David Raison aciona o turbo
Muito bem colocado entre seus principais protagonistas e a costa brasileira, David Raison (747 - TeamWork Evolution), foi o primeiro, na noite passada, a alcançar o tão esperado fluxo de setor leste. Vento de través, uma configuração particularmente apreciada pelo seu protótipo, ele começou, depois de um impressionante trabalho de sape, a aumentar a cada hora, sua vantagem sobre alguns competidores que escaparam das garras da calmaria que devora em sua esteira, a frota dos protótipos e dos barcos de série.
Com a « cabeça para o lado inverso », desde sua virada no meio da manhã para o hemisfério Sul, David não pára de acelerar e de abrir vantagens que dificultarão a vida de seus perseguidores. Tanto Thomas Normand (787 - Financière de l'Echiquier), em segundo lugar, a mais de 38 milhas, como Bertrand Delesne (754 - Zone Large), terceiro lugar, a mais de 84 milhas ou ainda Antoine Rioux (800 - Festival des Pains), na quarta posição a mais de 100 milhas, parecem impotentes diante da velocidade alcançada pelo surpreendente TeamWork Evolution.
Como « um tapete vermelho » que se estende diante da estranha obra viva, fruto da inventabilidade de seu engenheiro naval e skipper. Ele vai explorar um alísio de leste/sudeste cada vez mais estável e que facilitará a aproximação do Continente Sul americano. Parece que todo mundo já entendeu que muito provavelmente, e salvo por problemas técnicos, nada ou ninguém poderá impedir o triunfo de David em Salvador, no próximo domingo.
Thomas Normand, Bertrand Delesne e Antoine Rioux irão, certamente, tentar. Mas eles sabem que as performances desse veleiro « futurista » são assinadas por um curioso marujo, autor de uma excelente primeira etapa, e que livrou de um Pot au Noir diabólico com habilidade e tranquilidade. Com seu veleiro em harmonia com o vento e com o mar, sob um céu enfim clareado, David está colhendo as inenarráveis alegrias do que ele plantou há algum tempo.
Noite tranquila
Depois de uma prova de fogo desde a passagem das ilhas do Cabo Verde há 5 dias, a Direção da prova e toda a frota, assim como os veleiros de escolta, puderam passar uma noite tranquila sem o som do alarme de uma baliza de emergência que provoque preocupação. A Zona de Convergência Intertropical se desloca com a frota e provoca uma redução das velocidades, lá onde os solitários, severamente testados, esperam as premissas do alísio.
Na categoria de barcos de Série, o páreo está longe de ser decidido diante dos caprichos dos alísios compelindo a vontade de escapar de um Benoît Mariette (599 - Odalys Vacances) muito incisivo, na noite passada, com uma vantagem mantida por algumas horas, de mais de 13 milhas sobre Vincent Kerbouriou (435 - CGGVeritas). Na ausência de regime de leste, como aquele que empurrou David Raison, Mariette ainda precisa se debater com as oscilações, ao sudeste, de um vento, que por hora está anêmico. Enquanto Vincent Kerbouriou e Clément Bouyssou (514 - Douet Distribution) protagonizam seu impiedoso episódio de « Match race oceânico », Jean-Marie Oger (774 - Brazil Forest-E.Leclerc), ainda na 4a. posição, insiste sobre a rota direta. Um eixo de aproximação que favorece Gwénolé Gahinet (455 - Asso Watever-gwenolegahinet.com) e o holandês Robert Rosen Jacobson (602 - NED602), respectivamente em 6o. e 7o. Lugar, de uma frota cada vez mais alongada em latitude e concentrada em longitude. Os dois solitários mais extremos, Renaud Mary (535 - runo.fr) empoleirado no oeste com um belo 10o. Lugar na classificação, e Eric Llull (566 - Noble Cocoa) que escapa com ligeireza da armadilha oriental, estão agora sobre rotas convergentes a 175 milhas de distância.
A imagem...
Disponível no site da regata http://www.charentemaritime-bahia.transat650.net/fr/, a belíssima imagem realizada pela tripulação do veleiro de escolta Pen Ar Clos II, no momento do resgate do jovem navegador australiano Scott Cavanough, forçado a abandonar seu Proto 797 - brainchild.org.au. Scott se segura na varanda do veleiro que vai levá-lo, apesar de tudo, ao Brasil. Ele cumprimenta a jovem americana Emma Creighton (574 - Pocket Rocket) que, espontaneamente, foi até o local do incidente para oferecer assistência durante as manobras de resgate do jovem Scott. Código do mar, Código de conduta da categoria, simples gesto humanitário ou solidariedade de marinheiros? O gesto de Emma foi emblemático para esse restrito universo dos marinheiros que a cada dois anos enfrentam o Atlântico, em seus pequenos veleiros de competição. Scott perdeu o seu barco e três anos de esforços e de comprometimento imoderado. Com um último olhar, modesta e apagada na prova, Emma voltou para a competição.
Classificação dos Protótipos em 26/10/2011 às 12h00 (hora francesa) - 33 inscritos
1. David Raison (747 - TeamWork Evolution) a 1 274,17 milhas da chegada
2. Thomas Normand (787 - Financière de l'Echiquier) a 10,99 milhas do líder
3. Bertrand Delesne (754 - Zone large) a 28,79 milhas do líder
Classificação dos Barcos de Série em 26/10/2011 às 12h00 (hora francesa) - 46 inscritos
1. Benoit Mariette (599 - Odalys Vacances) a 1 403,36 milhas da chegada
2. Vincent Kerbouriou (435 - CGGVeritas) a 4,12 milhas do líder
3. Clément Bouyssou (514 - Douet Distribution) a 5,06 milhas do líder