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Borges perdeu dois gols de cara e o Bahia quase leva a pior
Foto: Romildo de Jesus/AE
Sob um pé d'água inclemente, começo de noite de domingo,no bom gramado sem poças mas encharcado de Pituaçu, cerca de 10 mil destemidos torcedores viram o Bahia, campeão baiano, estrear na primeira divisão do Brasileirão empatando sem gols com o time B do Santos, num jogo equilibrado: o time paulista chegou mais na primeira etapa, mas o tricolor foi melhor na segunda etapa, boa de se ver.
O torcedor, molhado, não curtiu o resultado, queria os três pontos e saiu bradando, pedindo reforços. Mas devia também agradecer aos céus o resultado, já que nos últimos minutos, nos contragolpes e com erros infantis de passes na saída de bola da defesa tricolor, Borges achou duas boas chances em velocidade, de frente ... e perdeu.
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Foi um jogo bem marcado mas os dois times buscaram o gol, desde o início. O Santos insistiu nas bolas levantadas na área tricolor e quase faz, por duas vezes: Aos 11 minutos, o zagueiro Davi Braz escorou um escanteio de cabeça e acertou a trave, com Lomba vendido; aos 12', Bruno Rodrigo testou outra raspando o poste. Aos 15', Lulinha foi derrubado em cima da linha da grande área, Jerley chutou forte, Aranha bateu roupa e na sobra ninguém apareceu para finalizar.
(Cadê o batedor de falta oficial do time? Tem?) Aos 29', Fabinho cruzou rasteiro, a zaga santista se enrolou, a pelota ficou procurando alguém ( ‘me chuta !'), mas ninguém finalizou. Duas bolas da direita cruzaram rasteiro toda a defensiva tricolor, a zaga espiando, mas o ataque santista não chegou. Ciro, aos 40', ganhou do zagueiro e entrou de cara... o bandeira acenou e o árbitro marcou falta do atacante, que ninguém viu.
A segunda etapa foi mais aberta, mais franca, lá e cá, mais bem jogada, em velocidade. O time baiano atacou mais, jogou muito mais perto da área santista, e o time praieiro apostou no contragolpe. Logo aos 3' Moraes sentiu a coxa e cedeu lugar a Magno, mais lépido. Aos 7', o goleiro Aranha espalmou cruzamento perigoso de Fabinho; aos 8', Lulinha pegou um belo voleio da entrada da área, para boa defesa de Aranha; aos 9' Ciro fez sua melhor jogada, recebendo de Fahel e chutando forte, rasteiro para mais outra defesa do goleirão. Aos 17', Lulinha cansou e Zé Roberto entrou no jogo, mostrando-se mais uma vez fora de ritmo. Aos 19', Gabriel cruzou e Donato testou forte, por cima.
Júnior, que entrou no lugar de Ciro aos 24', chegou atrasado num cruzamento rasteiro e dois minutos depois tentou definir com um belo voleio, de primeira, um bom passe de Magno, mas tocou por cima, errou por pouco.
Aos 31', Magno entrou driblando pela esquerda e bateu forte, Aranha defendeu. Aos 32' o goleirão tirou de tapa a bola na cabeça de Júnior, na pequena área. Só o Bahia atacava, todo à frente. Aos 40', a zaga tricolor vacilou e Borges disparou do meio campo em velocidade, mas errou a finalização. O Bahia em cima, tentando o gol. Aos 45, dois erros de passe e de domínio de bola no meio campo e o Santos armou outra investida com Borges, de frente pro gol, mas, acossado, ele perdeu.
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Destaques : No Bahia, os mesmos erros: a zaga insegura, falhando nas bolas altas e errando nas saídas de bola. Insisto: Donato e Titi não casam. Fabinho marca bem pela lateral, mas não tem bom passe. Jerley , pela esquerda, é a mesma coisa. Helder foi o melhor no meio; Lulinha tentou, fez algumas jogadas de efeito mas não finalizou bem. Gabriel bem marcado. Moraes, Zé Roberto e Ciro continuam devendo boas atuações ao torcedor.
O Santos, mesmo com o time B, mostrou conjunto, é um time bem treinado por Muricy. Quem faz a diferença, por serem jogadores muito acima da média, é Ganso e Neymar - que não vieram com a equipe, poupados para o jogo do meio de semana contra o Velez da Argentina, na Vila Belmiro.
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O tricolor baiano viaja na terça para o Rio Grande do Sul e joga na noite de quinta, em Porto Alegre, contra o Grêmio, decidindo vaga pela Copa do Brasil. Tem de vencer, lá no Olímpico, pela diferença de dois gols. Será que consegue ? Acho muito difícil.
De lá, a equipe de Falcão vai direto para a capital paulista onde enfrenta o São Paulo, no domingo. São muitos jogos seguidos, difíceis. A meninada está amadurecendo ‘na tora!', a tabela é cruel, desumana. Aguenta? O time paulistano estreou no Brasileirão perdendo de virada para o Botafogo, no Rio, por 4 x 2.
O tricolor gaúcho, Grêmio, também começou o Brasileirão perdendo (2 x 1 ) para o Vasco, em São Januário.
O Corínthians, em casa, diante de sua fanática torcida, levou 1 x 0 do time mesclado do Fluminense do Rio ( o Flu também poupou jogadores em função da Copa Libertadores de América)
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Segundona
A maratona rubro-negra começou sábado, com um bom resultado ( 1 x 0 ) sobre o Grêmio Barueri, no interior de São Paulo. Não que o Vitória tenha feito uma boa partida, longe disso, mas numa competição brigada, longa e difícil como a Série B, onde só os quatro primeiros conseguem o objetivo de passar no ano seguinte para a Série A, o resultado é o que conta. A torcida pode comemorar.
Com Carpegiani ( o novo treinador contratado ) no alto e o interino caseiro Ricardo na beira do campo, o rubronegro fez uma primeira etapa morna no bom gramado da Arena Barueri, um joguinho disputado no meio campo com pouquíssimas chances de gol. Na segunda etapa o time baiano melhorou, foi mais pra cima e teve uma maior posse de bola, mas criou pouco.
O empate sem gols parecia escrito, quando o Ricardo Silva (ou Carpegiani?) lançou mão de um velho truque: mandou entrar em campo o velocista Rildo, aquele que se especializou no ‘baianão' em cavar faltas e pênaltis, para o engrandecimento do artilheiro Neto Baiano.
Pois não é que deu certo? Por volta dos 40' RIldo fez o que sabe, arrancou em velocidade, jogou a bola na frente e deu o corpo para o choque com o zagueiro, projetando-se espalhafatosamente no gramado, dentro da área. O árbitro Émerson Ferreira ‘comeu' a dele e marcou a penalidade máxima, para Neto, agradecido, fazer 1 x 0, garantir os três pontos ganhos na estréia do time e ampliar sua marca de goleador do ano. A moçada do Barueri chiou também da arbitragem por causa de um gol anulado: o bandeira viu impedimento. Mas... as arbitragens de Série B são também de segunda. O Vitória que se cuide.
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Destaque para a boa zaga com Vitor Ramos e Rodrigo, o marcador Uélliton e os meias Tartá e Marquinhos.
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O rubro-negro baiano joga no meio da semana (quarta-feira) no Paraná contra o Coritiba, pela Copa do Brasil. Precisa vencer o jogo no Couto Pereira, uma parada indigesta... mas não impossível. Pela Série B, o próximo jogo do Vitória é na terça-feira, 28, contra o Criciúma, em Santa Catarina.
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Nessa primeira rodada , além do Vitória, começaram muito bem o América de Natal, que enfiou 5 x 2 no Goiás; o Bragantino venceu o CRB, em Alagoas ( 2 x 0), o América de Minas (do bom goleiro Neneca e do meia Rodriguinho) que venceu o Ceará em Fortaleza ( 2 x 1 ); o Atlético do Paraná que detonou o Joinvile, fora de casa (4 x 1 ); e o Criciúma, que goleou pelo placar de 4 x 1 o Guaratinguetá. Favoritos ?
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Hino Nacional
É patética a tal ‘obrigatoriedade' da execução do Hino Nacional Brasileiro antes dos jogos de campeonato brasileiro, séries A e B, estaduais, municipais, qualquer pelada de subúrbio... tocadas por bandinhas ‘chupa catarro' ou ouvidas em caixas de som esganiçadas. No estádio Presidente Vargas, abertura da segundona, a torcida do Ceará ‘nem tchum' parta a execução do Hino - enquanto a bandinha compenetrada soprava os acordes, jogadores e árbitros perfilados com aquelas caras abestadas, balbuciando alguma coisa... na arquibancada ecoavam os gritos de guerra com coreografias da torcida do ‘vôzão' bi-campeão cearense. Tamanho fervor patriótico assim, nem nos tempos da chamada ‘gloriosa' dos milicos. No embalo, daqui a pouco veremos a execução obrigatória e solene do Hino Nacional em festinha de aniversário de condomínio, feito o ‘parabéns pra você!'. Símbolo pátrio?
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Chelsea, o melhor?
O time inglês sagrou-se campeão da Copa dos Campeões, título e troféu mais cobiçados pelos grande times europeus, vencendo o Bayern de Munique dentro dos domínios dos alemães. Um grande conquista do Chelsea, título inédito para os londrinos. O Chelsea do capitão Terry e do meia brasileiro Ramires (que não jogaram a final e fizeram falta) venceu a final nas penalidades máximas ( empatou o jogo por 1 x 1 no tempo normal, foi para a prorrogação) jogando da mesma forma como venceu o todo-poderoso Barcelona: fechadinho atrás, na retranca, marcando o campo inteiro e explorando os contragolpes com o africano Drogba apenas na frente.
Nos três fogos finais o Chelsea não foi superior em campo, não teve o domínio do jogo nem maior posse de bola. Mas arrancou o título com dedicação, muita garra e atuações inesquecíveis do goleiro Cech (aquele que joga com uma espécie de máscara protetora, Tcheco) e do avante Drogba (35 anos, nascido na Costa do Marfim). Cech pegou um pênalti batido por Robben na primeira etapa da prorrogação e defendeu dois outras duas outras cobranças na disputa final - foi em todas, sempre acertando o canto. Drogba, além de ter acertado a sua penalidade, a última e decisiva, foi o autor do gol de empate aos 43 minutos da etapa final do jogo, numa cabeçada fantástica, forte e certeira, escorando um escanteio, quando as arquibancadas já comemoravam o título dos alemães, em vermelho.
Cech e Drogba foram os grandes heróis do título. E a velha lição do futebol: Nem sempre quem joga melhor, nem sempre quem tem o domínio da partida vence. O jogo de bola tem segredos, tem encantamentos ... daí vem o seu fascínio.