Com méritos e uma boa dose de sorte - sem ela não se vence - o Vitória está pela primeira vez na final de uma Copa do Brasil e, como nunca antes, bem próximo de conquistar seu primeiro título nacional, de por uma tão almejada estrelinha na camisa rubronegra, acima do escudo do clube.
A torcida está em estado de graça e tem razão para tal. Depois de esmagar com sonoros 4 x 0 na noite gloriosa dessa quarta-feira o Atlético Goianiense, num Barradão em êxtase, o time baiano vai com moral e de nariz empinado pra cima do Santos, o time dos ‘meninos da Vila' que vem encantando pelo futebol alegre e pela quantidade de gols, belos gols que faz a cada jogo.
O Santos destroçou o bom e guerreiro time do Grêmio. É campeão paulista e vem embalado, com Robinho, Ganso, Neymar, Wesley, André e Arouca jogando muita bola. Digo-lhe mais, se o jogo da final fosse amanhã ou depois eu apostaria no Santos, pela leveza, pela agilidade, pela inteligência e entrosamento dos meninos de lá.
Mas não vai ser logo. Temos a Copa do Mundo pela frente. E abre-se a tal janela por onde os clubes europeus levam os nossos jovens e melhores jogadores para a temporada de lá que começa em agosto/setembro. E isso vai ser muito bom para o Vitória. Esse vácuo de tempo vai ‘quebrar' o embalo do Santos, alguns atletas como ganso, Neymar, Arouca e o próprio Robinho podem ter saído pela ‘janela', os times europeus estão babando por eles e oferecendo fortunas. Sabe o que isso significa? Um outro Santos, diferente, já sem aquele encantamento todo na hora da decisão. Futebol é momento.
Pois, né comigo não! Azar o deles. E melhor para o Vitória, que vai encarar esse tempo como aliado e só tem olhos na estrela, que brilha.
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O sorteio
Os jogos finais decisivos entre Vitória e Santos acontecerão nos dias 28 de julho e 4 de agosto. A notícia melhor ainda veio da CBF, nessa quinta-feira à tarde: o segundo e decisivo confronto, o dia da festa, será no Barradão. A decisão foi no sorteio e entendo que a sorte favoreceu o time baiano, o Barradão é a Toca do leão.
Assim, o próximo 4 de agosto é o dia ‘D' da história do clube, pode se tornar a data mais importante do Vitória da Bahia (orgulhe-se de ser baiano, pô!), o dia de comemoração de seu primeiro título nacional. Que os deuses da bola conspirem para tal. E dentro do Barradão lotado, incendiado, enlouquecido pela galera rubronegra! Sonho?
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O time vive uma fase predestinada. Ganha até quando não vence. O jogo contra o Atlético de Goiás foi a cara dessa fase de ouro, a estrela brilhando, a sorte favorecendo por todos os lados.
Primeiro, a garotada entrou nervosa em campo, o coração aos pulos diante da festa magnífica da torcida nas arquibancadas. E o adversário fechadinho, só explorando os contragolpes. Mas, tem sido assim, quando nada dá certo, aparece o talento do veterano craque Ramon Menezes. Como é costume, bateu uma falta precisa, bem treinada, igualzinha a dezenas de outras que já vimos, na cabeça do jovem Uéliton, que se enfia de surpresa no meio da zaga adversária e testa inapelável. 1 x 0. Pouco depois, já mais assentado com o gol, num cruzamento alto de Elkesson de um lado a outro da área, apareceu Bida cabeceando para o miolo da pequena área e o artilheiro Júnior, oportunista, desviou com classe para as redes, antes da chegada do goleiro. O Vitória não dominou o primeiro tempo, mas fez os 2 x 0. É o que conta.
No segundo tempo o time de Goiás foi pra cima, cercou, tentou, meteu uma na trave, Viáfara apareceu com grandes defesas e o rubrongro buscou apenas os contragolpes, perigosos, porém mais preocupado em manter o placar. Aí, veio novamente o dedo da sorte, o sinal da predestinação.
Já no finalzinho o Atlético abriu-se todo, exausto, sem nada conseguir... e o Vitória matou o jogo em dois contragolpes de velocidade, um gol de Júnior e o último, no derradeiro minuto, de pênalti , convertido pelo goleiraço Viáfara, o colombiano aniversariante do dia, ídolo maior do time. Um elástico 4 x 0, quem discute?
Sejamos francos. O Vitória foi favorecido pela tabela nessa Copa do Brasil, enfrentou times fracos ou parelhos, coisas do destino. E destroçou todos no Barradão, onde sempre fez muitos gols e não tomou unzinho sequer. Tudo em campo tem acontecido melhor do que se esperava. Que bom! Os jogadores correspondem.
Além de Viáfara, um paredão, o time conta com dois zagueiros de área (pratas da casa) jovens, rápidos e eficientes, Wallace e Reniê, uma revelação. No meio campo, o combativo Vanderson, veterano, líder em campo, ao lado do garoto Uéliton, cria das divisões de base, valente, de boa técnica, um atleta que pode jogar em qualquer clube brasileiro como titular absoluto, tem qualidade pra isso. Tem a serenidade e a classe de Bida, a experiência fundamental do veterano Ramon e, na frente, o artilheiro Júnior, com faro de gol, vibrante todo tempo. Os laterais (Nino e Egídio), mais novos no clube, dão conta do recado, conhecem a posição.
Deixei, de propósito, para falar no final desse menino Élkesson, típico ‘meia ponta de lança' das antigas, revelação das divisões de base, um talento. Finaliza, passa bem, tem boa visão de campo, é veloz, inteligente e gosta de jogar, de ganhar. Cada dia joga melhor, até encanta em alguns momentos. É um bom grupo, entrosado, bem comandado por ‘um amigo mais velho', o treinador Ricardo Silva, há anos no clube.
Concluindo, o Santos que se cuide. Esse Vitória predestinado não é zebra, é um leão!
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Cabe ao Vitória, nesses dois meses, manter seu plantel inteiro, ligado, aceso e com o objetivo maior de vencer seu primeiro título nacional e ir para a Libertadores de América, também pela primeira vez. Isso é fazer história. O grupo tem de estar unido e focado. Usar bem o tempo para estudar o Santos, suas jogadas, suas variações, os deslocamentos dos meninos de lá. É preciso contê-los. Mas o time da Vila tem seus pontos fracos, não marca tão bem, sua defesa é frágil. Entonces...
Com a sorte que vem mostrando, a predestinação da vitória, o fato de fazer o jogo final no Barradão onde o time está invicto e sem tomar gols pelo torneio...A estrela está piscando, ali, bem próxima... como nunca antes esteve. É a hora, a torcida merece.
Saudações rubronegras !
De um tricolor de nascença :
zédejesusbarrêto (20mai/2010)