , conseguiu sua ascensão à Série A no sábado, num Barradão lotado, empatando com o Ceará em 1 x 1. A torcida fez festa por toda a cidade, aliviada. O rubro-negro está na Primeirona, ora! Foi merecido pela campanha do time, sobretudo na primeira etapa da competição.
Mas o tricolor ainda corre o risco de cair para a Segundona (cruz credo!)- se perder a última e o Sport vencer. O Bahia precisa apenas de um empate para se manter na Série A, sem precisar de outros resultados. O tricolor tem 44 pontos, a mesma pontuação da Portuguêsa (a Lusa do Canindé) e está três pontos à frente do Sport do Recife. O Sport joga a última contra o Náutico, nos Aflitos. Caso o Sport vença e o Bahia perca, os dois times ficam com o mesmo número de pontos, mas o Sport levaria vantagem e se classificaria por ter conseguido um trunfo a mais – é o critério de desempate.
Ou seja, tal e qual o Vitória na Série B, a situação do Bahia na Série A só será definida na última rodada, com todo o nervosismo em campo e muita tensão dos torcedores. De todo modo, o tricolor só depende dele. É vencer ou empatar ... e se garantir na elite. Mas até o árbitro apitar encerrando a partida, domingo próximo, em Goiania ... vai ter muita unha roída e ranger de dentes.
A DECEPÇÃO
Mais de 33 mil torcedores encheram as arquibancadas de Pituaçu, festeiros tricolores. O clima era de comemoração, de certeza de um triunfo que já garantiria a classificação, a continuidade na Série A. O Náutico, que precisava apenas do empate para se manter na Primeirona, mostrou desde o início que iria brigar muito para não tomar gol e ... se o adversário desse alguma bobeira, quem sabe, marcar o seu e se fechar defensivamente.
Assim, num jogo muito truncado, disputado, o time tricolor tomou a iniciativa, partiu pra cima, buscou o gol , cruzou bolas, esteve sempre no ataque, perto da área adversária, mas pouco chutou de fato, pouco ameaçou o goleiro do time Timbu pernambucano na primeira etapa do jogo:
Aos 17 minutos, Helder bateu forte, de fora e a bola bateu no poste; Aos 24 Titi viu a penetração de Jussandro e lançou, o baixinho lateral meteu a cabeça e não acertou o alvo. Aos 38 Helder fez boa jogada e deixou Fabinho de frente, mas o chute do meia saiu torto. Aos 39 Gabriel tentou de longe e aos 42’ Jussandro cruzou, a bola ficou procurando alguém para a testada e, nada. Cadê Souza ?
O centroavante Souza, hoje fundamental na equipe ( vejam só), sentiu uma fisgada na coxa aos 16 minutos e saiu, substituído por Elias. Sua saída foi determinante para o resultado, tanto ofensiva como defensivamente, como veremos mais adiante. Diones também saiu machucado aos 15’, cedendo lugar a Kléberson. Aliás, antes dos 20 minutos, quatro atletas, dois de cada lado, já estavam fora de combate – fim de temporada, exaustão de jogos seguidos, tensão de decisões onde o nervosismo predomina.
Antes de acabar o primeiro tempo o Náutico já fazia o anti-jogo, provocando paralisações, insistindo num cai-cai, catimbando, mascando o ritmo, pois o empate lhe interessava.
O Bahia voltou melhor do dos vestiários, com mais vontade, marcando mais à frente, insistindo pelas laterais e nas bolas em profundidade. Aos 5 minutos Jussandro levou o zagueiro na velocidade e foi empurrado na área; o árbitro marcou a penalidade, Gabriel bateu com calma e fez 1 x 0. O gol incendiou as arquibancadas, pois o resultado já classificava o Bahia, independente do que estava no Recife (Sport 1 X 1 Fluminense) ou na Beira Rio (Inter 0 X 0 Portuguêsa).
Ao sofrer o gol, o Náutico mudou de tática, trocou um lateral por mais um atacante e foi para o tudo ou nada, buscar o empate. Começou a ameaçar o gol de Lomba, que até então não fizera uma só defesa. O Bahia armava-se nos contragolpes, perigosos, mas não finalizava bem. Felipe fez uma grande defesa aos 26’, espalmando no rodapé uma cabeçada de Elias. Só.
Aí então, aconteceu o gol do Náutico, após um escanteio e o cruzamento de Souza ( o meia Souza, deles) a meia altura, na primeira trave (lugar onde normalmente se posiciona o atacante tricolor Souza, defensivamente), aparecendo o atacante Dimba livre de qualquer marcação para testar diante de Lomba que saiu mal, apavorado, tentando abafar a jogada. Um erro coletivo, falha de marcação, desatenção, ausência de Souza naquele espaço que não foi ocupado devidamente, vacilo geral e gol: 1 x 1, o estádio emudeceu.
O tricolor ainda foi pra cima, na louca, mas o Náutico fechou-se todo, segurando o placar, chutando pra qualquer lado e nada mais aconteceu. A galera saiu bradando, mas ... é assim esse jogo de bola chamado futebol. O resultado foi fruto de inoperância no ataque e de um vacilo defensivo; parecia jogo fácil, para se vencer com dois ou três gols de diferença. Como tantos outros que aconteceram nesta temporada, em Pituaçu. Nenhuma novidade.
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Destaques para o bom esquema defensivo traçado pelo treinador Galo, do Náutico; para a ótima partida do galego Souza, no meio campo e para o baixinho Rogério que corre o campo inteiro, insinuante.
No Bahia, Lucas Fonseca e Titi seguros, Jussandro foi o melhor atacante, Helder jogou por ele e por outros mais, e Gabriel. Já Zé Roberto, Fabinho, Kléberson e Elias ... francamente !!!
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A FESTA
No sábado, Barradão lotado, cerca de 35 mil pessoas no estádio, parte da cidade (inclusive a saída pela BR 324 ) travada, sol quente, a cantora-torcedora Ivete Sangalo de pé gessado descendo de helicóptero e fazendo a festa com o torcedor , trios elétricos ... e o rubro-negro conseguiu !!! Empatou com o modestíssimo, desfalcado e desmotivado time do Ceará (que jogou a maior parte do segundo tempo com um atleta a menos em campo) por 1 x 1, jogando uma partida nervosa e sofrível, mas que foi suficiente para garantir a explosão de alegria e as comemorações por toda a cidade. O rubro-negro subiu ! Desabafou a torcida.
O gol salvador saiu já aos 42 minutos da primeira etapa, quando a defesa cearense vacilou, o garoto Willy roubou a bola e enfiou para o atacante grandalhão William, que entrou livre e tocou com calma por baixo do goleiro que saia tentando abafar a jogada. O Ceará, mesmo com dez em campo, empatou já por volta dos 35 minutos, numa bola alçada que Vitor Ramos raspou e desviou do goleiro Deola, fazendo contra. O torcedor sofreu em agonia até o encerramento do jogo, arrancando os cabelos, aflito, coração aos pulos. Mas valeu ! O objetivo foi alcançado.
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Valeu pela campanha, melhor do que a dos concorrentes, pela classificação obtida, mas ... para enfrentar de cabeça erguida a competição da Primeirona, da Série A no próximo ano, o rubro-negro baiano precisa reformular, qualificar bastante o plantel. A equipe caiu muito de produção e vem jogando um futebol feio, que foi ‘a conta do chá’ para conseguir escapar da segundona.
Findas as comemorações, o clube deve partir para um planejamento, já, do ano de 2013, pois a experiência mostra que é bem mais difícil se manter na Série A do que chegar até ela.
O rival Bahia que o diga : pena cada ano para se segurar na elite, num sofrimento dos infernos.
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Assim, classificaram-se e estão na Série disputando a primeirona em 2013 : Goiás (o campeão da Série B/ 2012), Criciuma, Vitória e Atlético Paranaense. Criciuma, Vitória e Atlético (PR) fizeram o mesmo número de pontos do São Caetano, que perdeu a vaga pelos critérios de desempate. Imaginem o que foi a tensão até o final de todos os jogos.
Caíram da Série B para a Série C : O Guarani de Campinas, o CRB de Alagoas, o Ipatinga de Minas e o Barueri de São Paulo.
Despencaram da Série A para a Série B, já : o Palmeiras de SP, o Figueirense de Santa Catarina, o Atlético Goianense e ... ( Sport ? Bahia ? Portuguêsa ? – domingo à noite saberemos).
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A queda do Mano
A notícia da semana, em nível nacional/internacional, foi a queda do treinador Mano Menezes, da Seleção Brasileira, depois de ter ganho um troféu na disputa contra ‘los hermanos’ argentinos, em plena La Bombonera, decisão que saiu em cobranças de penalidades.
‘Rei morto, rei posto’, diz o ditado. Mas até agora não se sabe quem assumirá o comando técnico do escrete que disputará já nos meados de 2013 a Copa das Confederações, aqui mesmo no Brasil – o aperitivo para a Copa do Mundo de 2014. Três nomes estão na berlinda: Titi, treinador do Corínthians; Muricy Ramalho, treinador do Santos e Felipão, atualmente desempregado e , na minha modesta opinião, o mais cotado pela sua história (foi Campeão do Mundo), currículo e carisma com o torcedor brasileiro. Superado, dizem alguns; fracassou recentemente no Palmeiras... mas o ‘verdão’ paulista é um ninho de cobras peçonhentas, é muito difícil se trabalhar por lá.
Eu preferiria o Guardiola, que foi treinador do Barcelona, está sem clube e quer, chegou a dizer que toparia a parada. Já pensaram o Brasil jogando tipo Barça ? O problema é que ... a cultura esportiva tupiniquim não admite um treinador estrangeiro à frente da Seleção Brasileira. Arrogância ? Não me perguntem o porquê