Ricardo Teixeira não gostou do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticar suas sucessivas reeleições à presidência da CBF (Confederação Brasileira de Futebol). O dirigente concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira, em Joanesburgo, para falar sobre o planejamento para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.
"Eu respeito profundamente o que o presidente Lula acha a respeito de reeleições, apesar de discordar", disse Teixeira, com seu característico ar carrancudo. Na quarta-feira, Lula, que estará presente no lançamento da logomarca do Mundial brasileiro, usou seu exemplo como sindicalista para pedir troca de comando na CBF.
"Eu não posso falar da CBF porque é uma entidade particular e eu não posso votar, não posso dar palpite. Eu acho que se a CBF adotasse o que eu adotei quando era presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo [foi eleito pela primeira vez em 1975], a cada oito anos a gente trocava a direção da CBF. No sindicato a gente trocava", disse Lula à "Agência Brasil".
Foto: Agência Estado Ampliar
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Teixeira assumiu a presidência da CBF em 1989, apoiado pelo seu ex-sogro João Havelange, à época presidente da Fifa e hoje presidente de honra da entidade máxima. Sua última reeleição o mantém no posto até 2015. O argumento para estender a permanência foi a organização da Copa no Brasil, da qual o dirigente também é presidente do COL (Comitê Organizador Local).
O COL e as cidades candidatas a receberem jogos da Copa dependem em sua maioria de financiamentos do Governo Federal, via BNDES, para viabilizarem seus estádios de acordo com as exigência da Fifa.
Na Presidência de República, o petista Lula se reelegeu em 2006. Nas eleições deste ano, é forte cabo eleitoral da ex-ministra Dilma Rousseff, que enfrenta o tucano José Serra, ex-governador de São Paulo.
Serra chegou a cogitar como vice o senador Álvaro Dias, coordenador da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Futebol no Senado, em 2001. A investigação enfraqueceu Teixeira à época.