O assunto da semana foi a seleção brasileira de Mano Menezes que fez três amistosos (um na Europa e dois nos EUA), ganhou dois, foi elogiadíssima, todos achando que enfim tínhamos achado time e um jeito inteligente e interessante de jogar, mas..., no domingo, o mesmo time tomou 2 x 0 do México (pela tevê) e a moçada, de pronto, caiu em cima, matando: - Ah, com esse time não vamos a lugar nenhum e fora Mano Menezes ! Do céu ao inferno em poucos dias; assim é o mundo do futebol. Só os resultados importam.
O jogo contra o México aconteceu em Dallas, num estádio moderno, todo fechado, gramado colocado dois dias antes da partida. O Brasil vinha há 10 jogos sem perder, tinha vencido bem a boa seleção da Dinamarca, com o fortão Hulk (fez dois belos gols) , o meia Oscar, o lateral Marcelo e Neymar jogando muito bem. Na quarta, já nos EUA, o escrete verde-amarelo encarou os donos da casa e enfiou uma goleada (4 x 1 ), mostrando um futebol objetivo, marcando na frente, roubando bolas no ataque, tocando rápido, sufocando, goleando.
A mídia nacional, internacional elogiou o futebol moderno da equipe, o esquema de jogo, o posicionamento e o ritmo. Só elogios a Mano pela escalação da molecada, visando já às Olimpíadas de Londres, beleza! De repente ... eis que aparece o médio time do México pela frente, uma equipe brigona apenas, que marca, disputa, ocupa bem os espaços mas que tem poucos e limitados talentos.
O time de Mano levou dois gols bestas e mostrou grandes limitações na defesa, com erros bisonhos, uma saída de bola lenta, muito individualismo no ataque, pouca criatividade e dificuldade de finalização. Não jogou nada e nem conseguiu fazer um golzinho sequer. Então, com o mau resultado, parece que tudo virou pelo avesso, tudo está errado, esse Neymar só joga contra marcação frouxa e Mano Menezes não entende nada de bola. Será isso?
O jogo
Mano escalou o mesmo time que ‘ arrebentou' contra Dinamarca e EUA. Até os 20 minutos de jogo, o Brasil teve a bola, dominou o meio campo, mas em nenhum instante conseguiu penetrar, não fez um só arremate a gol, os mexicanos fechadinhos, marcando duro. Num contragolpe, a pelota foi alongada, virada da direita para esquerda e o baixinho Geovane (filho de brasileiros) foi ao fundo, aproveitou-se da marcação folgada de Danilo e cruzou: a bola pegou efeito e entrou no ângulo oposto, enganando o goleiro Rafael - 1 x 0. Era o primeiro lance ofensivo do México, gol de pura sorte, mas... golaço!
Aos 32', o meiocampista Sandro vacilou com a bola dominada, na ala esquerda, tocou no sufoco para trás, o zagueiro Juan, lento, chegou atrasado e chocou-se com o avante mexicano na área; o árbitro marcou pênalti, que o astro Chicharito converteu: 2 x 0. Aos 42 minutos, Oscar deu o primeiro chute em gol do escrete brasileiro, de fora da área, para defesa do bom goleiro Corona. E só. O time de Mano foi previsível, preso na marcação em cima, sem troca de posições, nenhuma mobilidade sem bola, buscando sempre a jogada individual, sem êxito.
Na segunda etapa, Mano entrou com Lucas e Pato em lugar de Damião e Sandro, buscando o ataque, mas o México voltou também mais à frente, explorando o lado direto da defesa brasileira, onde Danilo não viu bola. O jogo ficou mais aberto, Corona mostrou qualidade, com boas defesas, Rafael também precisou trabalhar, Pato perdeu um gol incrível, furando ao tentar completar um cruzamento rasteiro, de dentro da pequena área; Neymar tentou, trombou, caiu muito e trocou empurrões e palavrões com os mexicanos mas nada conseguiu, e os mexicanos administraram bem o tempo até o final.
Destaques
O goleiro Corona, o eficiente sistema de marcação mexicano, com saída em velocidade nos contragolpes; nada demais. No time de Mano Menezes, um sistema rígido de jogo, previsível e marcável. Danilo é fraco na lateral direita, Juan pareceu lento, pesado; a saída de jogo com Rômulo e Sandro sem lucidez; Oscar sumido, diante da marcação estreita; Hulk preso na direita, trombou mas nada conseguiu, mostrando suas limitações técnicas; Damião solitário entre os zagueiros e Neymar infeliz em todas as tentativas individuais. Mano parece que engessou o time, sem mobilidade alguma quando tem a bola, e não tem imaginação para mexer na forma de jogar do time.
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No fim de semana, lá mesmo, em gramados dos EUA (New Jersey) o Brasil de Mano enfrenta a Argentina de Messi, em jogo amistoso. Os hermanos no sábado golearam o Equador (4 x 0) pelas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2012, com uma bela exibição de Messi e de toda a equipe. É guerra o clássico sulamericano, em quaisquer circunstâncias, mais um bom teste para o time de Mano. Sem Tiago Silva (que saiu machucado) e com Juan, pesadinho, na zaga ... sei não, vai ser uma festa para Messi ... ou não. Quem pode vaticinar nesse mundo da bola? É jogo pra Neymar mostrar futebol, fazer uma gracinha diante de Messi, ou vai ficar a dúvida: será que esse Neymar só joga no Santos e em casa?
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Série B
Na sábado, num Barradão com muita arquibancada vazia, o Vitória goleou o Ipatinga (4 x 0), fazendo uma boa partida e levantando o astral de sua torcida, que andava cabreira depois da derrota no meio da semana para o Criciúma (2 x 1 ), em Santa Catarina, num jogo bem jogado e disputadíssimo. Para muitos dos que viram os dois jogos, o rubro-negro atuou melhor contra o Criciúma, um bom time, do que contra o Ipatinga, que é fracote, a despeito dos resultados.
No Barradão, em 8 minutos, com a moleza que deu a defesa do Itapinga, o jogo já estava 2 x 0. O primeiro gol aconteceu aos 4', após boa trama pelo lado esquerdo: Eduardo Ramos cruzou no chão, Marquinhos se antecipou à zaga e completou para as redes, abrindo o placar - 1 x 0. Aos oito, o zagueiro mineiro se distraiu com a bola dominada, Tartá roubou, arrancou em velocidade e finalizou sem apelação : 2 x 0. Ainda na primeira etapa o Vitória teve chances de ampliar o marcador e o Ipatinga pouco ameaçou.
Na segunda etapa, o time mineiro até que tentou, mas cadê competência? Aos 4 minutos, Eduardo Ramos enfiou um belo passe, a bola pinicou na entrada da área e Neto Baiano, solto, enfiou a canhota, um foguete, fazendo 3 x 0. Aos 34 ‘, Dinei (que tinha entrado em lugar de Neto Baiano) pegou um balaço rasteiro, da entrada da área e fechou o caixão: 4 x 0.
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Destaque para o bom toque de bola rubronegro, com um novo meio campo: Mancha, Michel, Eduardo Ramos e Tartá, donos da bola e do jogo. A equipe, sob a batuta de Carpeggiani, já não alça tantas bolas na área adversária, trabalha melhor as jogadas, com objetividade.
Vamos ver se o novo esquema funciona na próxima ter-feira à noite, quando o Vitória enfrenta o América de Natal, lá no Rio Grande do Norte. O time potiguar tem se mostrado uma das melhores, das mais eficientes equipes da Série B, nessa arrancada inicial da competição. E lá em Natal é duro vencer. Um bom desafio para o time baiano. O líder da segundona é o América de Minas, que ganhou todas.
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E o Bahêa ?
Parado pra descanso e treinamento durante cerca de 10 dias, o Bahia volta a campo pela Série A na quarta-feira à noite, em Minas Gerais, enfrentando o Atlético Mineiro, campeão estadual. A semana tricolor foi de agito fora de campo, com a saída do becão Rafael Donato, a possível renovação de contrato do goleirão Lomba, um ídolo da torcida, e as contratações de alguns desconhecidos: o zagueiro Lucas e o meiocampista Val, chegados do interior paulista; e mais o atacante velocista Elias, que veio do Rio. Reforços ? Tomara.
A torcida anseia pela volta, já, dos laterais Coelho e Ávine; Danny Moraes será o substituto de Donato. No mais, os atacantes tricolores precisam chutar mais no gol adversário. Sò faz gol quem chuta, óbvio. O jogo em Minas vai ser difícil, mas é hora de ganhar uma, a primeira... pra levantar o moral da equipe e da galera tricolor, que anda de orelha em pé, preocupada.
Domingo tem Bahia X Vasco, em Pituaçu.