GENEBRA - Suspeitas de corrupção obrigam um dos cartolas mais poderosos do mundo, João Havelange, a deixar o Comitê Olímpico Internacional e terminam com quase meio século de influência do brasileiro na cúpula do esporte. Nesta semana, a entidade tomaria uma decisão sobre o brasileiro, diante da investigação conduzida por seu comitê de ética.
Para evitar ser condenado e expulso da organização, João Havelange optou por enviar uma carta anunciando que estava se retirando de suas funções por 'problemas de saúde'.
O caso terá uma repercussão direta sobre o futuro de Ricardo Teixeira na Fifa, já que a suspeita investigada se refere não apenas a Havelange, mas também ao presidente da CBF.
Ao pedir sua demissão por motivos de saúde, Havelange consegue assim evitar o pior: ficar manchado com a constatação pública de corrupção nos anos em que ele comandou a Fifa com braço de ferro.
Pelas regras do COI, a renúncia encerra o caso e a investigação é obrigada a ser abandonada. Não haverá como o comitê de ética anunciar seus resultados e se de fato concluiu que Havelange era culpado por corrupção.
Há seis meses, o estadão.com.br revelou com exclusividade que o COI havia aberto investigações em torno de ex-homem forte do futebol mundial por conta de alegações de corrupção. O que pesa sobre Havelange é justamente o caso envolvendo a ISL, empresa que vendia direitos de TV da Fifa. Um tribunal suíço concluiu, segundo a rede 'BBC', que Havelange seria um dos que se beneficiavam do pacote. A propina chegaria a 6 milhões de libras esterlinas, segundo os britânicos.
A revelação das informações obrigou o COI a abrir um processo, que inclui também o africano Issa Hayatou, vice-presidente da Fifa e também membro do COI.
Havelange era o mais antigo membro do COI. Depois de ser nadador olímpico em 1936, o brasileiro passou a fazer parte da entidade em 1963. Nos anos 70, foi eleito presidente da Fifa e ainda ocupa cargo de presidente de honra. Em 2009, tomou a palavra no Congresso do COI para pedir que os membros da entidade o dessem um presente para seu centésimo aniversário, em 2016: os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro no estádio com seu próprio nome.
O apelo funcionou. Mas, diante da suspeita de corrupção, o comitê de ética não teve o mesmo comportamento.