Coube a Edmundo Jorge Araújo sugerir Santos Foot-Ball Club. Aclamado por unanimidade. Mas o Santos ainda não era o Peixe. Quando a equipe começou a disputar jogos contra as equipes da capital, os rivais chamavam os alvinegros de "peixeiros" e o time de "Peixe". Era uma ofensa, que acabou assimilada e virou apelido oficial do clube.
E, como Peixe, o Alvinegro Praiano foi se consolidando como força aos poucos. Sempre com vocação ofensiva e apostando em jovens. Está no DNA do clube: gols e garotos. Em 5.588 jogos até agora, foram marcados 11.793. Nenhum outro clube de futebol do mundo marcou tantos gols. Um orgulho que ninguém mais tem.
O primeiro título de expressão viria em 1935. Antes, o Alvinegro encantava, goleava, mas ainda sucumbia ao poderio dos times da capital. Jogar o Campeonato Paulista era uma epopeia para o Santos. O deslocamento entre a Baixada Santista e a capital era difícil, feito por trem ou de carro, pelo tortuoso Caminho do Mar. A viagem, que hoje demora cerca de uma hora, na época tomava mais de cinco horas.
Por tudo isso, o título de 35 é considerado heroico, com vitória sobre o Corinthians, por 2 a 0, no Parque São Jorge. Após essa conquista, porém, vieram 20 longos anos de jejum. O Santos seguia fazendo muitos gols, revelando bons jogadores, mas não conseguia títulos. Até que veio o bicampeonato de 1955 e 1956. O Santos, ainda com torcida muito pequena, começava a ser grande. Ainda não havia Pelé, mas havia Zito, Pepe, Vasconcelos, entre outros, que prepararam terreno para o reinado do maior jogador que o mundo já viu.
Em 1956, desembarcou em Santos o menino Edson Arantes do Nascimento. Alguns treinos depois, já era considerado um fenônemo e logo entrou no time principal. Não saiu mais: de 56 a 74, 1.116 partidas, 1.091 gols e 21 títulos importantes (entre outros torneios menores). O garoto virou um mito: o Rei do Futebol.
Depois da saída de Pelé, anos complicados. Com exceção dos títulos estaduais de 1978 e 1984, os santistas sofreram demais. Viraram as "viúvas de Pelé". Nada doía mais na alma alvinegra do que encarar uma dura realidade: sem o Rei, o Santos voltara a ser "comum". Não era, no entanto. Nunca foi. Predestinado a ser protagonista, a formar craques, o Alvinegro ressurgiu na segunda metade da década de 90, quando começou a formar uma nova geração de jogadores brilhantes.
Robinho, Diego e companhia lideraram o Santos na conquista do Campeonato Brasileiro de 2002 e iniciaram um novo ciclo vitorioso da história, que já dura dez anos e hoje conta com um grupo de jogadores que só não têm mais títulos que a geração de Pelé. Neymar, protagonista dessa nova safra, é o maior santista depois do Rei, como um dia fora Robinho, provando que o Santos, com sua eterna renovação, nasceu para ser grande.