Sem surpresas. A convocação dos atletas que vão defender a camisa amarelinha brasileira na Copa do Mundo da África, que começa a pouco mais de um mês, obedeceu a critérios rígidos do treinador Dunga. Jogadores conhecidos, testados, com personalidade e temperamento de vencedores, disciplinados, obedientes taticamente, profissionais, agregadores e, todos, é bom que se diga, bons jogadores. Alguns melhores, é claro. Outros, nem tanto, mas...
Esses convocados são os homens e atletas em quem Dunga confia para trazer o ‘caneco', seja lá de forma for, mas vencedores. Uma turma de veteranos.
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Numa análise breve, por posições:
Goleiros: Júlio Cesar, da Inter de Milão não se discute. É um dos melhores na posição no planeta, hoje. Testado e aprovado.
Doni, que atua no Roma, tem altos e baixo. Tipo de goleiro que um dia fecha e noutro frangueia. Há melhores aqui no Brasil e também jogando na Europa.
Gomes, do Totteham, da Inglaterra. Destacou-se muito no campeonato inglês, sobretudo porque joga num time considerado pequeno e tem dias que pega tudo.
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Laterais : Maicon, indiscutível, pela força física, a capacidade de defender e atacar o tempo todo mantendo o mesmo ritmo.
Dani Alves, o baiano, é mais técnico do que Maicon, mas não marca tão bem. Atua com desenvoltura pelo meio campo, tem toque de bola e chuta bem. E joga no Barcelona!
Gilberto, o veterano meia do Cruzeiro que atua também pela lateral, tem experiência, fôlego , mas perdeu a velocidade.
Michel Bastos, joga Lion (França) bem avançado, é um ala arisco, mas às vezes esquece de guardar sua posição. Carece de bom esquema de cobertura para atuar com liberdade.
Nessa posição, a lateral esquerda, o futebol brasileiro anda carente. Ainda não apareceu um substituto à altura de Roberto Carlos, o agora corintiano, aquele mesmo que ajeitava as meias quando Henry Thierry detonou o Brasil na copa passada. RC é passado.
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Zagueiros: Lúcio, o capitão, indomável, sério, duro, um atleta que não gosta de perder nem no jogo de pauzinho. Absoluto e incontestável. Paredão. Veteranaço.
Juan é um defensor clássico, preciso, técnico, sutil. Já está bem maduro, não tem mais o vigor de outros tempos, mas entende-se bem com Lúcio e esbanja confiança.
Luizão é ídolo em Portugal, foi campeão pelo Benfica, é grandalhão, imbatível pelo alto e joga na bola, sem cometer muitas faltas. Confiável.
Thiago Silva, do Milan, é o mais jovem dos quatro. Promissor, conhece bem a posição, mas não fez uma grande temporada pelo Milan, este ano. É aposta de Dunga.
A posição de zagueiros é das mais concorridas e há ótimos jogadores para o setor, tanto aqui no Brasil ( Miranda, do SP) como no exterior (Alex, do Chelsea). Estamos bem servidos.
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Meiocampistas : Gilberto Silva, veteraníssimo, já pesadão, faltoso, atua no Panathinaykos, da Grécia. Já deu o que tinha de dar, mas é ‘homem de confiança' de Dunga, titular na Copa. Como pontos positivos podemos apontar a manha, a experiência, o entrosamento com Lúcio e Juan.
Felipe Melo, da Juventus da Turim, é um Gilberto Silva bem mais moço, com mais mobilidade, mas no mesmo estilo brucutu. Pega forte, é impetuoso, não tem qualidade no passe, mas lhe sobra força física. Os italianos o escolheram como um dos ‘bondes' do campeonato da ‘bota'. No meu escrete era ele ou Gilberto Silva, os dois juntos é um pleonasmo, falta de imaginação. Mas...
Josué, o baixinho ex-sampaulino, hoje no Wolfsbug. Jogava um pouco melhor quando atuava no Brasil. Pegador, chato, marcador implacável e só. Nada cria, não dá alternativas, com seu estilo, para uma mudança de esquema, uma virada de jogo. Não seria melhor um Hernandes, do São Paulo? Ou Arouca, do Santos, que está voando em campo?
Kléberson, do Flamengo, outro já de copas passadas, campeão do mundo, em declínio físico. Entendo a convocação como um agrado à torcida do Flamengo, apenas, já que não convocou o jamanta Adriano. Nada acrescenta. Não caberia aí o Ganso, do Santos?
Ramires, o esguio e batalhador meia do Benfica ganhou o título português e está em alta entre os gajos de lá. O típico jogador de meio campo que treinador gosta, aquele que corre o campo todo 90 minutos, sem parar, perseguindo adversários, tomando a bola e, vez em quando, fazendo uma boa arrancada, acertando um bom passe ( o que Klébersson fez na Copa da Ásia, taticamente).
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Armadores :
Kaká, o nosso maior ídolo, o mais caro jogador brasileiro, a esperança. É um jogador de boas arrancadas e chutes precisos ao gol adversário. Quando está tinindo, voando, em plena forma, até desequilibra pela força física, pelas levadas nos contragolpes. Mas este ano não, andou parado um bom tempo e, quando voltou, não andou jogando bem pelo Real Madrid, às voltas com uma pubalgia, tendinites etc... Será o ‘bam-bam' da Copa ou a ‘decepção'? Algum substituto à altura pra ele? Não seria Ronaldinho, o Gaúcho?
Júlio Batista, reserva do Roma, foi o escolhido por Dunga para substituto de Kaká. É forte, tem bom chute, mas é pouco criativo. É tido, na Europa, como um jogador mediano. Mas Dunga gosta de sua postura profissional, de sua liderança. Surrado.
Mas... por que não Ganso ou Neymar, mais jovens, muito mais criativos, ótimos para alternar um esquema de jogo, virar uma partida difícil?
Elano, do Galastasaray (Turquia) é o ‘pau-pra-toda-obra' de Dunga, entra em todas. É bom nas bolas paradas, às vezes acerta lançamentos longos precisos; um reserva útil.
Atacantes:
Robinho, do Santos, se jogar sério e estiver inspirado, pode fazer positivamente a diferença nesse grupo de Dunga. É inteligente, movimenta-se bem pelos lados e pelo meio, tem ótimo toque de bola, dribla fácil... às vezes prende a bola demais da conta e ainda precisa melhorar nas finalizações. É a copa de sua vida! Se vencer e atuar bem, consagra-se.
Nilmar, atualmente jogando pelo Villareal da Espanha, surpreendeu todas as vezes em que atuou com a camisa da seleção, correndo muito e fazendo gols incríveis. Mas sua temporada no mediano clube espanhol não foi boa. É jovem, inteligente e vai apostar tudo na África do Sul. Por enquanto, é reserva de Robinho.
Luis Fabiano, o atacante matador do time. Sempre é decisivo com a camisa 9 canarinho. Um típico centroavante, finalizador, brigador, bom cabeceador. Tem o faro do gol. Se estiver inspirado... pode sair como o goleador da copa.
Grafite, o negão atacante do time alemão Wolfsburg, foi a grande surpresa (?) de Dunga, nessa convocação. Não pelo seu futebol, tão bom e eficiente quanto o de Luis Fabiano, têm estilos parecidos. Mas porque ele só foi convocado por Dunga uma vez, excepcionalmente, num amistoso recentemente disputado em Londres... Até ele se assustou e vibrou, claro. É a chance de sua vida, um presentão. É brocador.
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Sobras
Grafite entrou, na verdade no lugar que estava reservado para Adriano, do Flamengo, que anda pisando na bola, com mais de 100 quilos, fugindo de treinos e concentrações e aprontando das suas pelos morros cariocas. Dunga perdeu a paciência. Adriano, ele próprio, se desconvocou. Então, Grafite nele!
Bem que poderia ser Neymar, com um outro estilo, mais leve, lépido, ousado, driblador, ótimo finalizador...
Quanto a Ronaldinho Gaúcho... Nem é pelo futebol que andou jogando dia sim, dia não pelo Milan este ano. Mas pelas noitadas, cercado de belas italianas e regadas a bons vinhos na noite maravilhosa de Milão, sem controle, sem rédeas. Ainda por cima, levando o menino Pato a reboque, até acabando com o casamento do moço recém-casado. Pato anda com o filme queimado. E Dunga disse: Ronaldinho, nunca mais!
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Em sendo assim, nos resta, de agora em diante, torcer para os ‘veteranos do sargento Dunga'.
Boa sorte pra ele na África do Sul. Começa nos meados de junho!!!
Haja Coramina!