Na condição de azarão desde a primeira fase, o Japão conquistou a Copa do Mundo de futebol feminino na tarde deste domingo, em mais uma das zebras que protagonizou no decorrer do torneio. No Estádio de Frankfurt, as asiáticas venceram o time dos Estados Unidos, bicampeão mundial, após estarem atrás duas vezes no placar. Com o fim da prorrogação em 2 a 2, o país oriental fez história com uma vitória de 3 a 1 nos pênaltis.
Vinda do banco de reservas, Alex Morgan fez o que parecia ser o gol do título americano até Miyama empatar, se aproveitando de sequência de falhas da defesa adversária.
A honra de decidir parecia que caberia então a Wambach, que marcou de cabeça aos 9min do primeiro tempo da prorrogação e chegou ao seu décimo-terceiro gol em Mundiais, um a menos que as recordistas Marta e a alemã Birgit Prinz.
Mas o Japão buscou forças e conseguiu igualar mais uma vez aos a três minutos do final, com Sawa, que, com cinco gols em todo o torneio, se tornou artilheira do campeonato.
Nos pênaltis, Box, Lloyd e Heath desperdiçaram suas cobranças, sendo Wambach a única a converter pelo lado americano. Dentre as japonesas, apenas Nagasato perdeu, mas Miyama, Sakaguchi e Kumagai, precisas, fizeram do Japão campeão mundial pela primeira vez, em um ano difícil para o país, que passou por um dos piores terremotos da história.
Na campanha, o time da técnica Pia Sundhage começou decepcionando ao terminar na segunda colocação em um grupo com Suécia, Colômbia e Coreia do Norte. Mas se recuperou na fase mata-mata, batendo o Brasil, nos pênaltis, e a França, antes de chegar a final.
O surpreendente time japonês também ficou na vice-liderança do seu grupo, composto por Inglaterra, México e Nova Zelândia. Nas quartas de final, bateu a anfitriã e bicampeã mundial Alemanha na prorrogação. No caminho até a decisão, ainda passaram ainda pela Suécia.
O jogo
Foram 25 jogos entre Estados Unidos e Japão na história (22 vitórias americanas e 3 empates). Em 2011, em três confrontos amistosos, vitórias americanas por 2 a 1 (na Copa Algarve, em Portugal) e 2 a 0 duas vezes (em dois desafios em Ohio, no mês de maio).
O favoritismo era escancarado: de um lado, a equipe da goleira Hope Solo carregava a tradição de dois títulos mundiais e três medalhas de ouro olímpico. Do outro, uma equipe que até a edição atual havia vencido apenas três em dezesseis jogos de Copas do Mundo e foi apenas terceira colocada na última Copa da Ásia.
Aproveitando o aparente nervosismo das japonesas, especialmente na defesa, as americanas começaram pressionando e criaram duas boas chances com Wambach nos primeiros vinte minutos. As orientais erravam passes e não conseguiam sair do próprio campo.
O gol dos Estados Unidos parecia questão de tempo, apesar da maioria dos chutes errar o alvo. Aos 28min, Wambach, na melhor finalização até o momento, acertou o travessão adversário, em um belo chute na entrada da área, desmoralizando ainda mais o time japonês, perdido na partida, apesar de manter alguma posse de bola.
As asiáticas, no entanto, chegaram a final do Mundial surpreendendo todos as suas oponentes. E quando chegaram pela primeira vez ao gol adversário criaram a melhor oportunidade até então: lançada cara a cara com Hope Solo, a meia Ando teve uma chance clara de abrir o placar, mas chutou muito fraco.
O lance marcou o crescimento do Japão no jogo, que ficou mais equilibrado. Foram mais duas chegadas da equipe em cinco minutos, todas, porém, desperdiçadas por má finalização.
No intervalo, substituição nos Estados Unidos: Cheney, com problema no tornozelo, deu lugar a Alex Morgan, que, logo no início da etapa complementar, acertou um perigoso chute na trave, aos 9min.
Os Estados Unidos voltaram a dominar, porém Wambach chutou para longe quando recebeu pelo lançamento de Lloyd. Aos 19min, novamente a atacante teve grande chance, em cabeçada que exigiu difícil defesa de Kaihori.
Aos 21min, o técnico japonês Norio Sasaki promoveu duas substituições de uma só vez: Ohno deu lugar a Maruyiama (aotura do gol na prorrogação que eliminou a Alemanha) e Nagasato entrou na vaga de Ando, percebendo o momento crítico de suas comandadas.
A pressão americana finalmente se transformou em um gol aos 24min, quando Morgan mostrou sua estrela e, em uma arrancada digna de futebol americano, venceu a marcação japonesa ao receber lançamento de Rampone e finalizou forte no canto direito, em um chute indefensável para Kaihori.
O tricampeonato mundial parecia conquistado, mas o Japão não se abateu e buscou o empate: aos 35min, Miyama aproveitou sequência de falhas da defesa americana e surpreendeu. A final foi para a prorrogação e ainda reservava muitas outras emoções.
Aos 9min, Wambach colocou os Estados Unidos em vantagem novamente, de cabeça, aproveitando cruzamento de Morgan. Mas o Japão não se entregou e empatou aos 12min da segunda etapa, com Sawa, que chegou ao quinto gol e se tornou artilheira da competição.