O campeão mundial dos pesos-pesados do UFC, Júnior Cigano, desembarcou em Salvador na quinta-feira e foi recebido com toda a pompa de um herói nacional. Amigos e familiares do lutador, além de diversos representantes das artes marciais na Bahia, lotaram o saguão do aeroporto internacional de Salvador para receber Cigano. Diversos fãs aproveitaram para saudar o brasileiro que conquistou o mundo, e até uma pequena banda de sopro marcou presença para homenagear o campeão.
Entre as presenças ilustres, estavam o ex-campeão mundial de boxe Acelino Popó de Freitas e o treinador Luiz Dórea, técnico da seleção brasileira de boxe e treinador de diversos talentos da modalidade no Brasil - como o próprio Popó, além de outros grandes nomes do MMA, como Rodrigo Minotauro e Rogério Minotouro.
Conhecedor do mundo dos ringues, Popó falou sobre o momento do amigo e lembrou que viveu emoções semelhantes.
- Eu passei por esse momento algumas vezes na minha carreira e sei o quanto é especial essa recepção. Estamos muito felizes pelo Cigano e temos que apoiar este momento. Festejar com ele.
Chegada conturbada, com direito a trilha sonora
Catarinense de nascimento, Júnior Cigano pôde sentir o calor do povo baiano. Ao som de "Eye of the tiger" (trilha sonora dos filmes do personagem Rocky Balboa), executada pela banda de sopro que aguardava no saguão, o lutador deixou a área de desembarque do aeroporto junto com o campeão mundial de boxe amador na categoria meio-médio-ligeiro, Everton Lopes. Cigano logo foi rodeado por centenas de pessoas no saguão e teve dificuldade para chegar ao carro de bombeiros, no qual foi até o Centro Administrativo da Bahia.
- É tudo nosso! É de vocês! É da Bahia - afirmou, ao entrar no meio da festa que o aguardava no aeroporto.
Dentro do carro de bombeiros, o lutador seguiu para a Governadoria do Estado, no Centro Administrativo da Bahia, onde foi recebido pelo governador Jaques Wagner. Agricultores que protestavam em frente à sede do governo pararam a manifestação para homenagear Cigano.
Ao entrar na Governadoria, o lutador fez questão de agradecer o apoio recebido pelos baianos:
- Já me sinto baiano, porque comecei a lutar aqui, virei campeão aqui. A Bahia é muito importante para mim - disse o campeão mundial, que saiu de Caçador, interior de Santa Catarina, para ser garçom em Salvador, onde começou a praticar jiu-jítsu. Há seis anos o lutador se tornou profissional.
Promessas e um novo exemplo
Cigano, sua esposa e seu treinador, Luiz Dórea, se reuniram com o governador Jaques Wagner e o vice, Otto Alencar. Também estiveram presentes ao encontro Everton Lopes e sua mãe, e Acelino Popó Freitas. Na recepção, o governador ressaltou que o encontro era muito mais um agradecimento do que uma homenagem.
- Esse momento é muito mais um agradecimento por ter levado o nome da Bahia ao mundo. Além disso, quando você vira um campeão, vira referência. Tem gente que quer ser o Ayrton Senna, tem gente que quer ser o Popó, e agora vai ter muita gente querendo ser o Cigano. Isso é muito bom, porque precisamos de gente que sirva de exemplo para essa garotada. Vamos pensar em alguma forma de ajudar esse esporte. A imagem do Cigano é importante para que possamos passar uma mensagem para nosso povo. Eu o respeito muito porque sei do sacrifício que foi para ele chegar até aqui. Foi garçom antes de começar a lutar, e teve uma caminhada de muita luta - disse Wagner.
A comitiva do campeão mundial de UFC também questionou o governador sobre a falta de estrutura para a prática do esporte no estado. O governador admitiu que a modalidade pode ter mais apoio.
- Eu quero, inclusive, a ajuda de vocês para que a gente pense em um projeto que ajude. Não podemos prometer o paraíso, mas não custa nada diminuir a dificuldade. Além disso, nosso secretário de esportes, Nilton Vasconcelos, ficou responsável por dar seguimento às negociações com o pessoal do UFC, que já nos visitou, sobre a possibilidade de um evento aqui em Salvador - disse o governador.
Segundo Wagner, um ginásio será construído na capital baiana, ainda sem previsão de entrega, e poderá receber eventos esportivos de grande porte. Júnior Cigano se mostrou esperançoso com a possibilidade.
- Se tivermos um card aqui na Bahia será fantásitico. O MMA é muito forte aqui. O trabalho do Dórea é reconhecido mundialmente e eu, o Everton, o Popó, o Minotauro, Minotouro, somos todos exemplos disso.
Estratégia na luta
Sobre a luta do último sábado, quando derrotou mexicano-americano Cain Velásquez, Cigano disse que, devido às dores no joelho esquerdo, decidiu usar a estratégia de não ir ao solo.
- Eu sabia que não poderia ir para o chão, porque eu já estava sentindo o joelho. No chão, eu estaria vulnerável. Ele chutou meu joelho algumas vezes, então era o momento de definir. E, graças a Deus, deu tudo certo. Saiu como a gente esperava. Trabalhamos muito por esse momento - contou Cigano.
Após o título, o lutador pretende descansar um pouco. O campeão será submetido a uma cirurgia no menisco do joelho esquerdo. Ele deve realizar fisioterapia por três a quatro meses antes de voltar a treinar, e, em seguida colocar o cinturão em jogo