José Mourinho abdicou do futebol ofensivo do Real Madrid, mas pode dizer que parou o Barcelona com um jogador a menos. O problema é que só a vitória interessava aos merengues, que empataram por 1 a 1 com os catalães, neste sábado, no Santiago Bernabéu, e viram os maiores rivais colocarem as mãos no título do Campeonato Espanhol, em jogo válido pela 32ª rodada. Os respectivos craques Lionel Messi e Cristiano Ronaldo, ambos de pênalti, anotaram os gols da partida que teve, é claro, muita polêmica.
Agora com 85 pontos, o time do técnico Josep Guardiola manteve os oito de vantagem sobre a equipe de José Mourinho (77) na tabela de classificação. Ainda restam seis rodadas, mas não há mais confronto direto pelo Espanhol, o que obriga o Real a torcer por ao menos três improváveis derrotas de um time que só perdeu uma vez até então.
Mas ainda há a oportunidade de vingança. Ou melhor: três. Na próxima quarta-feira, pela sequência da maratona de superclássicos, Real Madrid e Barcelona se enfrentam pela final da Copa do Rei, em jogo único no estádio Mestalla, em Valência. Depois, nos dias 27 de abril e 3 de maio, os duelos são pelas semifinais da Liga dos Campeões, que terão transmissão da TV Globo e do GLOBOESPORTE.COM. Os catalães decidem no Camp Nou.
Lionel Messi abriu o placar para o Barcelona (EFE)
Com o resultado, o Barcelona ainda chegou aos seis jogos sem derrotas no clássico. A última vitória do Real foi quase há três anos, no dia 7 de maio de 2008: 4 a 1 pelo Campeonato Espanhol, futuramente conquistado pelos merengues. Se levado em conta somentes os gols das últimas seis oartidas, o Barça goleia por 17 a 3.
Real Madrid defensivo segura
ímpeto de um Barcelona 'quase ideal'
Ainda com os 5 a 0 do primeiro turno na cabeça, Mourinho entrou em campo com uma escalação mais cautelosa. Sacou Özil e pôs Pepe como volante, liberando os avanços de Marcelo, porém mais preocupado com o poderio ofensivo do time de Guardiola, praticamente o mesmo que deu show no Camp Nou - Adriano no lugar de Abidal, que se recupera de uma cirurgia para a retirada de um tumor, foi a única mudança.
E, se não agradou muito a torcida nos 45 minutos iniciais, o Real Madrid foi um adepto do jogo defensivo que não deu errado. A maior pegada, o sangue nos olhos e a vontade exacerbada por uma vitória pôde ser vista logo aos quatro minutos, quando Marcelo entrou de carrinho e acabou levando o árbitro assistente junto.
Antes dos 20 minutos, as estatísticas apontavam 83% da posse de bola para os visitantes. O Real Madrid se satisfazia em não deixar o Barcelona entrar em sua área com facilidade, que teve uma única chance no período, com Messi, ao tentar encobrir Casillas sem sucesso, aos 18.
Os merengues também assustavam vez ou outra. Aos 21, Benzema gingou na grande área e chutou sem muita força. Valdés preferiu jogar para escanteio. Na cobrança, foi Cristiano Ronaldo quem perdeu sua chance, de cabeça.
Faltava ao clássico um grande lance acompanhado de polêmica. Aos 25, Messi descolou belo passe para Villa, que adiantou um pouco ao dominar e teve de dividir com Casillas. O goleiro do Real Madrid chegou atrasado e acertou o atacante espanhol, que se desesperou ao ver o árbitro Muñíz Fernandez marcar tiro de meta. Lance duvidoso.
Em seu "jogo feio", o Real Madrid encontrou mais duas boas chances até o fim do primeiro tempo. Aos 33, Marcelo rolou para Cristiano Ronaldo, que perdeu a passada e viu Adriano cortar na hora do chute. O português e brasileiro foram personagens também aos 44. Sergio Ramos ajeitou, Cristiano Ronaldo cabeceou na pequena área e Adriano salvou em cima da linha. No minuto anterior, Messi também havia incomodado Casillas.
Falha, pênalti, expulsão e gol de Messi: Barcelona domina
Mourinho cumprimenta Abidal, que se recupera deuma cirurgia de retirada de tumor (Foto: Reuters)
O Real voltou para a etapa final com a mesma postura. Foi na bola parada, inclusive, que os merengues mais assustaram. Aos 4, Cristiano Ronaldo carimbou a trave direita de Valdés em cobrança de falta na entrada da área.
O lance deu a impressão de que o time de José Mourinho estava mais próximo do gol e, encorpado na defesa, poderia finalmente vencer o rival. Mas graças a uma falha grotesca de Albiol, titular por opção do técnico português, o Barcelona abriu o placar. Aos 6, Villa foi lançado, mas mal teve tempo para agir. O zagueiro merengue o puxou até o juiz se convencer de que era pênalti e lance para cartão vermelho. Messi cobrou a penalidade à meia-altura, no canto esquerdo de Casillas, que quase pegou.
Era o início de um segundo tempo dos sonhos para o Barcelona, que teve de substituir Puyol, com dores musculares, aos 12 minutos. O zagueiro atuava pela primeira vez desde o dia 22 de janeiro - desfalcou o Barça por 17 jogos.
À essa altura, perder um zagueiro titular não era motivo para desespero. Guardiola pôs Keita e o time para trocar ainda mais passes. Aos 16, Pedro rolou para Xavi, que acertou o travessão do bico da área.
Pênalti, polêmica e gol de Cristiano Ronaldo: Real reage
Mourinho sabia que o placar ainda era reversível e não desistiu. Adebayor e Özil já estavam em campo e permitiam mais opções ofensivas para Cristiano Ronaldo e, por vezes, Marcelo. Aos 20, Pepe desperdiçou boa chance em falta cruzada para a área. Cristiano também tentou de falta em seguida, mas chutou por cima.
Em lance isolado, o Real também achou seu pênalti. Özil rolou para Marcelo, que chegou antes de Daniel Alves e caiu após carrinho de Daniel Alves. Os catalães se revoltaram com a marcação, mas de nada adiantou. Na cobrança, Cristiano Ronaldo deslocou Valdés e empatou. Foi o seu primeiro gol contra o Barcelona em sete jogos. Faltou tempo para o segundo, o que praticamente garantiu uma das festas para Messi, Xavi, Iniesta & Cia.
Lance entre brasileiros: carrinho de Daniel Alves em Marcelo gerou controvérsias e empate do Real (EFE)