Esporte

2011: ANO EM QUE O FUTEBOL BAIANO APENAS PATINOU, POR ZÉDEJESUSBARRÊTO

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| 27/12/2011 às 17:02
O Vitória nadou, nadou e morreu na praia em todas as competições
Foto: FP
O ano que se finda não deixa grandes lembranças para o futebol baiano. Derrapamos na mediocridade, nem saímos do lugar. Senão, recordemos:
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Comecemos com o pobre e ‘obrigatório' campeonato baiano. Dois clubes apenas da capital, a dupla BaVi sempre no prejuízo, gramados infames, arbitragens pusilânimes, arquibancadas vazias, nenhum grande craque, joguinhos duros de se ver e ... deu Bahia de Feira campeão! Dos grandes destaques do time- Jair, João Neto e Diones -, só o meia Diones conseguiu jogar no segundo semestre e o time feirense fez feio na série C (ou D? , a gente nem se lembra!).

Bahia e Vitória, favoritos, até pelos investimentos, pela folha de salários mais alta, pela infra-estrutura dos clubes ... deram chabu, para desespero dos torcedores. O Bahia contratou um caminhão de jogadores, trouxe treinador desconhecido e ... nada aconteceu. Andou levando porrada a torto e direito pelo interior, jogando feio, e caiu fora antes mesmo das finais, fracassou em todos os sentidos. Dez anos sem um título estadual, uma vergonha, algo nunca visto em sua (ex?) gloriosa história.

O Vitória, que levou mais a sério a competição, queria garantir a hegemonia no novo milênio, mas deu ao seu torcedor o desprazer, mais uma vez, de perder o título (seria tetra ou penta pela primeira vez em sua história?) em pleno Barradão, dessa vez para o bem armado Bahia de Feira, do treinador Arnaldo Lira. Foi um Deus nos acuda!

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Daí, veio a Copa do Brasil. O rubronegro foi desclassificado cedo, apanhando bisonhamente do Botafogo da Paraíba. O Bahia chegou um pouco mais adiante mas levou uma goleada vexaminosa do Atlético do Paraná, saindo da competição com o rabinho entre as pernas, feito cão vadio.

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A etapa seguinte e mais importante, segundo a diretoria de ambos os clubes, seria a disputa do Campeonato Nacional, o Brasileirão: O Vitória pela Série B, tendo como objetivo único voltar rápido, de ‘elevador', para a Primeirona - assim cantava seu torcedor; e o Tricolor, com algumas ‘cobras criadas' no elenco, prometendo se assegurar na Série A e, quem sabe, beliscar uma participação num torneiro internacional, tipo a Sulamericana. Sonho de time pequeno, é bem verdade, que conseguiu a duras penas, o torcedor de coração na mão.

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O rubronegro fracassou, a despeito de ter feito uma ou duas partidas aceitáveis, goleando adversários similares e ouriçando a galera. Mas o time trocou de técnico demais, alguns à beira da irresponsabilidade, como foi o caso de Geninho, contratou jogadores a rodo que não renderam, não se adaptaram e, sobretudo, a equipe empatou e perdeu jogos impossíveis no seu quintal, o Barradão, sob os olhos dos mais fiéis torcedores.

Duas derrotas foram simbólicas e fundamentais para a derrocada do rubronegro na competição: a goleada sofrida em Recife, na Ilha do Retiro, para o Sport (quebrou o moral do time) e a bobeira inexplicável na Toca do Leão contra o São Caetano, perdendo de virada no finalzinho, 2 x 1, um fiasco sem tamanho!

A equipe tinha bons jogadores (Geovani, Lucio Flávio, Marquinhos, Fernandinho...) mas jogou covardemente, quase sempre: fazia um gol e recuava inteiro, chamando o adversário, dando chutões, só explorando o contragolpe. Entregou jogos assim. Mas é bom recordar que o Vitória, desde o início, nunca integrou o grupo dos quatro mais bem colocados na tabela de classificação. O time, é bom que se diga, não mereceu sorte melhor, apesar do elenco, da folha de pagamento cara, da boa infraestrutura do clube. Depois se soube que o clima entre os jogadores não era bom, havia grupinhos e muita ciumeira.

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O Bahia foi armar uma equipe, de vera, no decorrer da competição. No começo, com o ‘professor' Renê Simões à frente, conseguiu alguns surpreendentes resultados, no dia em que o ‘maluquinho' Jobson decidia jogar. Ele fazia a diferença, mas ... fora de campo andou aprontando tantas que os próprios colegas e o treinador decidiram afastá-lo. Sem ele, foram só tropeços. Daí, a esperança de ‘algo mais' recaiu sobre os chamados ‘craques', os ditos medalhões, com salários mais altos e mais experiência... Ricardinho e Carlos Alberto.

O primeiro jogou pouco, as pernas pesando, os movimentos lentos com a idade; o segundo enganou a maior parte do tempo, pouco afeito a treinamentos, mascarado, mostrou-se individualista em campo nas poucas vezes em que teve condições de jogo, a maior parte do tempo de chinelinho, na enfermaria e aberto a muitas atividades mundanas à noite. Só. O time perigou cair de novo pra segundona.

Quem salvou o tricolor da queda, que já atormentava o torcedor, foram a experiência do treinador Joel Santana - um velho retranqueiro, boleiro acostumado a conquistar resultados impossíveis, feito aqueles inacreditáveis 4 x 3, de virada, em cima do São Paulo, em Pituaçu, no começo de novembro - e mais, sobretudo, o bom desempenho, sempre, de alguns atletas como o goleiro Lomba, o zagueiro Titi, o lateral Dodô, o bom marcador Fahel e, quem diria, alguns gols fundamentais do atarantado atacante Souza.
O torcedor devotado comemorou, mas foi pouco, muito pouco para um clube com a história e torcida que o Bahia tem.

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E agora, o que se espera para 2012?

Primeiramente, que os nossos principais clubes se planejem, invistam com critérios, formem uma base e contratem alguns poucos craques que venham para jogar de verdade e que possam fazer a diferença... liderando dentro de campo, dando ritmo, forjando um bom conjunto, decidindo nas horas mais difíceis.

No mais, é preciso preparar e dar chances reais aos garotos ‘pratas da casa', jovens que tenham mais identidade com a camisa que vestem. E melhorar o nível técnico, em campo, de nossas equipes. Estamos jogando feio, acanhados, na base dos chutões, contragolpes e cai-cai. O torcedor baiano merece espetáculos melhores, futebol mais bem jogado, pois o preço do ingresso é alto para a grande maioria dos que amam a bola. Já jogamos muito melhor futebol na terrinha. E não era só BaVi. Tivemos grandes times no Galícia, no Ipiranga, Botafogo, Leônico, Fluminense de Feira, Ilheus, Itabuna... celeiros de grandes atletas. O futebol baiano precisa voltar a ocupar um espaço num degrau bem mais acima do atual no cenário brasileiro. Tarefa de todos.

Que o Campeonato Baiano tenha nível - seja jogado em gramados decentes, com arbitragens sérias, disputas leais, uma mídia mais limpa, que cobre mais, sem distinção, e ‘queime' menos as nossas esperanças.

O modelito da competição mudou para 2012. Será em pontos corridos e todos os clubes se enfrentarão em igualdade de condições numa primeira fase. Os melhores classificados farão um torneio final, disputando o título. Melhor assim.

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Para começar, os times do interior saem na frente, porque antecipam as férias e começam a se preparar mais cedo do que a dupla BaVi. Isso sempre significa uma vantagem no começo da competição, as equipes interioranas correndo mais em campo, motivadas. Bahia de Feira, atual campeão, e Vitória da Conquista prometem surpreender. O Fluminense persegue há anos o objetivo de se consolidar como uma terceira grande força do nosso futebol. Quem sabe? Feira de Santana tem três times na disputa... será que o gramado do ‘Joia da Princesa' agüenta o castigo de tantos jogos seguidos?

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O Vitória, que acabou a temporada 2011 antes, já voltou ao trabalho, o elenco, ainda que desfalcado, apresentou-se logo depois do Natal. Tem treinador novo, Toninho Cerezzo, a mesma base do ano que se finda e poucas novidades. A torcida está ansiosa, frustrada com os resultados deste ano, e vai cobrar muito. Tem jogadores insatisfeitos no plantel, querendo uma chance de sair, em busca de novos ares.
Entendo que a grande meta do clube, no ano que entra, é a Série B : Ganhar o título ou, na pior da hipóteses, ficar entre os primeiros colocados e então voltar, logo, para a Primeira Divisão. Pois cada ano na segundona a coisa piora, diminuem os investimentos e a volta vai ficando mais difícil, virando novela... A torcida rubronegra, jovem e acostumada com bons resultados, é inquieta e brava nas cobranças.

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O Bahia parece melhor encaminhado do que estava no começo deste ano que se finda. Os atletas se apresentam no dia 5 de janeiro, mas o torcedor já sabe que Joel Santana continua como treinador (uma garantia, pela sua vivência no mundo da bola), a base da equipe de 2011 permanece, anuncia-se a renovação de alguns atletas que aprovaram e há promessa de poucas e substanciais contratações. Há muitos anos o clube não vira um ano de forma tão aparentemente bem conduzida. Será que aprenderam?

O tricolor tem duas metas prioritárias: Reconquistar o Campeonato Baiano - a torcida exige; e fazer um Campeonato Brasileiro (Série A ) mais competitivo, jogando uma bolinha mais redonda, tendo como meta a classificação para a Libertadores de América. O time tem ainda pretensões de fazer uma Copa do Brasil mais decente, chegar às finais da competição; e, ora vejam, marcar boa presença numa Copa Sulamericana - estréia logo contra o São Paulo, em dois jogos eliminatórios, é pouco? Emoções fortes à vista.

Para ter algum êxito em suas pretensões é preciso qualificar o elenco. A equipe tem carências na zaga (precisa renovar com o capitão Titi ), na meia esquerda (Ricardinho não agüenta mais repuxo) e necessita de atacantes rápidos, velozes, inteligentes, goleadores... que encaixem bem no manjado (porém eficiente) esquema de contragolpes de ‘papai' Joel. Mas... quem?
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No mais, queremos todos um ano de 2012 com melhores resultados para o futebol baiano; é o que nós, amantes da bola, desejamos. Trabalhemos para isso. O torcedor merece muuuuito mais do que viu neste ano que se vai. Vamos construir 2012 de olho em 2014!

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