O sorriso de Larissa Riquelme sempre encantou os brasileiros. Mas neste sábado, a alegria da musa contrastou com a decepção e a péssima atuação da Seleção comandada por Mano Menezes. No Estádio Mário Alberto Kempes, em Córdoba, a equipe canarinho conseguiu um empate de 2 a 2 com o Paraguai graças a um gol heroico de Fred aos 44 minutos do segundo tempo. O time de Mano Menezes agora terá que vencer o Equador, quarta-feira, para se classificar para as quartas de final da Copa América sem depender de outros resultados.
Barrado, Robinho assistiu ao jogo do banco de reservas. Preterido por Mano para a entrada de Jadson, ele chegou até a aquecer, mas sequer entrou em campo. O antes inquestionável Neymar deixou o gramado vaiado. E, pela quarta vez consecutiva, os torcedores pediram pela entrada de Lucas, o que só ocorreu no segundo tempo. Até faixa para Marta foi exibida no Mário Kempes, que ainda ouviu gritos de "olé" da torcida guarani. Jadson abriu o placar para a Seleção, e Roque Santa Cruz e Valdez marcaram para os paraguaios.
Com o empate, Brasil e Paraguai somam dois pontos e dividem a vice-liderança provisória do Grupo B. Quem está na ponta é a Venezuela, que derrotou o Equador, por 1 a 0, em Salta, no complemento da rodada, também neste sábado.
Na próxima quarta, a Seleção encara o Equador novamente em Córdoba, às 21h45m (de Brasília), na última partida da primeira fase da Copa América. O Paraguai enfrenta a Venezuela, pouco antes, às 19h15m, em Salta. A última vez que o Brasil não conseguiu vencer nas duas primeira rodada da Copa América foi há 18 anos, em 1993: 0 a 0 com Peru (18/06/93) e 3 a 2 para o Chile (21/06/93).
Com Jadson na vaga de Robinho, Seleção começa mal etapa inicial em Córdoba
A Seleção entrou em campo com uma surpresa de Mano Menezes. Jadson na vaga de Robinho. Com o apoiador do Shakhtar Donestsk, o esquema saiu do 4-3-3 para o 4-4-2. Mesmo com a alteração, o time começou mal a partida, perdido em campo.
Percebendo tal situação, o Paraguai quase abriu o marcador aos 2 minutos. Barrios lançou para Roque Santa Cruz já dentro da área. Da marca do pênalti e de frente para Julio César, o atacante errou feio o gol.
Santa Cruz, por sinal, não balançava a rede desde maio de 2010 em um amistoso do Paraguai contra a Coreia do Norte antes da Copa da África do Sul. Após o lance, a Seleção Brasileira seguiu errando passes, precipitando jogadas. A partir dos dez minutos, os zagueiros tentaram o artifício de explorar a velocidade de Alexandre Pato. Outro pouco inspirado no jogo.
A primeira chance clara da Seleção só aconteceu aos 19. Ganso tocou para Jadson na entrada da área, que tocou de primeira para Pato. O atacante recebeu na marca do pênalti e tentou driblar Villar, que se recuperou e tocou na bola no momento do chute. No banco, Mano mostrava insatisfação com mais um lance perdido. O camisa 10 da Seleção, por sinal, tinha lampejos. Ora com boas jogadas, ora com passes no fogo para os companheiros.
Torcida pega no pé de Jadson, que abre o placar para o Brasil
A partir dos 25, os torcedores brasileiros no Estádio Mario Kempes passaram a pegar no pé de Jadson. A cada toque na bola do apoiador, vaias. Os gritos de Lucas começaram a ecoar na arquibancada. Até mesmo o nome da atacante Marta, destaque da Seleção Brasileira feminina que disputa a Copa do Mundo na Alemanha foi gritado.
- Olê, olê, olê, olá, Marta, Marta - gritavam os torcedores.
E Jadson parecia sentir as vaias. Aos 32 levou cartão amarelo após entrada dura na intermediária de ataque. Cinco minutos, ele poderia até ter sido expulso pelo árbitro Wilmar Roldan após derrubar Barrios em um contra-ataque paraguaio. Novas vaias e gritos por Lucas ecoaram no estádio de Córdoba.
Mas o futebol dá voltas. Aos 39, Jadson recebeu de Ganso na entrada da área e bateu forte à direita de Villar: 1 a 0 Brasil. Na comemoração, o jogador desabafou, colocou a mão no ouvido, pedindo uma reação positiva dos torcedores que o vaiaram durante a etapa inicial. O tento foi o primeiro de fora da Copa América.
Na tribuna de imprensa, o analista de desempenho, Rafael Vieira, membro da comissão técnica de Mano, socava à mesa a sua frente em sinal de desabafo, comemorando o gol do apoiador.
Mesmo com o resultado positivo após o fim do primeiro tempo, Mano deixou o gramado ouvindo os gritos de burro de um grupo de torcedores inconformados com a escalação da Seleção
Com cartão amarelo, Jadson é substituído no intervalo
Na volta para o segundo tempo, Mano optou por sacar Jadson, que havia levado o amarelo e poderia ter sido expulso antes do gol. O comandante optou pela entrada de Elano. O trio campeão da Libertadores pelo Santos estava formado, com o meia, Paulo Henrique Ganso e Neymar. Com eles, o Brasil passou a explorar os contra-ataques. Mas o Paraguai não estava morto. E um goleador adormecido acordou.
Santa Cruz recebeu sozinho ótimo passe de Barrios já dentro da área e bateu à direita de Julio César,que nada pôde fazer. O goleador acabou com o jejum de mais de um ano sem balançar a rede e se tornou o maior goleador de sua seleção, com 25 tentos, ao lado de Saturnino Cardozo. Festa da modelo Larissa Riquelme, que estava no estádio acompanhando a partida, e dos torcedores paraguaios, maioria em Córdoba.
Logo após o gol, os gritos por Lucas voltaram a ecoar no estádio. Mesmo assim, o jogador do São Paulo seguia no aquecimento. Em campo, o maestro de Mano, Paulo Henrique Ganso, desafinava. Acertava pouco. Os passes não eram precisos, os dribles não funcionavam. Neymar também não conseguir repetir as boas atuações do Peixe.
Neymar perde gol, Valez não perdoa: 2 a 1 Paraguai. Fred empata no fim
O ataque da Seleção seguia sem pontaria. Nervosismo? Aos 20, Neymar pareceu não saber o que fazer com a bola. Ganso fez um lindo lançamento para o atacante, que ficou de frente para Villar. Em vez de finalizar de canhota, o camisa 11 preferiu chutar de direita e errou o alvo, deixando o arqueiro paraguaio evitar o segundo tento canarinho.
Na sequência, o Paraguai aproveitou mais uma falha da defesa brasileira para virar o
jogo. Aos 22, Haedo Valdez recebeu dentro da áream chutou para defesa de Julio César, mas deu sorte de a bola bater em seu corpo antes de morrer no fundo do gol: 2 a 1. Com a desvantagem no placar, Mano atendeu o pedido da arquibancada e sacou Ramires para a entrada de Lucas. A Seleção seguiu mais perdida do que na etapa inicial, errando muitos passes.
Enquantos os brasileiros buscavam o empate, os paraguaios tocavam a bola. Em outros tempos impensável, os gritos de olé eram a favor dos rivais canarinhos e não do time de amarelo. No fim, Fred amenizou mais um tropeço da Seleção. Aos 44, o jogador recebeu passe dentro da área, girou e chutou sem chance para Villar. Tudo igual em Córdoba.
Julio César, Daniel Alves, Lúcio, Thiago Silva e André Santos; Lucas Leiva, Ramires (Lucas), Paulo Henrique Ganso e Jadson (Elano); Neymar (Fred) e Alexandre Pato. | Villar, Verón, Da Silva, Alcaraz e Torres; Vera, Riveros (Cáceres), Estigarribia (Martinez) e Ortigoza; Santa Cruz e Barrios (Valdez). |
Técnico: Mano Menezes | Técnico: Gerardo Martino |
Gols: Jadson, aos 39 minutos do primeiro tempo; Santa Cruz, aos dez minutos, Valdez, aos 22 minutos, Fred, aos 44 minutos do segundo tempo. Cartões amarelos: Jadson, Lucas Leiva e Alexandre Pato (Brasil); Barrios (Paraguai) | |
Árbitro: Wilmar Roldan (COL) Auxiliares: Humberto Clavijo e Francisco Mondria | |
Estádio: Mario Alberto Kempes, em Córdoba (ARG) |