Pela sétima vez seguida, Novak Djokovic bateu Rafael Nadal na decisão de um torneio profissional de tênis. Neste domingo, o sérvio superou o início ruim, em que parecia não estar 100% fisicamente, mas reagiu de forma arrasadora. Com a vitória por 3 sets a 2, parciais de 5/7, 6/4, 6/2, 6/7 (5-7) e 7/5, na final mais longa da história dos Grand Slams, o número um do mundo confirmou a supremacia e conquistou o tricampeonato do Aberto da Austrália - no qual já havia triunfado em 2008 e 2010.
Épico, o jogo durou cinco horas e 53 minutos, tornando-se o mais longo da história do Aberto da Austrália. A partida que era detentora dessa marca também havia contado com a participação de Nadal. Em 2009, ele se classificou à final ao vencer o compatriota Fernando Verdasco em cinco sets: parciais de 6/7 (4-7), 6/4, 7/6 (7-2), 6/7 (1-7) e 6/4 em cinco horas e 14 minutos. Dois dias depois, superaria o suíço Roger Federer na decisão também por 3 a 2.
A partida também foi a final mais longa de todos os tempos em um Grand Slam. Em 1998, o sueco Mats Wilander havia batido o checo naturalizado americano Ivan Lendl por 6/4, 4/6, 6/3, 5/7 e 6/4 em quatro horas e 54 minutos de bola em quadra.
Djokovic, na verdade, poderia ter obtido a vitória mais tranquilamente. No quarto set, ele dominava o placar e tinha triplo break point para quebrar o serviço de Nadal e fazer 5/3, mas o espanhol foi agressivo e se salvou. No tie-break, o sérvio ficou a dois pontos de vencer, sacando em 5-3, mas cometeu três erros não forçados com o forehand e cedeu quatro pontos consecutivos.
Na quinta parcial, foi a vez de o espanhol sentir o gosto da vitória. Ele sacou em 4/2 e 30-15 e nesse momento teve uma bola fácil, com a quadra parcialmente aberta, mas jogou para fora. Punido, ele recolocou Djokovic no jogo e pagou caro por isso. O sérvio obteve nova quebra de saque no 11º game. Na hora de sacar para fechar, ele ainda se livrou de um break point antes de fazer o sinal das cruzes pedindo ajuda divina para vencer os dois últimos pontos.
Coincidência ou não, Nadal bateu um forehand que tocou na fita e saiu no ponto seguinte. Um bom saque complementado de um winner de direita complementaria o resultado e confirmaria a sina do sérvio contra o seu maior adversário da atualidade.
No retrospecto geral, o espanhol ainda lidera com vantagem de 16 a 14, mas perdeu os últimos sete encontros, todos disputados em finais, incluindo em Wimbledon e no Aberto dos Estados Unidos.
Agora, Djokovic já soma cinco Grand Slams na carreira, contra dez de Nadal. O sérvio, 24 anos, colecionou o terceiro seguido e tentará agora um feito que seus dois grandes rivais, o espanhol e o suíço Roger Federer, não conseguiram: ganhar os quatro maiores torneios do mundo de forma consecutiva. Para isso, precisa faturar Roland Garros, que começa em maio.
Nadal começa bem e
domina primeiro set
A curiosidade era grande para saber se Novak Djokovic estaria 100% fisicamente após atuar por quatro horas e 50 minutos contra o britânico Andy Murray, na semifinal, na última sexta-feira. No quinto game, o sérvio deu a primeira mostra de cansaço e se agachou no fundo da quadra após longa trocas de bola.
Exatamente nesse game sairia a primeira quebra de serviço da partida. Ela foi para Nadal, que aproveitou um erro não forçado de backhand do rival após um bom saque. Na hora de confirmar a vantagem, o espanhol teve dificuldades, mas depois de cinco igualdades e dois break points salvos conseguiu fazê-lo.
Djokovic reclamava bastante consigo mesmo e cometia mais erros não forçados que de costume. Enquanto isso, seu rival sacava bem, mas sentiu a pressão. Na hora de colocar a bola em quadra com 4/3 no placar, safou-se de dois break points, mas na terceira não resistiu colocando o seu melhor golpe (na rede).
O sérvio confirmou seu saque, mas ainda não estava verdadeiramente no jogo. Ele seria quebrado no 11º game e de novo com um erro na paralela de esquerda ¿ que ainda não estava calibrada. Na sequência, ele foi corajoso em uma devolução de direita e salvou um duplo set point, mas Nadal converteu a terceira oportunidade com um saque no corpo.
Djokovic reage e vira placar para 2 a 1
O cenário era diferente das finais de Aberto dos Estados Unidos e de Wimbledon, nas quais Djokovic havia ganhado os dois primeiros sets. Desta vez, o espanhol, 25 anos, tinha a seu favor o retrospecto: em toda a sua carreira só havia perdido um dos 134 duelos nos quais havia ganhado o primeiro set (contra o compatriota David Ferrer, no Aberto dos Estados Unidos de 2007).
O sérvio, porém, não estava morto e logo mostrou isso. Ansioso por atacar e repetir a tática da primeira parcial, Nadal colocou dois forehands seguidos muito longos e cedeu a quebra. Com 3/1 no placar, Djokovic começava a ditar o ritmo dos pontos e fazia estragos com suas devoluções de segundo serviço.
Assim, o número um do mundo se encaminhou rumo ao set point quando o adversário servia em 5/2. Desperdiçou a chance após bom saque, mas parecia novamente tranquilo ao abrir 40-15 na sequência. O sérvio, porém, vacilou, viu Nadal ser agressivo e fazer três pontos seguidos. No break point, uma surpreendente dupla-falta.
O espanhol estava vivo, mas incrivelmente retribuiria o presente logo depois. Pressionado pelas boas devoluções do adversário, jogou um segundo saque muito longo na vantagem contra.
Vibrando, Djokovic abriu 2 sets a 1 e elevou a confiança. O cenário não mudou na terceira parcial, com ele atacando as devoluções sempre que possível. O saque não era perfeito, mesmo assim o atleta dominava as trocas de bola.
Com uma deixadinha que Nadal nem tentou buscar, o sérvio chegou ao break point para fazer 3/1. Tranquilo no serviço, chegou a 5/2 e aproveitou erros não forçados consecutivos do espanhol para quebrar-lhe o serviço de zero e aplicar um 6/2.
Djokovic tem jogo na mão no quarto set, mas triplo break point
Era o segundo colocado do ranking quem parecia cansado nesse momento. Provavelmente as seis derrotas seguidas para Djokovic já pesavam em sua cabeça. De qualquer forma, Nadal mostrou muita força de vontade e equilibrou o primeiro game do quarto set, em que o sérvio precisou superar duas igualdades. O game foi nervosíssimo, com os rivais comemorando cada ponto conquistado.
O espanhol tentava ser mais agressivo, mas Djokovic seguia melhor. Este chegou ao 40-40 no game seguinte, mas não obteve a quebra. Após dois games em que os sacadores não tiveram muitos problemas, o jogo estava mais morno. Foi quando Nadal tentou elevar o nível e, arriscando desde a devolução, vibrou ao alcançar o 15-30. Na sequência, ele já lamentava um erro de slice e dois bons saques que mantiveram o sérvio na dianteira do marcador: 3/2.
Tentando se impor, Nadal seguia comemorando e se animou. Ele confirmou o saque de zero e teve 0-15 quando o sérvio aplicou uma deixadinha na rede. Mas sofreu com os serviços em seu backhand e cometeu seguidos erros.
O golpe de revés, que havia rendido winners surpreendentes até o segundo set, voltava a ser vulnerável. O espanhol não era mais tão veloz e apelava a slices para se defender. Assim, rapidamente teve problemas e ficou com 0-40 quando sacava em 3/4. Algumas gotas de chuva caíam na quadra e deixavam a partida ainda mais nervosa.
O jogo estava nas mãos de Djokovic, mas Nadal se salvou. No segundo break point, encaixou um lindo saque e, no terceiro, uma bela paralela de esquerda. O sérvio já não era tão agressivo nas devoluções e, depois de mais dois bons serviços do espanhol, este virou o game, empatou a parcial por 4/4 e vibrou muito.
Chuva paralisa final, e sérvio fica a dois pontos de vencer no tie-break
A chuva aumentou, e a partida foi paralisada até que o teto da Rod Laver Arena fosse fechado. Enquanto Nadal se dirigia aos vestiários, Djokovic sentou-se no banco e mostrava incredulidade com a chance desperdiçada, reclamando consigo mesmo.
Pouco mais de dez minutos depois, o jogo poderia mudar de mãos e era disputado já em outras condições. Com a quadra coberta, a bola anda mais rapidamente. O sérvio, de qualquer forma, não sentiu a parada e, sem qualquer tipo de sustos, fez quatro pontos seguidos para confirmar o serviço ¿ o último deles um winner espetacular, após o qual ele levantou o braço para comemorar.
O game seguinte poderia ser o último da partida, e Djokovic ficou perto de confirmar isso ao ganhar o primeiro ponto com um erro de forehand de Nadal. Este, porém, virou, beneficiado por três erros não forçados de backhand do adversário. O sérvio reagiu e, com grande devolução e bons ataques, ficou a ponto de forçar a igualdade, mas o espanhol conseguiu um lindo backhand cruzado no contra-ataque e vibrou: 5/5.
Nadal partiu disposto a quebrar o serviço do rival e sonhou com isso ao receber um erro não forçado de backhand e fazer 30-30. Na sequência, porém, Djokovic se mostrou corajoso: encaixou um saque angulado acompanhado de um winner de backhand na paralela e forçou outra vez com esse golpe para fechar.
Mesmo pressionado, o espanhol confirmou de zero e se empolgou ao se safar dos ataques do sérvio e ganhar o segundo ponto do tie-break com um bom voleio: 1-1. Sacando bem, o segundo colocado do ranking foi à rede de novo e matou com um smash. Ele levaria as mãos à cabeça na sequência, após jogar um backhand longo com a quadra parcialmente aberta.
O embate era dramático, e ambos os tenistas lamentaram bastante quando erraram golpes que vinham acertando: primeiro Djokovic com sua direita na paralela, depois Nadal com seu forehand de dentro para fora. Com 3-3, o espanhol perdeu o ponto no serviço pela segunda vez consecutiva, sofrendo uma devolução próxima à linha.
O sérvio tinha vantagem de 4-3 e, se confirmasse os dois serviços, chearia ao triplo match point. Dominando o ponto do início ao fim, ele cansou o oponente até finalizar com uma bola vencedora de direita. Ele repetiu a tática nos dois pontos seguintes, mas errou na hora de matar, pondo uma direita na rede e outra para fora. Um bom saque de Nadal e outro erro de direita de Djokovic encerrariam o tie-break, deixando o placar geral empatado.
Nadal faz 4/2 no quinto set, mas erra bola fácil e é derrotado
Nadal estava mais empolgado, mas o sérvio continuava acreditando na vitória. No game de abertura da quinta parcial, eles mantiveram o equilíbrio, porém o espanhol conseguia soltar um pouco mais o seu jogo, disparando um winner espetacular após bola alta e funda do rival.
No terceiro game, o número dois do mundo enxerga uma janela pela primeira vez na parcial com um 15-30. Mas Djokovic responde com um ace e outro bom saque, mantendo o placar empatado. No game seguinte, Nadal sacava em 2/2 e viu o rival dar as primeiras mostras de cansaço, cambaleando ao errar uma devolução.
O espanhol não desperdiçaria o melhor estado físico e conseguiria a quebra na sequência, explorando os erros do adversário. Com 4/2 no placar, o sacador parecia tranquilo, contudo cometeu um erro fácil com 30-15 a favor. Nesse momento, Djokovic subiu mal à rede e voleou uma bola lenta no meio da quadra. Nadal errou a paralela de backhand com a quadra toda aberta e pagou caro por isso: com duas boas devoluções do número um, o jogo ficava novamente empatado em quebras.
Depois de estar muito perto da vitória, o sérvio confirmou o serviço e se joga ao chão depois de perder um ponto disputadíssimo. O duelo já beirava as cinco horas e 30 minutos. Mesmo assim, ele reagiu e saiu de um 0-30 para ter o break point, salvo com um bom saque de Nadal.
Pressionado, Djokovic serviu em 4/5, porém não teve nem tempo para sentir a pressão. Com bons saques e ataques, abriu 40-0 antes de cometer uma dupla-falta, manter o saque e colocar o rival contra a parede. Em novo game longo, o sérvio perdeu um break point após bom ataque de Nadal, mas converteu a segunda oportunidade, quando o espanhol colocou um slice na rede.
O sérvio ainda sofreu na hora de sacar para fechar, cedendo um break point após abrir 30-0. Mas ele salvou com um backhand firme cruzado e na hora fez o sinal da cruz, implorando por ajuda divina. Coincidência ou não, a sorte o ajudou na sequência, quando o espanhol arriscou um forehand que tocou na fita da rede e saiu. O número um não perderia o primeiro match point e complementou um bom saque com uma bola vencedora para fazer história. (Terra)