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As trocidas organizadas infernizam a vida do futebol brasileiro com muita violência
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Morte em Goiânia, morte no Rio de Janeiro, jovens feridos a cacetadas e baleados, dezenas de presos em decorrência de tumultos e selvageria fora dos estádios, confrontos de rua entre torcedores de Vasco, Flamengo, Goiás, e Atlético Goianiense.
Até quando, por quê?
Porque continua imperando a impunidade, porque os poderes do Estado, da Justiça fazem de conta que nada vêem, passam a responsabilidade apenas repressiva para a Polícia e fecham os olhos. Toda semana é isso, a cada clássico nas grandes cidades, mais vítimas, todos jovens incitados pelo desatino.
Não se torce mais, apenas confrontam-se as ‘facções' de torcedores (?). O time, o jogo em campo tornou-se apenas um detalhe motivador da estupidez. Até quando serão permitidas, incentivadas, alimentadas e engordadas essas tais ‘torcidas uniformizadas', verdadeiras ‘pragas' do esporte, da sociedade? Senhores dirigentes de clubes e de entidades devem ser cobrados e responsabilizados.
Aqui em Salvador, antes dessas tais ‘Bamor' e ‘Imbatíveis', torcedores de Bahia, Vitória, Ipiranga, Galícia iam para a Fonte Nova juntos nos ônibus, turma dos bairros reunidas, e saiam do estádio na brincadeira para comemorar juntos, em paz, descendo e subindo a ladeira da Fonte, uma festa! Vivi isso décadas, desde menino.
Hoje, temo ter meu carro quebrado pelos vândalos pelo simples fato de ter pregado no vidro o escudo do meu time de coração, vou aos clássicos sem envergar a camisa do clube porque posso levar um tiro, uma bordoada de graça e não tenho mais idade para correr. Ando traumatizado pelo que vi e vejo nos arredores de Pituaçu em dia de clássico, e , mais ainda, nas circunvizinhanças do Barradão. Até conseguir entrar no estádio, crendeuspai!
A chegada aos estádios dessas ‘gangues' é uma procissão de insensatos, a berrar impropérios, ameaças, protegidos e escorados pelos policiais a pé e em viaturas, aquele cortejo tétrico, centenas, milhares de torcedores de verdade engarrafados, amedrontados dentro de seus carros, esperando que eles passem, muitos armados de cacetes, mostrando revolveres, bombas... com seus cânticos de guerra. Guerra?
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Até quando?
Até quando essa penca de estúpidos vai ditar regras, vai parar as vias públicas, vai amedrontar os cidadãos, vai impedir que idosos, mulheres, crianças e deficientes físicos freqüentem em paz os estádios como têm o direito? Direito constitucional, inclusive, de ir e vir livremente ... Cadê os PODERES PÚBICOS, todos ?
Governadores, prefeitos, deputados, vereadores, senadores da república, presidenta, juízes, procuradores, promotores, desembargadores, advogados, delegados... todos!
Um mutirão, é preciso, pela retomada da paz e dos direitos constitucionais nos estádios ! Já !
Falta de profissionalismo
Em Goiânia, ainda em campo e após o jogo, o couro comeu, houve pancadaria generalizada, via na tevê, entre atletas, integrantes dos clubes Goiás e Atlético, funcionários, profissionais e torcedores avulsos... e a selvageria tomou conta das arquibancadas e seguiu-se pelas ruas, fora do estádio! Que vergonha, tristeza! Imagens da insensatez no ‘futebol brasileiro', penta-campeão do mundo, varando o planeta!
Os treinadores e dirigentes dos clubes têm muita responsabilidade pelo clima de violência, anti-desportividade e provocações dentro e fora dos gramados, no ambiente do jogo e nas arquibancadas. A mídia também.
O que temos visto e ouvido antes, durante e depois das partidas, em forma de xingamentos, de desrespeito, de agressividade diante dos microfones, das câmaras e nos twiteres e micro-blogs é de arrepiar. Só instigam à violência, ao confronto dos torcedores que hoje se congregam em gangues uniformizadas, ‘entidades' a quem prestam juramentos de sangue e às quais são mais fiéis do que ao próprio time que dizem torcer. Dá arrepios, nojo.
Felipão dá mau exemplo nos campos paulistas. Lamentável, é um treinador que foi campeão do mundo. Nesse fim de semana vimos o chileno Valdívia e o atacante Kleber, palmeirenses, trocando ofensas com torcedores, via twiter. Vê se pode? Outro dia foi o Neymar (que parece estar tomando juízo, agora, com Muricy Ramalho de treinador) e os ‘meninos' do Santos batendo boca pela internet com torcedores. Inadmissível.
E gostaria de chegar ao futebol baiano, onde alguns jogadores têm extrapolado em declarações aos microfones, em insinuações, em provocações aos colegas dentro de campo, com atitudes de pouco profissionalismo e nenhum respeito ao colega de profissão, companheiro de bola, afinal. Alô Viáfara, Neto Baiano, Ávine, Tite, Uéliton... baixem a bolinha, pelamôdedeus! O futebol baiano precisa de craque, não de agitadores!
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Quero BaVi na bola
Por pouco o Ba x Vi, no Barradão, domingo, não termina também manchado por cenas de violência, briga entre jogadores. Tudo por causa das ‘gracinhas' do goleiro Viáfara, um provocador de carteirinha, que até já foi punido com suspensão de vários jogos por fazer presepadas diante das câmaras, insinuando contra arbitragem e sacaneando o torcedor adversário.
No domingo, mesmo perdendo a partida, o goleiro colombiano provocou Souza, Tite e outros jogadores do rival com xingamentos e gracejos, mas saiu correndo pro vestiário logo que o árbitro apitou o final do jogo porque não teve coragem de encarar Souza, enfurecido. Ainda bem, o atleta tricolor foi contido por Álisson e Eduardo na saída do campo. Muito feio ficou para o goleiro, chegado a presepadas.
Meus elogios ao atleta Álisson, que jogou pelo Bahia e está se consagrando no Vitória. Joga com garra, profissionalismo exemplar e mantém a postura respeitosa, digna. Grande figura, belo jogador de bola, zagueiraço! Exemplo.
Tite, no BaVi de Pituaçu, disse na ‘latinha' que o Barradão não era um estádio. Nada mais tolo e fora de propósito, que só instiga a ira do torcedor adversário. Pra quê? Ele é pago, e bem pago, para jogar bola. Precisa também jogar mais e falar menos. Aliás, o mesmo Tite terminou expulso, depois de dar duas porradas seguidas no veloz Rildo, já sem pernas e de cabeça quente, no final da partida.
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Volto ao assunto, apelo: Treinadores do naipe de Renê Simões, um cidadão de boa formação, e do vivido Antonio Lopes não compactuam com isso e devem chamar às falas seus atletas. Vamos jogar bola, brigar em campo pela bola com lealdade, respeitar o adversário. Sei que esse é o discurso deles.
Deslizes como o de Viáfara e Tite podem acarretar grandes prejuízos para o clube no futuro (com suspensões), para o time em campo (com expulsões) e para o espetáculo em si, instigando a violência (que já não é pouca) entre os torcedores.
Depois, sabemos, todos eles se reúnem para ‘festejar', bebericar suas cervejinhas... num encontro desses pode rolar baixaria ! Isso ninguém quer.
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Chega, basta disso! As diretorias dos clubes devem punir esse tipo de atitude de seus atletas. Vamos praticar o futebol de maneira decente, como exige a Fifa, a CBF ... Futebol é jogo, é lazer, esporte, cultura de um povo.
Vem uma Copa do Mundo aí em 2014, teremos uma bela arena na Fonte Nova. Carecemos, já, é de educação, bons espetáculos, belas jogadas, emoção em campo, de craques de bola. Precisamos dar exemplo de civilidade, comportamento.
Aos atletas, recomendo: Vamos treinar mais, falar e beber menos, buscar no dia a dia o aperfeiçoamento, essa deve a ser a meta do bom boleiro. Pelé e Zico foram exemplos, dentro e fora de campo - para citar só dois, dos maiores de todos os tempos. Alguém vê Lionel Messi, esse menino abençoado do Barcelona, metido em confusão, dizendo bobagens? Ele, mesmo caçado em campo, só joga bola. E como joga! É o melhor do mundo!
É hora de parar com provocações e presepadas, de parte a parte. A gozação sadia fica para o torcedor sadio. O profissional é pago, e ganha muito bem para os padrões do trabalhador médio, para exercer com dignidade e respeito a sua profissão que é maravilhosa, um deleite: jogar bola!
Alô coleguinhas!
Nessa perspectiva, cobro também decência, ética e profissionalismo dos colegas jornalistas, radialistas, apresentadores, comentaristas ...
Nossa responsabilidade é grande diante do clima de agressividade que temos visto fora de campo, nas arquibancadas, nos arredores dos estádios, nos microfones, nas páginas escritas, nas redes digitais ...
Instigar fofocas, bate-bocas, insinuar, fomentar demandas entre torcedores, criar escândalos, dar realce a provocações ... não é assim que faremos uma mídia e um esporte decentes. A responsabilidade com a informação, com o leitor, o ouvinte, o telespectador, o internauta é maior, muito maior do que a nossa paixão clubística, nossos ‘interesses' pessoais. Somos, sim, formadores de opinião. Isso é grandioso, nos dá uma grande responsabilidade social. Reflitamos. Enquanto é tempo, antes que aconteça uma catástrofe!
Alô Poderes Públicos !!! Acordem!
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Os melhores do ‘Baianão"
Pois bem, falando do mundo da bola, apenas, independente do resultado das finais, de quem seja o Grande Campeão Baiano de 2011, pelo que vimos até agora, eis a seleção dos melhores do campeonato:
Jair, goleiro do Bahia de Feira, há três anos seguidos o melhor da Bahia.
Nino Paraíba, lateral direito do Vitória: veloz, insinuante.
Álisson, zagueiro central do Vitória, ex-Bahia: sóbrio, sério, conhece bem o setor.
Titi, zagueiro canhoto do Bahia: chegou desacreditado e cresceu a cada jogo; duro, atua com alma, não dá espaço. Ricardo Ehler do Serrano, disputaria a posição com Titi, tem boa técnica.
Ávine, do Bahia, o melhor lateral esquerdo baiano, há muito tempo; técnico e ousado.
Marconi, meia defensivo do tricolor, vem amadurecendo a cada jogo; marca, chuta bem, joga com vontade.
Uéliton, do Vitória, um guerreiro em campo; tem bom chute e é incansável.
Mineiro, também do rubronegro, uma grata revelação; corre muito e apóia bem.
Bruninho, meia de ligação do Bahia de Feira, de boa técnica; tem fôlego e bons passes.
João Neto, ponta de lança goleador do Bahia de Feira; inteligente e perigoso. Nikão, do
Vitória, disputaria a posição com ele, goleador e criativo, mas perdeu pontos pelas fracas atuações nos Bavis decisivos, andou sumido em campo.
Sassá, o centroavante do Ipitanga, artilheiro do campeonato. Fez gols de todo jeito atuando num time fraquinho e já seguiu para a Europa. Pela segunda vez é artilheiro no ‘Baianão'; chuta bem, tem boa visão de gol, é inteligente e rápido dentro da área adversária.
Treinador: Arnaldo Lira, do Bahia de Feira.