A Seleção Brasileira soube se aproveitar da fragilidade da China nesta segunda-feira. Em amistoso disputado no Estádio do Arruda, em Recife, a equipe nacional goleou por 8 a 0 a seleção asiática, que é a 78ª colocada no ranking da Fifa (Federação Internacional de Futebol). Se não serviu como teste real, a partida pelo menos empolgou os 29.653 pernambucanos presentes e quebrou um recorde: foi a maior goleada da equipe sob o comando de Mano Menezes, marca que antes era da vitória por 4 a 1 sobre os Estados Unidos.
Disposta a afastar o ambiente de críticas criado pela vitória magra contra a África do Sul, em São Paulo, a Seleção Brasileira teve uma atitude que chamou atenção antes de a bola rolar: os jogadores cantaram o hino nacional abraçados, possivelmente para demonstrar união diante do momento de crise. Atitude esta que lembrou outro momento da Seleção: em 1993, quando a equipe tinha dificuldades nas Eliminatórias, enfrentou a Bolívia exatamente em Recife e entrou de mãos dadas. Naquela oportunidade a vitória também foi de goleada, por 6 a 0, e marcou a mudança de rumo no trabalho que culminou com o tetracampeonato.
O Brasil chegou à terceira vitória consecutiva, é verdade, mas ainda pesam sobre o trabalho de Mano a decepção pela medalha de prata olímpica, o fracasso na Copa América e as derrotas para os grandes do futebol Argentina, França e Alemanha. Por isso, sem ter espaço para novos tropeços, Mano tem mais três jogos com a Seleção principal. Um contra o Japão, na Polônia, no dia 16 de agosto, e mais dois sem adversário definido. Antes, apenas com jogadores locais, o Brasil enfrenta a Argentina pelo Superclássico das Américas nos dia 19 de setembro, em Goiânia, e 3 de outubro, em Resistencia.
Quando a bola rolou nesta segunda, logo o Brasil viu que tinha um adversário frágil pela frente. Se Mano Menezes queria dar mais movimentação ao time com a entrada de Hulk, então certamente ficou feliz com a primeira chance criada pelo Brasil, já aos 6min. Afinal, Hulk saiu da área, fez um bom passe para Oscar, que se infiltrou e conseguiu cruzar na cabeça de Neymar. Mas o atacante do Santos não acertou a bola em cheio e jogou para fora.
E de fato o Brasil estava diferente em comparação com o duelo contra a África do Sul: Hulk ficou mais pela direita, Lucas foi para a esquerda, enquanto Neymar jogou na área durante a maior parte do tempo. Tudo isso para fugir da retranca da China, que pouco jogou - a posse de bola chegou a ser de 80% para o Brasil.
O Brasil até começou com dificuldades para entrar na área, mas aos 22min a China não resistiu: Ramires tabelou com Lucas, disparou em velocidade e tocou por cobertura para superar o goleiro. E não demorou para que a vantagem brasileira aumentasse: aos 25min, Oscar foi lançado na área e tocou para Neymar, que estava sozinho e só empurrou a bola para o gol. Nas duas comemorações todos os dez jogadores de linha se abraçaram, o que pode ser mais uma demonstração de união, após duras críticas recebidas em São Paulo.
A festa poderia ter aumentado aos 32min, mas Oscar errou de maneira inacreditável: após drible de Neymar na esquerda, o meia do Chelsea recebeu a bola embaixo do gol, sem nenhuma marcação, mas conseguiu chutar a bola no travessão. Neymar ainda fez outro belo lance aos 40min, quando driblou o mesmo chinês duas vezes e chutou pro gol, mas a bola foi afastada quase em cima da linha.
Aos 3min da segunda etapa o Brasil já continuou seu massacre: Hulk entrou na diagonal pela direita e encontrou Lucas sozinho, que só tocou na saída do goleiro. Apenas três minutos depois, Neymar chutou de longe na travessão, mas o rebote ficou com Hulk, que teve mais sorte e acertou seu chute rasteiro no fundo do gol.
Aos 8min, o Brasil chegou ao seu terceiro gol em apenas cinco minutos: Marcelo avançou pela esquerda até a linha de fundo e tocou rasteiro para Neymar, que estava sozinho na pequena área e fez mais um. O gol seguinte foi praticamente um replay, mas do outro lado: Oscar foi quem tocou para Neymar, que estava livre de novo e marcou mais uma vez. Não perca a contagem: nesse momento o Brasil já vencia por 6 a 0.
Mas a China ainda conseguiu uma improvável chance de gol: pouco exigido, o goleiro Diego Alves teve que se esticar para fazer difícil defesa aos 35min, após cabeceio em cobrança de escanteio. Mas tudo voltou ao normal na sequência: o chinês Jianye Lin tentou cortar um passe na área e acabou marcando contra, deixando ainda mais fácil uma vitória que era nada difícil para o Brasil.
Tanto que o placar ainda foi aumentado aos 28min, quando o juiz viu pênalti em Marcelo. Oscar foi para a cobrança e fez o oitavo gol do Brasil. Mano abusou das substituições na sequência e, com um time totalmente modificado, a Seleção quis apenas administrar a vitória até o final. Ainda houve um inesperado susto, com o chute cruzado de Yuan aos 44min, mas o gol de honra da China não saiu.
Ficha técnica
BRASIL 8 x 0 CHINA