Finda a terceira rodada do ‘baianão' já dá pra se avaliar alguma coisa com base nos resultados verificados. Em primeiro lugar, destaque para o atual campeão, o Bahia de Feira, com cem por cento de aproveitamento, três jogos e três vitórias expressivas. Fruto de planejamento, continuidade de um bom trabalho do treinador Arnaldo Lira, entrosamento. É uma equipe que joga simples e objetivamente. Bem postada na defesa, dois zagueiros duros, um meio campo que marca bem e trabalha bem a bola ( destaque para Lau e o meia Railan) e um ataque rápido, que chuta em gol. O básico, mas eficiente.
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Outro destaque para o Vitória, sim sinhô, que começou empatando mas já aplicou duas goleadas seguidas ( 6 x 1 no Juazeiro, em casa, e 5 x 0 no Vitória da Conquista, no campo do adversário). Mesclando garotos (Leo, Gabriel, Dankler, Mineiro, Artur Maia) com veteranos (Lucio Flávio, Michel, Saci, Neto Baiano...) o esperto treinador Toninho Cerezzo já conseguiu arrumar a equipe, jogando com rapidez e muita velocidade nos contragolpes, buscando o gol com apetite. É o vice-lider, nos calcanhares do Bahia de Feira, de quem perdeu o título no ano passado. E ainda tem alguns reforços que nem estrearam.
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Fluminense e Atlético de Alagoinhas são os outros times do interior que se mostram competitivos, bem armados, com bons jogadores ... e vão dar muito trabalho aos grandes (?), fora e dentro de casa.
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Por falar em ‘grande', é de arrepiar o pequeno futebol que o ‘todopoderoso' bahêa do papai Joel Santana tem jogado. A melhor partida do tricolor até agora foi a estréia ( 3 x 3 ) em Pituaçu contra o Atlético de Alagoinhas. Pelo menos fez três gols, trocou alguns passes, mostrou vontade. O time está muito mal fisicamente, desentrosado, desarrumado, mal escalado, sem apetite em campo, exibindo uma defesa frágil, sem laterais ou alas, muitos marcadores no meio campo, pouca ou nenhuma criatividade e uma ataque que não finaliza, com apenas um homem se batendo contra a zaga adversária, a uma distância enorme dos meias que conduzem demais a bola e não chegam para finalizar.
O tricolor da capital é a grande decepção até agora, até por causa das contratações, da alta folha de pagamentos do clube, o único do estado na primeira divisão do campeonato nacional. Contra o frágil Juazeirense o que se viu? Um zagueirão caneludo e de parca técnica, nalguns momentos mal posicionado, errando todos os passes na saída de bola: chama-se Donato. Reprovado no arriar das malas (espero ter me enganado, adiante). O menino lateral Madson inibido, com a bola queimando-lhe os pés. Helder de lateral esquerdo é um absurdo, não tem cacoete de ala. Ainda por cima, queima-se o garoto William, que não é um mau jogador, fez até um bom primeiro tempo contra o Atlético de Alagoinhas. Mais: jogar contra o Juazeirense com três frentes de zaga marcadores (Fabinho, Fahel e DIones) é, no mínimo, um insulto à torcida e à história de vencedor do clube, assim entendo.
O garoto Vander corre demais com a bola, dribla um, dois, perde a bola e ganha vaias da torcida. O menino artilheiro Rafael precisa aprimorar-se no domínio da bola e precisa ser lançado em velocidade para tirar proveito de sua força. Lulinha tem sido o melhor, até agora, mexendo-se bem pelas laterais do campo. O torcedor espera que com a escalação de Souza (vejam só) , Ze Roberto e Coelho (parece que já regularizados para domingo) ... quem sabe, Joel possa dar uma cara de equipe ao amontoado de jogadores que tem colocado em campo. Do jeito que vem jogando, o tricolor não fica entre os quatro classificados. Sério! E a torcida quer o título, vai cobrar!
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A rodada domingueira
Domingo, o Vitória pega em casa o fracote Itabuna; pode rolar nova goleada. O Bahia de Feira recebe no Joia (?) da Princesa o Vitória da Conquista que foi abatido pelo Leão no meio da semana; O Bahia vai ao sudoeste enfrentar o Serrano que tem três pontos apenas, mas não será jogo fácil; e espera-se um jogão entre Atlético x Fluminense. As rendas do ‘baianão' continuam fracas, cerca de 5 mil pessoas foram ver o Bahia em Pituaçu, pra se ter uma idéia do buraco.
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Observações:
Continua lastimável o estado do gramado (?) do Joia da Princesa, em Feira de Santana. Alí não dá para se jogar um bom futebol, botar a bola no chão... O resultado são jogos ruins, à base de chutões e correria, erros seguidos de passes e riscos de atletas machucados. Como espetáculo para tevê, a conseqüência é pouca audiência e prejuízo, na certa. O ‘relvado' de Vitória da Conquista já apresenta melhores condições, mas Juazeiro e Camaçari ...
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Gostaria de saber dos ‘entendidos no esporte' por que tantos jogadores de futebol (baianos, brasileiros) sentem tantas cãibras em campo. Três ou mais, a cada jogo, precisando sair de maca para atendimento fora de campo na maioria dos casos. Vejo sempre jogos dos campeonatos europeus pela tevê e ... não há cãibras; nenhum jogador do Barcelona, do Real, do Milan, do Chelsea, do Bayern ... travam os músculos da ‘batata'. Por quê ?
Será falta de condicionamento físico, treinamento inadequado, má alimentação, má formação dos atletas ou o péssimo estado dos gramados, quase sempre duros ... ? Careço de resposta, de explicação, não entendo certas coisas que observo, aqui e acolá.
Outra coisa: a quantidade de lesões sérias nas articulações dos joelhos. O meia Jefferson, jovem recém contratado pelo Bahia, estourou os ligamentos cruzados num treinamento, lá em Itinga, sozinho. O lateral Ávine já tinha estourado um dos joelhos, há uns 15 dias. Na rodada de meio de semana foi a vez o atacante Rildo, o velocista do Vitória, também sozinho, lá em Conquista... saiu de campo em prantos, o joelhão estourado. Com a palavra os especialistas, preparadores físicos, médicos, treinadores ... Se eu fosse atleta de futebol, hoje em dia, faria contrato com seguro para meus joelhos. Tem algo de errado aí.
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Haja pênalti !!!
Mais uma pertinente observação: não discuto o mérito, a justiça, mas em três jogos já foram marcados quatro pênaltis em favor do Vitória. A mesma média do campeonato passado, ou dos campeonatos anteriores. Teve um jogo em 2011, no Barradão, que o juizão marcou três penalidades máximas em favor do time rubronegro, dois altamente duvidosos. É uma constatação... mas dá pra desconfiar. Rildo caiu, é pênalti. Neto Baiano escorregou na área... é pênalti. E assim , de jogo em jogo, de ano em ano, numa sequência de campeonatos seguidos... Belezura, né pai ?
Já pras bandas do tricolor, haja rigor! Bandeiras inventam impedimentos (alguns têm marcação mesmo, já os conheço), o couro come em campo, mas a regra é nenhuma condescendência com esse time que ‘tanto ganhou com a esperteza de Osório e de Maracajá', nos bons tempos. Não é assim que se argumenta?
Pois o rubronegro continua colhendo frutos dos ‘bons tempos' dos também ‘espertos' Paulo Carneiro e Sinval Vieira, que viraram a mesa, cooptaram a chamada ‘ grande midia esportiva' (ou parte significativa dela), controlaram o Departamento de Árbitros por um bom tempo, deram as cartas na Federação Bahiana de Futebol, anos a fio e ... o Vitória virou o ‘bicho papão' de títulos baianos e usufrui disso até hoje, e muito bem, sobretudo em seus jogos no Barradão.
Não é'xororô' de torcedor do bahêa, não, é constatação de uma realidade... inclusive a constatação de que a direção do Bahia, há anos, décadas, perdeu o prumo da remada e leva surras, fora e dentro de campo, campeonato pós campeonato, do pessoal do rival, que se mostra muito mais competente. Jogo é jogo. Conheço um pouco esse mundo da bola, desde menino, as armações e pressões em vestiários, reuniões, feituras de tabelas, os conchavos, as armações ...
Até porque, sabemos todos: o jogo em si, quase sempre se ganha em campo, com bons jogadores e um pouco de estrela; Mas campeonatos, os títulos se conquistam também e sobretudo fora de campo, com organização e sagacidade. Vejam o exemplo do Campeonato Nacional, onde as arbitragens, sempre e sempre, favorecem os grandes, os que têm mais grana, torcida e influência na CBF, como Corínthians, Flamengo, São Paulo etc... Aceito o debate sobre o tema.
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Copinha
Num belo jogo, Pacaembu lotado, aniversário da cidade de São Paulo, no meio da semana, o Corínthians se sagrou campeão da Taça São Paulo, a famosa Copinha, sub-18, com dois gols de cabeça do zaqueiro Antonio Carlos, um 2 x 1 de virada, o último gol já no fechar das cortinas do espetáculo.
O Fluminense até jogou melhor, tocou mais a bola, mostrou garotos talentosos, mas o Timão valeu-se das bolas altas, a chamada ‘bola parada', e teve o apoio decisivo e maciço da massa nas arquibancadas. Parabéns corintianos!
No mesmo campeonato, o Bahia foi eliminado pelo Fluminense, 1 x 0; e o Vitória quase chega às quartas-de-final, caindo para o Coritiba (2 x 0). Quando chegaremos a um título?