E tinha uma casca de laranja madura no caminho. A velha conhecida Holanda. Perdemos para uma equipe manhosa, perdemos na força, pelos erros cometidos, perdemos sobretudo nos nervos. Copa do Mundo não se ganha só na bola. E preciso cabeça, coração e nervos em dia.
Estávamos com o jogo na mão, nos pés, no primeiro tempo. Fizemos 1 x 0, tivemos pênalti a favor em Kaká não marcado, tivemos gol anulado, tivemos seis chances claras de gol, tínhamos o domínio da bola e do jogo, os holandeses praticamente não jogaram durante os primeiros 45 minutos, mas não matamos o jogo, não nocauteamos o adversário. Eles morderam, pegaram forte, se fecharam, irritaram os brasileiros, ganharam a arbitragem fraquíssima do trio asiático no grito e na encenação... E o 1 x 0 é um placar traiçoeiro, que estimula o adversário.
O segundo tempo foi outro. Os ‘laranjas' avançaram a marcação, forçaram o lado esquerdo da defensiva brasileira, buscaram a todo custo as faltas de Michel Bastos e Felipe Melo (forçando uma expulsão) e começaram a alçar bolas altas na área brasileira. O time de Dunga não voltou com a mesma pegada ofensiva, perdeu o meio campo, não tinha mais a bola nos pés como antes. E perdera também o controle emocional do jogo.
Daí, veio o erro decisivo: bola alçada, Felipe Melo (que tinha feito o lançamento perfeito para o gol de Robinho) subiu para tirá-la, Júlio Cesar também foi nela para socá-la e não achou nada. Um breve e fatal apagão na comunicação entre ambos. Gol contra de Felipe. O time sentiu, a Holanda pressentiu o desequilíbrio brasileiro e forçou mais, catimbou, enervou, melou o jogo. O time de Dunga se desconcentrou, descontrolou-se. E levou o segundo gol numa falha coletiva do sistema defensivo ( o melhor até então na copa): Um escanteio e duas cabeçadas ‘laranjas', na pequena área. Resultado: 2 x 1, de virada.
Na sequência, a expulsão estúpida do meia Felipe Melo, já com o emocional no bagaço, após um pisão no adversário. Daí pra frente, um empurrão em Kaká na área adversária, que o fraco árbitro não viu, e o desespero... até o final, com os holandeses se defendendo, garantindo a posse da bola e mascando, com experiência, o ritmo do jogo, até o final.
Podemos até dizer que fomos mais talentosos, criamos mais chances de gol... mas eles foram mais espertos, mais inteligentes, mais equilibrados emocionalmente. E venceram. Mereceram. A Holanda deve ser finalista dessa Copa do Mundo, quem sabe contra o time vencedor do clássico desse sábado: Alemanha ou Argentina. A copa acabou pra gente, mas não findou.
Perder é como morrer um pouco. Até 2014, aqui no Brasil!
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