Emerson Leão chegou de manhã para trabalhar no CT da Barra Funda. Com cinco minutos em campo, um funcionário lhe avisou que Juvenal Juvêncio o chamava em sua sala. A conversa foi curta: o técnico, que tinha contrato até o fim do ano sem multa rescisória, não trabalha mais no São Paulo. E coube ao próprio treinador anunciar a decisão nesta terça-feira.
"Não tivemos um minuto de conversa. Acho que foram 30 segundos", disse Leão, extremamente tranquilo durante os 18 minutos em que conversou com a imprensa. O ex-goleiro relatou com detalhes o bate-papo que pôs fim à sua segunda passagem no clube.
"Um funcionário disse que o Juvenal me chamava para a sala dele. Ele me disse: 'vamos encerrar o contrato'. Respondi: 'muito obrigado, não adianta dialogarmos mais. Sou um técnico experiente e culto e o senhor também é um dirigente experiente e culto. Só preciso falar da parte burocrática, e isso não é com um presidente. Até logo'", contou.
A demissão ocorre após seguidas divergências com a diretoria acentuadas há dois meses, desde o afastamento de Paulo Miranda e que culminou com o silêncio de dirigentes desde a derrota de sábado para a Portuguesa, na partida seguinte à eliminação na Copa do Brasil. Sair do clube não surpreendeu Leão.
"Não foi surpresa porque os técnicos últimos que trabalharam aqui saíram antes. Estou completando oito meses. Para quem entrou para dois, é uma performance relativamente boa. Não existe nada que impeça o que está acontecendo agora", disse o treinador, bastante calmo.
"Estou saindo bem, sereno, consciente da realidade que estive em oito meses. Não estou muito preocupado nem decepcionado. O futebol permite isso. Agora espero que dê certo com outra comissão de frente", falou o, agora, ex-técnico do São Paulo.
Leão ainda afirmou que saiu satisfeito com seu trabalho no São Paulo, mas lamentou as eliminações na Copa do Brasil e do Paulista. "Sinceramente eu achei que tínhamos condições de ganhar o Paulista e também o Brasileiro. Isso não ocorreu por um fatalidade ou por pouca coisa. E acredito quando é por pouca coisa dá para corrigir, como eu ainda acho que daria".
"O time está relativamente bem classificado no Brasileiro e isso me deixa satisfeito. Tivemos 'N' problemas de contusões e decisões, isso é o que ocorreu. Pressões são pressões, mas sempre que eu saio de uma equipe eu deixo de falar dessa equipe. Quando você está na frente você tem autoridade para falar, mas quando não está você não deve tripudiar. Em todos os meus quase 49 anos de esporte eu sempre fui muito bem recebido em todas equipes que passei e aqui não foi diferente", concluiu o ex-treinador são-paulino.