Em mais uma edição da "Terça da Benção", o Olodum realizou a noite da música internacional nesta terça-feira, 25, dando continuidade aos ensaios pré-carnavalescos na Praça Tereza Batista, no Pelourinho.
Ao comando de Lucas de Fiori, Nadjane Souza e Mateus Vidal, o público formado por gente de várias partes do mundo curtiu os sucessos do Olodum e foi surpreendido pela entrada da banda jamaicana Inner Circle no palco ao som de No woman no cry. A platéia fez coro para acompanhar os dinossauros do reggae no hit Sweat (A La La La La Long). "Para nós é muito importante estar junto com o Olodum, pois temos a mesma essência, somos música de raiz", disse Lancelot, baterista da banda.
No ano em que o carnaval de Salvador terá como tema a percussão, os tambores mais famosos da Bahia vão soar mais alto nos próximos dias 29 e 30, em mais uma edição do Festival de Música e Artes do Olodum (Femadum). O evento marca o lançamento do novo DVD da banda e acontece no Largo do Pelourinho, a partir das 17h.
O Olodum retoma os ensaios na Praça Tereza Batista no primeiro dia de fevereiro, às 20h, e conta com a participação dos grupos Revelação e É o Tchan!, para uma noite de muito samba e pagode.
No domingo, dia 30, a partir das 16 horas, o Femadum começa com uma apresentação cultural das crianças e jovens da Escola Olodum - núcleo educacional mantido pelo Olodum em atendimento à população do Centro Histórico -, seguindo-se da apresentação destaque da noite: a banda Ponto de Equilíbrio, um das maiores expressões atuais do reggae brasileiro. O festival será encerrado com uma homenagem ao rapper Happin Hood e um show da Banda Olodum, que tem como vocalistas Lucas di Fiori, Matheus e Nadjane Souza, contando com a participação do cantor inglês de reggae Geoffrey Chambers.
Femadum na história
O Festival de Música e Artes Olodum/FEMADUM é um dos maiores eventos públicos e populares da cidade do Salvador. Criado nos anos 80 como um festival de música para selecionar canções para os diversos blocos da cidade do Salvador, consolidou-se, com o tempo, como resultado da produção cultural, educacional e artística do carnaval do Bloco Afro Olodum.
Ao longo dos anos, devido a grande participação popular - o público médio de freqüência do festival é de oito mil pessoas por noite - o evento acabou incorporando outras linguagens artísticas, a exemplo da dança, teatro e artes visuais. Tornou-se um festival de expressão artística popular, baseado na identidade negra e nas raízes do pan - africanismo, como movimento de liberdade e emancipação dos afro-brasileiros. Participam do festival tanto profissionais famosos como artistas em início de carreira.
Pelo Femadum, já passaram artistas nacionais e internacionais como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Sandra de Sá, Zezé Mota, Elza Soares, Daniela Mercury, Chico César, Edson Gomes, Leci Brandão, Afro Reggae, Jimmy Cliff, Mutabaruka, Linton Kweise Johnson, Koko Dembele e M Ka Fera.
Tradicionalmente, o Femadum consagra as duas categorias de músicas que vão embalar o Carnaval do bloco Olodum: o Samba tema, reunindo composições que devem referir-se ao tema do carnaval do bloco no respectivo ano, e Samba poesia, com composições livres que tratam de aspectos da cultura afro-brasileira.
Cantores e compositores de renome no mundo musical afro-baiano já foram vencedores e/ ou revelados nos festivais do Olodum, e para os compositores, o evento tornou-se uma porta para o sucesso. Foi através do Femadum que compositores como Pierre Onassis, Jauperi, Tonho Matéria, Rey Zulu, Tatau, Adailton, Valter, Suka, e Luciano Gomes entraram para a história da moderna música baiana. Além disso, pelo menos quatro composições vencedoras do festival já se tornaram símbolos do carnaval da Bahia: Ujaama (1984) Faraó (1987), Protesto Olodum (1988) e Revolta Olodum (1990).