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Felipe fez o primeiro gol do Vasco
Foto: Felipe Oliveira
‘Ô ô ô, queremos jogador!' - berrou indignada a torcida do Bahia desde a metade do segundo tempo, cerca de 18 mil pessoas nas arquibancadas de Pituaçu, com boa presença da torcida vascaína, na derrota por 2 x 1. É a primeira derrota do tricolor dentro de casa, o quarto do jogo do time no certame e nenhum jogo ganho ainda. Pior: com essa derrota, o time entrou pela primeira vez na zona do terror, a do rebaixamento, entre os quatro últimos colocados.
O Vasco ganhou porque tem um time de melhor qualidade, técnica e físicamente superiores, jogadores decisivos e mais experimentados, mais conjunto e bem mais arrumado taticamente em campo. A tabela mostra a diferença dos dois; enquanto o Bahia está lá na rabada da tabela de classificação, o Vasco é líder e invicto. Só.
O jogo
Foi um começo equilibrado, mas logo aos 7 minutos, após uma falta cometida por Titi na entrada da área, o veteraníssimo Juninho Pernambucano executou com classe, no ângulo, sem defesa, deixando Lomba de joelhos, só olhando. O tricolor tentou descontar, foi pra cima explorando a velocidade de Gabriel, mas sem conseguir finalizar.
O meio campo sem trocar passes, errando na saída de bola, correndo à toa. O time carioca encolheu-se e nos contragolpes foi mais efetivo: aos 21', Alecssandro testou na trave; aos 22' Felipe Bastos chutou forte de fora para boa defesa de Lomba.
O Bahia chegou bem aos 30', em duas boas tentativas de Lulinha que parou no goleiro Prass e, no rebote, bateu para fora. Aos 31 minutos, a mais bonita jogada da partida: Diego Souza tabelou com Alecssandro, levou Fabinho no corpo, entrou na área, deixou Titi na saudade e deu um lençol de classe no goleiro Lomba, fazendo 2 x 0. Golaço ! Os atletas tricolores sentiram o golpe, perderam-se em campo. Aos 36 minutos o meia Felipe Bastos quase amplia, Lomba salvou. O tricolor bem que tentou , foi para frente... mas cadê qualidade? A equipe carioca mostrou mais vivência, malandragem e mais explosão física, ganhando as divididas no meio campo.
Na descida para o vestiário Titi cuspia marimbondos, pedindo atitude, vontade e vergonha aos companheiros. Tudo bem, ele é o capitão, deve cobrar, mas no gol de Diego ... ele foi driblado com facilidade. Então, para segunda etapa, a equipe baiana já voltou com outra postura; o treinador Falcão tirou Lulinha e Diego e colocou Júnior e Magno.
O time melhorou, teve o domínio, pressionou todo tempo, mas ... a questão não é falta de garra, tampouco de postura tática e não é só responsabilidade de Falcão: falta ao Bahia qualidade, jogadores de melhor nível: Fabinho não pode ser lateral direito (improvisado há vários jogos em função das lesões de Coelho e Madson), Ávine voltou de lesões totalmente fora de ritmo; faltam jogadores de meio campo que ponham a bola no chão, virem o jogo, tenham domínio do espaço, chutem de fora... e atacantes ! Lulinha tem sido omisso, Jones e Diego não convencem.
Quem chuta?
No tempo final só deu Bahia na frente, buscando o gol. Aos 3 minutos Gabriel tentou; aos 7' Júnior fez bela jogada, arrematou, Prass defendeu, Gabriel pegou a sobra e bateu, mas Prass novamente salvou. Aos 13, Tite lançou Júnior e o centroavante bateu, mas Prass pegou. Aos 14, Fahel tentou de cabeça, deu Prass. Aos 16', falta na entrada da área vascaína, mas cadê o batedor ? Gabriel tentou, para fora. Aos 19' Diones tentou de fora, Prass pegou. O tricolor criou chances de gol ainda aos 23, aos 30, aos 32 , aos 34, 37, 40 e 42 minutos , mas as chances foram perdidas. Faltou competência. O gol saiu aos 49', pelos pés do valente Júnior, na raça. Foi muito pouco. Não faltou luta, faltou qualidade individual para decidir.
Destaques: No time vencedor, o goleiro Prass mostrou que é um dos melhores do país, fez ótimas defesas no segundo tempo; os veteranos Felipe e Juninho esbanjaram classe e fazem diferença; Diego Souza é forte, perigoso,técnico e fez um golaço! O meia Felipe Bastos e o veloz Eder Luiz também jogaram muito.
No Bahia, Diones e Fahel pela luta; Gabriel e os dois que entraram na segunda etapa: Magno e Júnior , buscaram o jogo e tentaram virar o placar, mesmo sem empolgar ou convencer o torcedor .
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O Bahia agora enfrenta o Sport do Recife, domingo, em Pituaçu.
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Jogão de bola, daqueles que dá prazer de se ver, foi o clássico Espanha 1 x 1 Itália, os dois últimos campeões mundiais, pela Eurocopa. Dois estilos, uma partida jogada com estratégias, inteligência. A Itália mais defensiva, a Espanha envolvente. E como é bonito, simples e eficiente o futebol do meiocampista Xavi, uma aula de domínio, de passe, de visão de campo. Do outro lado, Pirlo, veterano e bom de bola.
Vendo os jogos lá e cá, mesmo avaliando a seleção brasileira, faço duas considerações:
A primeira é de que o jogador brasileiro precisa reaprender a jogar em pé, a disputar o corpo a corpo plantado, sem cair sempre, buscando faltas a qualquer choque com o adversário. Não é uma questão de tamanho, de músculos. Messi é baixinho e fica em pé, como Romário, Osni ... É uma questão de postura.
A segunda é com a torcida: lá fora o torcedor vibra, louva seu time, incentiva até o fim. Aqui a postura do torcedor, de um modo geral, é agressiva, de vaia, de cobrança apenas. Acho que a mídia esportiva tupiniquim tem uma boa parcela de culpa nisso aí, vive querendo derrubar treinadores e jogadores.
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