O episódio da cópia de arquivos não autorizados de Londres por funcionários do Rio 2016 ficou para trás. Aos menos para Sebastian Coe, presidente do Comitê Organizador dos Jogos de Londres (Locog).
Nesta segunda-feira, ele garantiu que o relacionamento com os organizadores das Olimpíadas do Rio está intacto. Coe está no Brasil para o Debriefing, seminário de transferência de experiências, boas e ruins, e conhecimentos aos representantes do Rio, dos Jogos de Inverno de Sochi 2014 e Pyeong Chang 2018 e das cidades candidatas às Olimpíadas de 2020: Tóquio, Madri e Istambul.
- Não é algo que demos muita importância. A natureza do relacionamento entre as duas entidades sempre foi muito boa. Nunca antes dois países trabalharam tão juntos como nesse período. O Nuzman é um grande amigo, por isso não tem importância.
Depois do roubo dos arquivos, nove funcionários foram demitidos. Todos faziam programa de Secondment, e trabalharam como voluntários em Londres-2012.
Eleito recentemente presidente da Associação Olímpica Britânica, Coe participou também do início das atividades da Soccerex, no mesmo hotel, na Barra da Tijuca. Ele foi convidado para um bate-papo por ter sido o primeiro presidente do Comitê de Ética da Fifa e diretor-chefe do Comitê da candidatura da Inglaterra para a Copa do Mundo de 2018. Além da experiência no futebol, ele também falou sobre as lições que aprendeu durante as Olimpíadas no Reino Unido. Não especificou os problemas, mas garantiu que não mudaria nada do que foi feito.
- Só se chega à perfeição com um bom currículo. Levamos sete anos para organizar o evento e cada dia você vai fazendo coisas diferentes. Eu me lembro de um feriado em que fiquei até 5h da manhã conversando com atletas paralímpicos para saber de detalhes de competições e organizá-las da melhor maneira possível para que não houvesse acidentes. Mas nunca se acerta tudo. O que é necessário é ter um time forte para que os imprevistos sejam amenizados. É muito fácil para quem não entende a grandeza de um evento deste criticar. Mas não faríamos diferente. Tenho certeza que vocês olharão para trás e verão que tudo será maravilhoso. Em Londres tentamos trabalhar para que nada desse errado.
Se quiser ter o mesmo nível de sucesso da edição anterior, o Rio também terá de fazer um planejamento meticuloso. Coe diz que a entrega do evento testa a sociedade. Lembra também que o país não pode perder a oportunidade de aumentar o interesse das crianças pelo esporte. De acordo com uma pesquisa feita após os Jogos de Londres, cerca de 70% da população britânica viu de forma vantajosa a realização das Olimpíadas.
- Nós sempre tivemos essa imagem de não sermos tão amistosos, mas os voluntários mudaram isso. Além disso, 30% da população acha que os filhos estão mais voltados para o esporte após o evento. Vendemos 288 mil ingressos só para o handebol. As crianças estavam assistindo a um esporte novo para elas. Minha filha, por exemplo, conseguiu ingresso para o tiro com arco e desconfiou, mas chegou em casa elogiando muito o esporte. Nas Paralimpíadas, o modo com que as pessoas apoiaram os atletas foi inesquecível. O barulho nas arenas era mais alto do que nas competições olímpicas. Queríamos entregar os Jogos para que todos se sentissem parte dele. As pessoas têm que sentir que os Jogos foram feitos para elas. O Brasil tem que aproveitar isso e levar o esporte para as crianças. O Nuzman tem esse objetivo.
O desafio será ter a certeza do sucesso. O desafio é utilizar esse momento para que mais crianças estejam envolvidas com o esporte. É a chance de mudar a vida de muita gente. Além disso, o mundo estará voltado para o Brasil. O aeroporto nunca será testado como antes. Tudo precisa estar funcionando.
Mas o Brasil tem tudo para fazer grandes Jogos. É só sair do hotel e ver a paisagem natural que o Rio tem.
Sobre o fato de o Brasil receber nos próximos quatro anos a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, Sebastian Coe buscou o exemplo da Alemanha, que também foi sede dos dois eventos mais importantes do esporte mundial no mesmo intervalo.
- Se voltarmos ao ano de 1972 (Olimpíadas de Munique) e 1974 (Copa do Mundo), podemos perceber que é uma oportunidade que raramente é dada a um país. Nunca haverá uma exposição igual.