Ainda não foi desta vez que a Seleção de Mano Menezes venceu uma grande adversária. Sequer foi a vez que fez um gol contra uma rival de respeito. Diante da Holanda, neste sábado, o Brasil ficou no empate em 0 a 0 em seu reencontro com a torcida brasileira no Serra Dourada, em Goiânia. Irregular em campo, a equipe foi comandada por Neymar e alternou momentos de bom futebol com outros sem criatividade.
Anteriormente, o Brasil de Mano Menezes enfrentou dois adversários de respeito, e para ambos perdeu por 1 a 0. Primeiro, contra a Argentina, em 17 de novembro do último ano. Depois, diante da França, em 9 de fevereiro deste ano. Assim como contra os franceses, a Seleção teve um jogador expulso. Ramires, aos 33min da etapa final, deixou os brasileiros em inferioridade numérica.
O confronto deste sábado no Serra Dourada marcou dois reencontros. A Seleção Brasileira jogou novamente diante de seus torcedores pela primeira vez desde 14 de outubro de 2009, quando empatou com a Venezuela sem gols no Morenão, em Campo Grande, pela última rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo 2010.
Embora não possa ser vista como uma revanche, a partida também serviu para brasileiros e holandeses se enfrentarem novamente depois do último Mundial, em que a Holanda bateu o Brasil por 2 a 1 nas quartas de final da Copa 2010. Dez jogadores daquela fatídica tarde atuaram no Serra Dourada: quatro do lado brasileiro (Julio Cesar, Daniel Alves, Lúcio e Robinho) e seis da equipe visitante (Van der Wiel, Heitinga, De Jong, Kuyt, Robben e Van Persie).
Em seu último teste para a Copa América, o Brasil de Mano Menezes volta a jogar na próxima quarta-feira, no Pacaembu, contra a Romênia. Será o sétimo compromisso da Seleção, que se despede de Ronaldo, homenageado do amistoso em que Mano fecha a lista para sua primeira competição oficial com a equipe brasileira.
Primeiro tempo: algumas vaias
e nenhum chute a gol dos brasileiros
Sem poder contar com Alexandre Pato e Paulo Henrique Ganso, membros prováveis de seu time ideal, Mano Menezes resolveu fazer experiências contra a Holanda. A armação de jogadas ficou dividida entre Elano, à direita, e Ramires, à esquerda. Leandro Damião, bem em sua estreia contra a Escócia, deu lugar a Fred, titular de Mano pela primeira vez.
Já a Holanda, com seis titulares da equipe que tirou o Brasil da última Copa do Mundo, repetiu seu habitual sistema de 4-2-3-1, com espaço para jovens como o goleiro Krul (22 anos), o lateral esquerdo Pieters (22 anos) e o volante Strootman (21 anos). Sem Sneijder, coube a Afellay, do Barcelona, a responsabilidade de armar as jogadas.
Em 45 minutos, foi a Holanda de Afellay a equipe mais efetiva dentro de campo. No início, o Brasil até transmitiu a ideia de que poderia ser mais perigoso: Neymar, pela ponta esquerda, animava o público presente ao Serra Dourada com arrancadas para cima do lateral Van der Wiel. Com 11min, o Brasil até assustou. Robinho recebeu diante do goleiro milímetros à frente da linha de impedimento. A arbitragem parou o lance, mas Ramires chegou a empurrar para dentro do gol.
Fred, apagado em seu retorno à Seleção, só apareceu mesmo em jogada com Heitinga. Dentro da área, ele tentou levar a marcação e pediu pênalti, corretamente não marcado por Amarilla. Aos poucos, a Holanda começou a se aproveitar dos muitos erros de passes do Brasil e ameaçou duas vezes seguidas.
André Santos perdeu bola bola no meio-campo e deu margem para os holandeses. Em rápido contragolpe com 20min, Kuyt levantou, Van Persie ajeitou com estilo de cabeça e Afellay, livre diante de Julio Cesar, desperdiçou. Boa defesa do goleiro brasileiro, que reapareceu logo depois: Afellay voltou a arrematar, desta vez da entrada da área. Julio se esticou até o canto e impediu o gol.
Nesse momento, a impaciência da torcida com a Seleção Brasileira, sem criatividade, já era evidente. A única boa chance pintou com Ramires, aos 34min. Da intermediária, ele arrancou, levou um marcador e chutou de longe. A bola passou próxima à trave de Krul, que foi para o intervalo sem sequer realizar uma defesa. A Seleção de Mano, em 45 minutos, finalizou três vezes, todas fora do alvo. Algumas vaias e pedidos por Lucas ecoaram no Serra Dourada.
Segundo tempo: Brasil pressiona, mas fica no zero
No retorno dos vestiários, Mano Menezes pediu, em entrevista à TV Globo, que o Brasil errasse menos passes no meio e tivesse mais velocidade na construção de jogadas. A orientação foi bem seguida pelos jogadores, que fizeram uma Seleção melhor logo no reinício.
Com 1min, Elano achou Neymar em profundidade. Frente a frente com Krul, o santista foi parado com grande defesa do goleiro holandês. Em seguida, Neymar reapareceu ao receber pela esquerda, passar pelo marcador e exigir mais uma vez trabalho do camisa 1.
Com Robinho mais próximo, Neymar assumiu o papel de mais ativo nome da Seleção. Com 10min, ele fez jogada pela esquerda e passou bem para Fred, que errou a conclusão e deixou a bola passar. Em escanteio logo depois, Thiago Silva finalizou com o pé e Van Persie salvou na linha. Aos 12min, Lúcio tentou firme de muito longe e Krul teve que trabalhar. Foi o jogo de número 100 do capitão com o Brasil.
Acostumada a jogar na frente, a Seleção por pouco não colocou tudo a perder com duas saídas de bola erradas. Primeiro, Lucas Leiva errou passe na intermediária, Van Persie lançou Robben em boa condição, mas o atacante acabaria desarmado. Depois, foi Lúcio quem bobeou, e Robben bateu por cima.
Apesar dos dois sustos, o Brasil seguia protagonista do segundo tempo. Entre as duas investidas dos holandeses, Robinho apareceu bem na grande área e chutou fraco, mas quase marcando o primeiro do time brasileiro. Depois foi a vez de Neymar, que recebeu na marca do pênalti e chutou firme. Krul, em tarde inspirada, botou para escanteio.
Se já era ofensiva, a Seleção Brasileira ficou ainda mais com duas trocas aos 20min. Lucas, pedido em coro pela plateia, foi a campo no lugar de Elano, tímido e bastante desgastado. A marcação foi reforçada por Sandro, acionado para o lugar de Lucas Leiva. Bert Van Marwijk também trocou três de uma vez, mas sem mexer na estrutura do time.
As alterações não surtiram muito efeito, sobretudo porque Ramires acabaria expulso de campo aos 33min. Curiosamente, como ocorreu com Felipe Melo na última Copa, o volante levou o vermelho depois de falta cometida em Robben. A rigor, a única oportunidade foi com Sandro, que chutou de longe com violência e parou na defesa de Krul. E o Brasil de Mano deixou o campo sob vaias.
Brasil 0 x 0 Holanda