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Time do Santos treina em corredor do hotel fugindo do frio no Japão
Foto: DIV
Pô, morreu João Pereira dos Santos, o João Pequeno de Pastinha, ou simplesmente João Pequeno, 94 anos, 70 de capoeira, angoleiro, ‘treinel' e herdeiro do Mestre Pastinha, a quem conheceu no ano de 1945, aluno, filho, amigo. O mestre João Pequeno nasceu no interior, hoje município de Araci. Ainda um menino, cortou cana em Alagoinhas, foi pedreiro e cobrador de bonde em Salvador.
De família ligada à capoeira, João Pequeno contava que seu primeiro mestre foi Juvêncio, um contemporâneo do lendário Besouro, de Santo Amaro, de quem João se dizia contraparente. Em Salvador, no largo Dois de Julho, conheceu mestre Barbosa, que era carregador. Foi ele quem indicou a academia de Pastinha, que, antes de perder a noção das coisas (com a idade e as doenças), passou o bastão da Capoeira Angola da Bahia para seus dois ‘filhos' angoleiros mais chegados, de mais confiança: O mestre João Pequeno ( laureado doutor na UFBa e em Minas), o mais velho; e o mestre João Grande, mais novo (laureado nos EUA, onde vive, com medalhas e título de doutor). A eles Pastinha entregou a missão de preservar os princípios do jogo de Angola e espalhar essa arte afro-baiana pelo mundo.
Pra esse João, o pequeno e mais vivido, missão cumprida! Foi pro Orum. Axé!
‘Nasci com a capoeira no sangue, no espírito' (João Pequeno)
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Foi-se o artilheiro
Fico sabendo também da morte do atacante Hamilton, o Hamilton ‘catroca' (por causa de suas pernas arqueadas), o terceiro maior artilheiro da história do Bahia, com 154 gols marcados na carreira vestindo a camisa tricolor. Brilhou no final dos anos 1950 e começo da década de 60. Jogou com Mário Araújo, Roberto Rebouças, Nadinho, Nilsinho, Alencar, Marito, Biriba, Florisvaldo ... Inteligente, malandro, finalizador nato. Batia com as duas e cabeceava bem.
Lembro-me de uma decisão, BaVi ( 1962 ou 63?), a Fonte Nova (ainda sem o anel superior) lotada, a torcida rival já comemorando o título, quando, por volta dos 43 minutos do segundo tempo, Mário driblou o grande Nelinho e deu de cavadinha pra ele, Hamilton, na meia lua, escorando o zagueirão, meio de costas pro gol da entrada... Um giro no ar e o voleio de primeira, de peito de pé, a bola estufando as redes, no alto... e o desvario tomando tudo, arquibancadas, corpos, almas... a cidade inteira tricolor! Tenho foto dele com cabelo, ondulado, brilhantinado pra trás, e um bigodinho invocado. Grande Hamilton, obrigado pelas alegrias, pelo belos gols. Que o Senhor o tenha no reino de Vossa glória!
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Podres Poderes
Caindo pro Bahia de hoje ... o episódio (lamentável) da semana foi a reeleição de Marcelinho como presidente do clube com direito a liminar na Justiça e Juiz determinando intervenção no clube, ações que não vingaram, enfim. Mas, ainda vale reproduzir na íntegra a nota ‘Validade Vencida', na coluna de A Tarde (Pág A2) ‘Tempo Presente, escrita por Levi Vasconcelos. Vai:
"De Marcelo Guimarães Filho, presidente do Bahia, acusando seus adversários, que esta semana tentaram impedir a reeleição dele por via judicial, de terem tanta ânsia de derrubá-lo que desqualificam eles próprios: - Até a petição que eles usaram para dar entrada na Justiça é a mesma de três anos atrás. Imagine você que em vários trechos o texto cita ‘o deputado federal Marcelo Guimarães' referindo-se a mim. Pode isso?. - Marcelo, como se sabe, disputou a eleição como deputado federal em 2008 e perdeu".
Ponto final.
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A quem interessar possa: Não sou a favor dos Guimarães, sou é Bahêêêa !!!
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Garotada do futuro
Está acontecendo no Rio Grande do Sul o Brasileirão sub-20 e lá estamos representados pelos meninos do futuro, do Vitória e do Bahia. O rubronegro começou muito bem, aplicando uma goleada sobre o Atlético de Minas, 4 x 1, com destaque para o garoto Caculé, que marcou três gols e já pinta como candidato a ídolo. Na sequência o time baiano empatou de 1 x 1 com o Corínthians, num jogo engrisilhado, catimbado, difícil. Bom empate.
O Vitória, agora na Série B do Brasileirão, mostra que sua divisão de base continua fluindo, produzindo bons frutos, o que dá alento e esperanças ao torcedor. Alguns desses meninos podem fazer bonito já no campeonato baiano e, quem sabe, levar de volta o time, já nessa próxima temporada, à Série A do Brasileirão, a grande meta rubronegra de agora.
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Já o Bahia, estreou com o time sub-20 amargando uma derrota (2 x 1) para o Cruzeiro, jogando feio, encolhido, sem poder ofensivo. No segundo jogo, nesse sábado, venceu por 1 x 0 o Flamengo, jogando um pouco melhor, encarando o time carioca. Mas o fato é que o time não mostra grande evolução desde a Copa São Paulo do início de 2011, quando foi vice - perdendo o título para o mesmo Flamengo. O time está jogando muito atrás, defendendo-se bem , mas sem jogadas de ataque, sem velocidade nos contragolpes, tocando muito pro lado, dando chutões, apenas o centroavante Rafael na frente. O treinador Laelson Lopes precisa tirar o medo da garotada, jogar como time grande... com mais competitividade.
Ou essa garotada pode não render o que se espera quando for aproveitada no time de cima, uma promessa de Joel Santana para 2012. O Bahia precisa fazer uma base com jogadores novos, da casa, e alguns reforços de fora, diferenciados. O time tem como metas, esse ano que entra, vencer o Campeonato Baiano (há 10 anos não vê o título), fazer uma boa Copa do Brasil, encarar a Sulamericana e buscar no Campeonato Nacional (Primeira Divisão) uma classificação para a disputa da Libertadores de América. Precisa de elenco forte, de reforços de qualidade, de plantel com bons reservas e muita força física, vontade, pra agüentar o tranco. A torcida merece um time melhor, bem melhor que o deste ano que finda.
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O Barça encanta
Viajando pra Europa ... No sábado, o Barcelona voltou a vencer o rival Real Madrid, no maior clássico espanhol, duelo entre duas das melhores , mais poderosas equipes do planeta. O time catalão de Xavi, Iniesta, Messi, Daniel Alves, Piquet e companhia deu mais um show no Santiago Bernabeu, o santuário do Real, em Madrid, quebrando uma longa invencibilidade do time de Cristiano Ronaldo (apagado), Casiilas (salvou op time de um placar mais elástico), Ozil, Kaká, Marcelo, Xavi Alonso, Benzema etc... O jovem e discreto treinador Guardiola continua aplicando chocolates no posudo Mourinho. Este ano só deu Barça !!!
Pois é esse mesmo Barcelona de toque de bola envolvente, com craques de habilidade e técnica acima do normal, tido como a melhor equipe de futebol do planeta neste século XXI pelos que amam o mundo da bola, que vai enfrentar provavelmente o Santos de Neymar e Ganso, pelo titulo mundial, semana que entra, em Tókio. Jogo pra não se perder um segundo de bola rolando. Quem sabe o time brasileiro, muito menos valioso ($$$) que o catalão, ganha o jogo, belisca o título de Campeão Mundial e Neymar se consagra de vez para o mundo? Expectativa !
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Vendo uns lances geniais de Neymar e Messi, reflito: O que alguns conseguem fazer aqui e acolá, esse dois fazem bem mais ... e Pelé fazia em abundância e variedade, jogo a jogo: gols, jogadas, dribles, plástica, inteligência e astúcia, invencionices mis até ver a bola nas redes, prazerosa. O trono, a coroa e o cetro do REI continuam à espera de um sucessor real. Alguns chegaram perto, como Maradona, Zico, Romário, Ronaldo ... Mas os números de Pelé, a continuidade de sua era, a perfeição do ‘negão' em todos os fundamentos continuam imbatíveis, fazendo a grande diferença.
Messi, o argentino, a pulga, é um jogador excepcional, tem 24 anos, mas não venceu uma Copa e não atua bem com a camisa da seleção de seu país. É habilidoso, driblador, tem ótima visão de campo, bom repertório de jogadas, mas trabalha pouco com a direita e, baixinho, quase não usa a cabeça. No Barcelona, ao lado de Xavi, Iniesta e Dani Alves ele arrebenta, precisa da equipe para mostrar seu jogo de encher os olhos.
Neymar tem apenas 19 anos, um repertório mais amplo de jogadas, improvisos, finaliza bem. Ainda carece de corrigir excessos de individualismo e algumas manhas, vícios de jogador brasileiro (cair muito, provocar, pedir faltas...). Até agora só vestiu a camisa do Santos e a amarelinha da seleção. Tem muita bola pela frente!
Só o futuro, a continuidade dos jogos, das competições, os gols, os títulos, as copas do mundo que virão vão determinar quem, de fato, é candidato ao trono até hoje vago do Rei Pelé.
Torço por Neymar. Às vezes, em campo, ele me lembra Mané Garrincha, parece um poema de Manoel de Barros no trato com a bola.
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