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Renê Simões volta ao Bahia para tentar melhorar o tricolor
Foto: O GLOBO
Renê Simões foi anunciado como o mais novo treinador do Bahia. Será que esse ‘dotô' vai dar jeito nos males de Itinga?
O clube começou o ano apostando no inexperiente Rogério Lourenço. Esse aí não conseguiu armar um time, arrumar a equipe e caiu fora após uma série de apresentações e resultados desastrosos em campo. Já foi tarde.
Chiquinho, o auxiliar interino, funcionário do clube e amigo dos atletas, assumiu provisoriamente. Venceu o BaVi em Pituaçu, mas caiu fora. Prata da casa não faz milagre !
Veio o Vagner Benazzi , que fez 12 jogos, venceu a maioria mas não conseguiu dar um padrão de jogo ao time. Dizem que era fraco de treinamentos, de fundamentos, e a equipe não funcionava, parecia um bando em campo... Daí, a diretoria fritou ele e o derrubou depois de dois resultados negativos peloo campeonato baiano com a equipe (?) jogando lhufas, pedra em santo! Caiu de podre o simpático Benazzi.
Chiquinho assumiu novamente, quebrando galho, cheio de gás, mas... Tentou-se Joel Santana e o ‘papai' disse que agora só pesca peixe grande, não come mais sardinha. Celso Roth, graças a Deus, nem quis conversa com os baianos. Que bom. E veio o ‘dotô' Renê com seu bigode e boa fala. Cheou nessa quinta e já assumiu.
Renê Simões tem 30 anos de praia. Treinou grandes times no país, inclusive o próprio Bahia no final dos anos 1980, e o rival Vitória, numa desastrosa passagem por Canabrava. Foi técnico das seleções brasileiras femininas e de base do Brasil e até de escretes no exterior, como a seleção da Jamaica. Tem bom currículo. Não é bobo. Possui um ótimo discurso, é um cidadão decente, inteligente, amigo dos atletas, um teórico de peso na área do futebol, tipo Parreira.
Renê é disciplinador mas nunca foi de decidir jogos nos vestiários, com mexidas táticas e mudanças de jogadores. Mas é, disparado, o melhor de todos os que assumiram o tricolor este ano!
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Vai ter muito trabalho com o time, pelo que temos visto e pelo que a torcida sofreu no jogo da noite dessa quarta, em Pituaçu contra o Atlético do Paraná, valendo pela Copa do Brasil. O placar foi ruim, mas justo ( 1 x 1 ). O time começou nervoso, errando muito, sem ver a bola, livrando-se dela quando chegava. No momento em que conseguiu por os nervos no lugar e equilibrar o jogo, por volta dos 30 minutos, perdeu chances de golear (Souza, pelamôdedeus! ) e levou um gol bobo de contragolpe armado em cima do garoto Dodô.
Na segunda etapa, Chiquinho trocou alguns jogadores, colocou em campo ‘pratas da casa' como Maurício, Rafael, e chegou a dar sufoco no time paranaense, conseguindo o empate com um chute longe de Camacho, beirando os 40'.
Menos mal. Vai ter de vencer ou empatar com mais de um gol, lá na Arena da Baixada, campo do Atlético Paranaense, uma tarefa assaz difícil.
Antes, porém, tem o jogo decisivo de domingo contra o Vitória da Conquista, em Pituaçu, quando precisa também de vencer e se classificar para as finais do Campeonato Baiano. Carece de jogar mais, atacar, finalizar mais, trocar passes, se agrupar em campo, ou ... podemos ter surpresas nas finais do campeonato com a ausência do tricolor.
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Do plantel que aí está, o goleiro Tiago não agradou e está com o filme queimado diante da torcida. Omar mostra-se verde ainda, inseguro em momentos decisivos. Ou seja, o Bahia precisa de um grande goleiro, mais experiente. Logo! É ofício de confiança.
Nas laterais, Marcos tem alternado boas e más partidas, corre muito e tem uma boa sombra, o JeanCarlos, que está voltando de contusão e é o preferido da torcida pelo que jogou no ano passado. Ávine, machucado desde o Ba Vi, tem feito muita falta e o garoto Dodô não mostrou futebol para ser seu reserva imediato, até agora.
No miolo de zaga, Thiego é o melhor técnicamente e Titi agrada pela disposição com que encara o jogo. Têm substitutos? O velho conhecido Nem, às vezes que entrou, mostrou que está em fim de linha.
Na meia cancha, marcando, Marcone vem atuado bem, guerreiro; Helder acompanha o ritmo, sem brilho. Rafael Jatahy corre mas não mostra recurso técnico: passa mal , domina com dificuldade. Boquita sabe jogar mas anda mal fisicamente, parece um veterano e tem apenas 21 anos, dizem que caiu na gandaia de Salvador e ... cadê fôlego? O raquítico Camacho é mais fraco do que Maurício, Pablo, Lenine, das divisões de base; não briga, não disputa divididas, esconde-se do jogo.
O colombiano Tressor Moreno mostrou classe nos primeiros jogos mas logo caiu de produção, parece não ter mais pernas e condições de disputar o jogo: qualé sua idade verdadeira? O meia Ramon, um bom jogador, não está bem fisicamente, arrastava-se em campo, sumido, no jogo contra o Atlético.
O meia-atacante Lulinha não jogou ainda; Zezinho tem se mostrado buliçoso mas prende muito a bola; será porque não tem com quem tabelar? O carioca Jones machucou a cara no BaVi e até hoje não joga; é um atacante veloz e insinuante.
Já os veteranos ‘artilheiros' Souza e Robert decepcionam a cada jogo: lentos, sem reflexo, sem domínio, sem velocidade ou mobilidade, fáceis de marcar, perdem chances de gol incríveis, a cada jogo, e levam o torcedor ao infarto.
O menino Rafael, vindo da base, tem se mostrado o melhorzinho, mexe-se mais, cria mais opções de jogo, briga na área, mas ainda é muito verde.
O Bahia precisa de um centroavante de verdade, já !
Não falo de outros (tipo Pedro Beda, João Paulo ...) porque nem merecem, devem já ser dispensados. Alô Angioni, tome uma tenência, home de deus!
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No mais: sistema tático, nenhum; jogadas ensaiadas, neca; padrão de jogo, onde? Mais ainda: o preparo atlético do time em campo é de dar pena. Alguns jogadores, novos, botam meio metro de língua pra fora com 20 minutos de jogo. O que está acontecendo?
É esse o quadro que Renê Simões vai encontrar.
O Bahia de hoje é um time ‘barriga de aluguel', com jogadores emprenhados por agentes e empresários que exigem a escalação deles...
Os atletas vinculados aos Corínthians , por exemplo (Souza, Boquita, Dodô, Lulinha) têm seus salários pagos pelo clube paulista ( em até 80, 90 %) que exige a escalação deles para que se recuperem e possam ser negociados amanhã, dando retorno ao clube paulistano. Pode?
É essa a realidade desse clube que tem história, faz 80 anos, está de volta à primeira divisão ... mas não se classificou ainda, sequer, para as finais do fraco ‘baianão'. Aliás, esteve à beira de cair pra segunda divisão do estadual este ano. Imaginem!
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E todos viram o poder e o entusiasmo da torcida em Pituaçu nessa quarta ! Vamos ter um pouco mais de respeito com essa massa tricolor !!!