Presidente da União de Ciclismo Internacional (UCI), Pat McQuaid confirmou nesta segunda-feira que Lance Armstrong está banido do esporte pelo resto da vida e perdeu os sete títulos que havia conquistado da Volta da França, principal prova da modalidade no mundo, entre 1999 e 2005. Em entrevista concedida em Genebra, na Suíça, o dirigente anunciou que a entidade seguirá as recomendações da Usada (Agência Antidoping dos Estados Unidos).
"A UCI não apelará à Corte Arbitral (do Esporte) e reconhecerá as sanções que a Usada impôs", disse McQuaid, com referência a Armstrong. "A UCI apoiará o banimento e tirará dele os sete títulos da Volta da França".
A manifestação da UCI era esperada como uma resposta à Usada, que em 10 de outubro divulgou um dossiê de mais de mil páginas contendo o testemunho de 26 pessoas, incluindo 15 ciclistas ou ex-ciclistas, que forneceram material para o relatório que reconhece o doping da antiga equipe de Armstrong, a US Postal Service.
Onze 11 ex-companheiros de Armstrong no time, incluindo George Hincapie, Floyd Landis e Tyler Hamilton, forneceram evidências que levaram a agência a citar o "mais sofisticado, profissional e bem sucedido programa de doping que o esporte já viu". O órgão ordenou ainda a desconsideração dos resultados dos 14 anos de carreira de Armstrong.
"Quando assumi (como presidente) em 2005 fiz da luta contra o doping minha prioridade. Eu reconhecia que o ciclismo tinha a cultura do doping", prosseguiu McQuaid, que negou ter qualquer intenção de se demitir do cargo e afirmou que "Armstrong não tem lugar" no esporte. O dirigente, 63 anos, é natural de Dublin, na Irlanda, e competiu como ciclista entre 1966 e 1982.
Armstrong, 41 anos, deixou o ciclismo em 2005 e retornou à modalidade em 2009, despedindo-se novamente no início do ano passado. Ele sempre se definiu inocente e ressaltou que em toda a carreira nunca testou positivo em um exame antidoping, mas disse em 23 de agosto de 2012 que não iria mais se defender das acusações da Usada, considerando injusto o modo como a entidade dirigia o processo relacionado ao assunto.
Na semana passada, na esteira do dossiê divulgado pelo órgão, muitos patrocinadores como a empresa de material esportivo Nike, a fabricante de bicicletas Trek, a companhia cervejeira Anheuser-Busch InBev e a fabricante de óculos de sol Oakley anunciaram o fim da relação comercial com Armstrong. Todas, porém, mantiveram o apoio à Livestrong, fundação criada pelo ex-ciclista em 1997 que arrecadou aproximadamente US$ 500 milhões (cerca de R$ 1 bilhão) desde então para auxiliar pacientes com câncer.
Armstrong, que superou um câncer no testículo antes de se destacar no esporte, anunciou no último dia 17 que deixava a presidência da fundação após cinco anos. Na ocasião, informou que a decisão havia sido tomada para ajudar a limitar os danos causados pelas acusações de doping.