O Mundial de Clubes de 2011 não reservou surpresas na definição dos dois finalistas. Após o Santos superar o japonês Kashiwa Reysol por 3 a 1 na última quarta-feira, em Toyota, o favorito Barcelona não teve a menor dificuldade para despachar o catariano Al-Sadd em Yokohama nesta quinta, por 4 a 0, carimbando a passagem para enfrentar o time brasileiro na grande decisão. O lateral brasileiro Adriano, que atuou como ponta direita, foi o destaque do primeiro tempo ao marcar dois gols; Maxwell também deixou o seu ao fechar o placar na segunda etapa. Seydou Keita completou fazendo o terceiro.
Os comandados de Pep Guardiola, que pouparam seis titulares, tiveram controle absoluto do jogo do início ao fim, com mais de 70% de posse de bola e apenas um lance de perigo contra o goleiro Valdés. O Al-Sadd do técnico uruguaio Jorge Fossati jogou de forma totalmente defensiva até o apito final, marcando atrás mesmo após ficar com quatro gols de desvantagem.
Sem forçar, o time catalão tem mais três dias para descansar até pegar o Santos na final, que acontece às 8h30 (de Brasília) deste domingo, também em Yokohama. Ao Al-Sadd, resta disputar o terceiro lugar do Mundial, em duelo asiático diante do Kashiwa Reysol, às 5h30 (de Brasília), também no domingo.
Se o time do Catar não ofereceu nenhum perigo ao Barcelona, o time catalão sofreu com a saída de dois atacantes por lesão. O agora reserva David Villa, que saiu jogando, fraturou a tíbia da perna esquerda após ficar com o pé preso na grama; seu substituto, Alexis Sánchez - este sim, titular - saiu após sentir dores musculares no segundo tempo. Villa já está fora da final contra o Santos, enquanto o chileno não teve sua situação confirmada.
O jogo
Guardiola sacou nada menos que seis titulares da equipe que venceu o Real Madrid por 3 a 1 no último sábado, pelo Campeonato Espanhol: Daniel Alves, Piqué, Busquets, Xavi, Fàbregas e Alexis Sánchez. O time catalão foi a campo em um 3-4-3 com Puyol, Mascherano e Abidal na zaga; Keita, Thiago e Iniesta no meio; Messi fazendo a ligação; na frente, Adriano e Pedro nas pontas, com David Villa de centroavante. Já o Al-Sadd foi armado por Jorge Fossati em um ultradefensivo 5-4-1, com apenas o senegalês Mamadou Niang no ataque.
Como esperado, os espanhóis dominaram a posse de bola desde o apito inicial, enquanto o time catariano se fechava com dez jogadores na intermediária defensiva. Com a retranca, o Barcelona tinha dificuldades para deixar atletas em condições de finalizar ou criar chances de gol. Aos 7min, Iniesta deu lindo passe para Pedro na área, mas o chute foi travado. Quando recuperava a bola, a equipe asiática isolava para frente e devolvia a posse aos europeus.
Tentando tabelas rápidas pelo meio, o Barcelona seguia parando na marcação agressiva do Al-Sadd, que não passava do meio de campo. A primeira finalização do time azul-grená finalmente saiu aos 17min após erro do zagueiro Abdulmajed, que tentou chutar para frente e mandou a bola em cima de Keita; na sobra, David Villa bateu fraco e perdeu grande chance dentro da área. Três minutos depois, Messi limpou a marcação na meia-lua, mas foi novamente travado na hora do chute.
Defendendo-se bem, o Al-Sadd arruinou todo o esforço com uma falha bizarra aos 24min. Pedro fez cruzamento na segunda trave e o lateral esquerdo Belhadj recuou "na fogueira" para o goleiro Saqr, que ficou indeciso entre pegar a bola com a mão, dominar com os pés ou chutar para frente. Quando resolveu isolar, chutou em cima de Adriano e a bola entrou, inaugurando o marcador em Yokohama.
Aos poucos, o forte esquema defensivo do time do Catar ia cedendo. Aos 33min, Iniesta bateu de fora da área e Saqr soltou nos pés de Villa, que mandou para a rede, mas o lance foi invalidado por impedimento do atacante. Dois minutos depois, o mesmo David Villa recebeu lançamento longo e fraturou a tíbia após prender o pé no gramado, lesão que tira o camisa 7 da final contra o Santos; em seu lugar, entrou o titular Alexis Sánchez.
Marcando sempre por pressão a saída de bola do adversário, o Barcelona se aproveitou de um novo erro para abrir 2 a 0. A zaga do Al-Sadd saiu jogando errado, Thiago recuperou a bola e deixou Adriano em ótima condição para chutar rasteiro de pé esquerdo e marcar seu segundo gol no jogo.
Quando o primeiro tempo já se encaminhava para o final, finalmente o Al-Sadd assustou. Aos 44min, o marfinense Kader Keita - que já jogou duas Copas do Mundo por seu país - recebeu lançamento longo, ganhou de Abidal na corrida, escapou de Mascherano e chutou por cima do travessão de Víctor Valdés, até então nem notado na partida.
O segundo tempo não trouxe nenhuma mudança ao jogo: mesmo com dois gols de desvantagem, o time de Fossati seguia com a marcação bastante recuada, cinco na defesa e apenas Niang no ataque. Aos 9min, Messi limpou bonito a marcação e chutou cruzado, mas errou o alvo. Cinco minutos depois, Iniesta interceptou passe no campo de ataque, conduziu e chutou de fora da área, mas em cima da zaga.
A pressão do Barcelona seguiu e Messi quase deixou o seu aos 17min, em bela cobrança de falta que o goleiro Saqr conseguiu jogar para escanteio. No minuto seguinte, porém, o melhor do mundo conseguiu brilhar. Com passe preciso, ele deixou Keita na cara do gol e o malinês tirou com categoria do goleiro para fazer o terceiro. Logo depois, aos 20min, Messi quase fez de bicicleta após dividir com Saqr, mas a finalização foi sem direção.
Se o placar não trazia problemas aos catalães, as lesões voltaram a preocupar Guardiola aos 26min. Sánchez, que já havia substituído o lesionado Villa, também sentiu dores musculares na coxa e saiu por precaução, dando chance ao garoto Cuenca no ataque.
Mantendo o ritmo, o Barcelona chegou ao quarto gol novamente com um brasileiro: aos 35min, Maxwell tabelou com Thiago, invadiu a área pela esquerda e bateu rasteiro em cima do goleiro Saqr, que aceitou e deixou a bola passar entre suas pernas. Messi ainda quase fez de letra aos 39min, mas deixou mesmo a partida sem fazer gols - que, pelo menos nesta quinta, não fizeram falta. (Terra)
FICHA TÉCNICA
Al-Sadd 0 x 4 Barcelona