O diretor de Seleções da CBF, Andrés Sanchez, desabafou nesta sexta-feira sobre a queda de Mano Menezes do comando da Seleção Brasileira. Em entrevista concedida na sede da Federação Paulista de Futebol, visivelmente irritado, o dirigente afirmou que tentou manter o comandante no cargo. Hà dois dias, Mano e o País conquistaram o Superclássico das Américas nos pênaltis diante da Argentina, em La Bombonera.
"Fui voto vencido", afirmou o cartola, responsável por ter dado o anúncio da demissão ao treinador. “Respeito, entendo os argumentos, mas é uma quebra de trabalho que não é o momento correto, mas voto vencido é voto vencido, não era o momento", completou.
Mano e Andrés trabalharam juntos no Corinthians de 2008 a 2010. O cartola sempre se disse favorável a manter o técnico, mas teria perdido a queda de braço em discussão com José Maria Marin, presidente da CBF, e Marco Polo del Nero, presidente da Federação Paulista, em reunião nesta tarde.
"Eu fui voto vencido. Não achei que deveria interromper o trabalho. Achava que não era o momento e assumi isso, até publicamente. Entretanto, respeito a hierarquia", afirmou o diretor, que segue como diretor de Seleções, apesar da derrota na queda de braço com o presidente.
“Não perdi a autonomia. Simplesmente sou um diretor de Seleções, e ele é meu presidente. Quem demite é o RH, eu só vim aqui para falar, foi isso. Por exemplo em casa, quem demite a empregada? O homem ou a mulher?”, ironizou um irritado Andrés Sanchez, que desvinculou a decisão em relação aos resultados da equipe nacional nos últimos anos.
“Relação era boa, com todo respeito, convivia mais comigo e os jogadores. Mano fez bom trabalho, teve dificuldades. Ele assumiu em um momento difícil, de uma geração perdida na Seleção. Contudo, respeito a metodologia que querem colocar. Os critérios são do presidente, a partir do ano que vem ele quer outros métodos. Ele tá na posição dele como presidente, está sendo ousado, está vendo futebol para frente, tenho que respeitar”, afirmou.
Mano Menezes permaneceu 18 meses no cargo de técnico da Seleção Brasileira. Durante este período, o treinador sofreu com críticas, especialmente depois da queda precoce nas quartas de final da Copa América, nos pênaltis, para o Paraguai. A prata na Olimpíada de Londres também foi alvo da insatisfação de torcedores e ex-atletas, especialmente Romário, que protagonizou uma pequena discussão com o agora ex-comandante da equipe.
“Acho que não foi por resultados negativos. Se fosse, seria no começo do ano. Ele entendeu que tem que mudar a maneira da Seleção a partir de janeiro. O mais importante é torcedor, a Seleção sempre precisou e sempre precisará dele”, discursou o treinador, antes de negar-se a anunciar possíveis candidatos ao cargo deixado por Mano.
“Ninguém está vetado na Seleção Brasileira. Se amanhã o novo treinador que ele quiser ser um antigo, pode voltar, não tem problema nenhum. Novo treinador será anunciado no começo de janeiro. Trabalharemos com seis ou sete nomes, e desses nomes será um”, anunciou Andrés Sanchez, derrotado por José Maria Marín na disputa pela manutenção de Mano Menezes.