No frio de Curitiba, com o gramado do Couto Pereira pesado, diante de um adversário que não costuma perder pontos em casa, sem Marcos e sem o capitão Titi, o Bahia conseguiu um bom resultado na boca da noite de domingo ( 0 x 0 contra o Coritiba) e está a seis pontos da zona de rebaixamento, em 14º lugar na tabela de classificação. Joga no próximo fim de semana contra o Vasco da Gama , em Pituaçu; é jogão pra casa cheia!
A partida foi bem disputada, boa de ver, sem muitas faltas e um boa arbitragem (quem diria!). O Coritiba teve mais posse de bola nos dois tempos, mas o Bahia (sobretudo na primeira etapa) chegou mais, criou mais e melhores chances de gol, em função do bom esquema armado por Joel Santana, fechadinho atrás mas ousado na saída de bola, com as arrancadas de Dod? e Jones.
No começo, o Coritiba tentou pressionar, mas aos 4' Dod? arriscou de fora e Vanderlei fez uma grande defesa. Aos 6' Dod? cruzou e Souza testou pra fora. Aos 8' Jonnes levou a defesa na velocidade mas caiu na área na hora do chute. Só aos 24', o Coritiba, que tocava mais a bola, ameaçou, com Rafinha, que passeou em cima de Marcone e arrematou para boa defesa de Lomba. Aos 25', Dod? arrancou e de frente disparou para outra ótima defesa do goleiro. Aos 26, Fahel chutou sem goleiro e o zagueiro salvou de cabeça em cima da linha. Aos 43 e 44' Lomba segurou dois arremates de fora da área de Marcos Aurélio.
O segundo tempo foi mais do time da casa que pressionou, mas não conseguiu penetrar, chutou sempre de fora e Lomba apareceu muito bem. O Bahia criou apenas duas chances, com Helder e Dod?, mas Vanderlei também trabalhou bem.
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Destaques no Bahia para o jovem lateral Dod?, o miolo da zaga seguro (Dany Moraies e Paulo Miranda), Fabinho que conseguiu parar Rafinha no segundo tempo, Jones pela correria e o sempre seguro Lomba. Louvor também para o experiente treinador Joel Santana, que enxerga, escala bem e substitui no momento certo. Armou um esquema perfeito e por pouco não trás os três pontos do Sul.
No Coritiba, os melhores foram o goleiro Vanderlei e o insinuante Rafinha, baixinho criativo, perigoso.
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Ás vésperas da Copa do Mundo no Brasil, pipocam os escândalos, denúncias de sujeiras, aqui e ali. É o Ricardão da CBF, sempre ele, é o ministro Orlando acusado de receber propina, é dirigente batendo boca, é diretor envolvido com as máfias das torcidas uniformizadas, são arbitragens nitidamente armadas ... É também a dinheirama para a Copa 2014 sendo disputada desavergonhadamente (políticos e empresários na mesa do jogo), distribuída sem que a gente saiba como e pra quem, e não se vê nada acontecendo no campo da infraestrutura nas cidades onde vão acontecer os jogos...
Veja o caso de Salvador, uma cidade em estado de abandono, desgovernada, com praias e o centro histórico que nos envergonham, um sistema de transporte infame, um trânsito caótico, ocupação desordenada, nenhuma segurança nas ruas, nos bairros ...
Fora das quatro linhas o futebol tornou-se uma sujeira. É fato.
Essa semana um atleta do Palmeiras foi agredido na porta da loja do clube por um grupo de marginais (de torcida uniformizada) e os diretores do clube se posicionaram do lado dos agressores ! E o bate-boca diante das câmaras dos presidentes do São Paulo e do Corínthians , viram o nível? E Orlando, o Ministro dos Esportes, hum ? Diz ele que ‘nunca' recebeu propina! Acredito! Baianíssimo, o danado!
As vezes sinto nojo, argh! O futebol virou ‘busine$$', jogatina de mercado, cheio de agentes, empresários, diretores sem escrúpulos, interesses sem transparência, quase sempre ocultos.
Os atletas, os jogadores , a bola ... tornam-se detalhes. O jogo de bola não merece. A bola é maior do que eles.
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Uma coisa boa !
O filme ‘Bahêa Minha Vida', em cartaz, é muito mais que um documentário sobre o time do Bahia, é um filme sobre a paixão pela bola, pelo futebol, a loucura que enfeitiça o torcedor. Claro que o azul, vermelho e branco é o pano de fundo na telona. Emocionante, de verdade. Um programa pra quem gosta de bola, independente de se torcer ou não pelo Bahêa. De vera.
Só tenho um reparo a fazer, como amante da bola e do tricolor: senti falta de um pouco de Roberto Rebouças, o grande capitão, ídolo, símbolo de pura raça, um dos maiores zagueiros que vi jogar em minha vida (olha que fui à Fonte Nova pela primeira vez em 1954).
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No mais... Ser Bahia é sofrer sem abalos a perda de uma Copa do Mundo; mas penar de doer a alma, como a ida um ente amado, ante a mísera derrota num BaVi qualquer.