Esporte

BAVI: TITULO PARA SER JOGADO COM ALMA E CORAÇÃO, POR ZÉDEJESUSBARRÊTO

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| 04/05/2012 às 12:21
BAVI fecha campeonato com final em Pituaçu, dia 13 de maio, dedicado as mães
Foto: Sempre Bahia
Tá chegando a hora do ‘pega pra capá'! Vitória e Bahia começam a decidir o título de Campeão Baiano 2012 no domingo à tarde, no Barradão, num confronto de dois jogos.
O segundo, com a entrega da taça, será em Pituaçu, no domingo - 13 de maio, dia em que se comemora a assinatura da Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel, a abolição oficial da escravatura no Brasil; e dia que é também aniversário de fundação do E.C. Vitória, o decano do futebol baiano, o rubro-negro que entrará em campo com mais essa motivação extra.

A motivação do tricolor são os mais de 10 anos sem o título baiano, logo ele, o time que ‘nasceu para vencer', o que maior conquistou títulos no estado, chamado ‘campeão dos campeões', que anda vivendo o maior tempo de ‘vacas magras' de sua história. Este ano o Bahia leva vantagens para as finais, como o mando de campo no jogo decisivo, em Pituaçu, e a condição de duelar com o rival podendo levar o título com dois empates ou até dois resultados iguais nas duas partidas.

Um vantagem, diga-se, que se apresenta como uma moeda de duas faces: ajuda, mas engana. A vantagem às vezes acomoda a equipe, faz com que ela se defenda mais, segure o marcador que lhe é favorável; e, por outro lado, estimula o adversário que precisa vencer a todo custo, tende a atuar com mais garra, mais vontade. Futebol é assim.

Ensinamentos:
Nesse momento, é bom lembrar alguns mestres da bola, como Evaristo de Macêdo, que dizia: ‘Meu filho, quem tem medo de perder não ganha!'. Ou o grande Tostão, que sempre repete: ‘Futebol se joga com técnica, habilidade, inteligência, força física... mas sobretudo com alma, coração, emoção'.

O equilíbrio emocional , a chamada ‘cabeça boa' é fundamental numa decisão como essa, casa cheia, nervos expostos, uma história de rivalidade, uma página a ser escrita naquele instante.

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As equipes

A despeito de o Bahia estar hoje num patamar acima, teoricamente - é um time de primeira divisão, fez um campeonato baiano melhor, é o líder disparado em pontos corridos - entendo que Ba Vi é clássico, o maior do Nordeste, a rivalidade é grande e em campo, como a gente verá, é pau a pau. Imprevisível. Às vezes, e quase sempre, são jogos decididos em detalhes, como erros individuais, falha de arbitragem, uma infelicidade, um frango, uma desatenção, um desvio ...

Acho a equipe do Vitória mais jogada, mais manhosa, composta por atletas mais vividos, mais rodados, mais experientes, como o zagueiro Rodrigo, o lateral Saci, o guerreiro Uéliton, os meio-campistas Michel e Pedro Ken, o veteraníssimo armador Geovane, o malandro artilheiro Neto Baiano, o maior goleador da temporada no país inteiro. São jogadores mais acostumados com decisões, chegam junto, influenciam a arbitragem, cavam faltas, catimbam, enervam o adversário. Sabem mais tirar proveito das situações do jogo, em campo. Vimos isso no jogo de meio de semana, contra o Botafogo do Rio, pela Copa do Brasil, mesmo que o resultado de empate ( 1 x 1 ) não tenha sido dos melhores. Mas o time jogou bem, encarou, foi pra cima, até mereceu uma melhor sorte. Vejo um Vitória competitivo.

A equipe tricolor tem um treinador mais qualificado (em tese), o ex-craque internacional Falcão, tem um jeito de jogar que parece mais moderno, mais bonito, de toques e de triangulações ... Não é à toa que o tricolor tem o melhor ataque do país, é o time que mais fez gols este ano. Mas é uma equipe em amadurecimento ainda, ‘precisa encorpar mais', como bem disse Falcão numa entrevista. É uma equipe com atletas mais jovens ; a defesa tem uma média de 21/22 anos, apenas. Há indefinições (por conta de lesões) nas laterais, no meio campo. No entanto, possui bons e talentosos jogadores, que podem decidir numa jogada individual; o garoto Gabriel (cria da cidade baixa, do campinho do lasca) é a maior esperança.

Mais e menos:

Os pontos fortes do Vitória são a velocidade pelas laterais do campo, o trabalho de marcação de Uéliton e Michel, a boa evolução e troca de posições dos meias Geovane e Pedro Ken, e as bolas alçadas na área para o ótimo cabeceio, a definição de Neto Baiano, que costuma ganhar dos zagueiros usando com esperteza o corpo para chegar antes na bola. O time chuta, busca o gol. Os pontos negativos são os espaços deixados nas costas dos laterais, principalmente o Saci, quando nem sempre a cobertura chega a tempo. A zaga central é vulnerável.

Os pontos forte do Bahia estão na velocidade dos contragolpes pelo lado direito, valendo-se da habilidade e entrosamento dos garotos Gabriel e Madson; no toque de bola pelo meio campo e de boa postura de Souza entre os zagueiros, sempre marcando presença na área adversária. E tem ainda a chamada ‘bola aérea' com a presença dos grandalhões, sobretudo o beque Rafael Donato, para cabecear. Por ironia, o maior ponto fraco do tricolor é a bola alta defensiva, onde os grandões Titi e Donato não se entendem, se posicionam mal e levam gols tolos; lembram-se do Ba Vi passado, quando em menos de 10 minutos o Vitória já fazia 2 x 0, os dois de cabeça? Pois é defeito ainda não corrigido, os becões não se casam. O time precisa chutar mais em gol da entrada da área.

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Bola e paz :

Assim sendo ... resta esperar, torcer, apreciar o duelo. O Vitoria tem a obrigação (por estar em desvantagem) de ir para cima, buscar o gol, tentar a todo custo vencer o primeiro jogo em casa, para que possa atuar com mais confiança em Pituaçu. Ao Bahia, confiança, calma, não desperdiçar as chances de golear ... e jogar com mais alma, mais vontade do que o costumeiro.
Acho o Vitória um time mais guerreiro, mais brigão; o Bahia é um time mais técnico, mais talentoso individualmente. Em campo ... num Ba Vi decisivo, vamos ver o comportamento de ambos.

Por fim, esperamos que a arbitragem não complique, não tema a pressão do Barradão, não facilite as coisas para o rubronegro (como quase sempre acontece lá dentro) , tampouco favoreça o tricolor. Deixe o jogo andar, coíba a violência, não coma pilha, não trema.

Ah! Mais importante ! Que as tais ‘torcidas uniformizadas' (arhg, uma praga!) não implantem o terror, sobretudo fora de campo, na chegada e na saída.
Vamos ter um dia de engarrafamento monstro pelas imediações do Barradão, portanto, providências da área de segurança !!! Rigor.

Paz em campo, nas arquibancadas e fora do estádio ... pelo amor dos deuses do futebol.
Amém