Júnior, o ‘anjo ou diabo louro' rubronegro, fez um golaço aos 30 minutos do segundo tempo, girando o corpo em cima do zagueiro Vagner e disparando uma bomba de perna esquerda, da entrada da grande área. Assim decidiu o Ba x Vi em Pituaçu (1 x 0), diante de mais de 33 mil pagantes. Já é ídolo da torcida, é atacante nato, daqueles que faz gol e sabe jogar, e foi o destaque do clássico. O nome dele é Júnior.
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Com o resultado, o Vitória viu crescerem as chances de conquistar o tetra campeonato baiano, domingo próximo, no Barradão. Então, pode até perder o clássico por um gol de diferença e mesmo assim fica com o título, merecido.
O rubronegro mostrou-se em campo um time mais organizado, mais tranqüilo, com melhor toque de bola. Tem no seu elenco também alguns jogadores mais técnicos e com maior capacidade de decidir jogos que o adversário. A exemplo de Júnior , de Ramon ( que foi muito bem marcado ), o bom goleiro Viáfara e mesmo o meia Bida, que passa e chuta bem de fora da área.
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O time do Bahia brigou muito, disputou o jogo de igual para igual no meio campo, até defendeu-se bem, mas criou pouco, ou nada. Quase não chutou ao gol adversário. Ao tricolor falta um atacante incisivo, um meia ofensivo com vitalidade e alguém que ajude o jovem Rodriguinho, o mais lúcido do time do meio para a frente.
‘Ao Bahia faltou qualidade e velocidade, não temos alguém que possa entrar e decidir' , disse o treinador Renato Gaúcho no final, prometendo mudanças significativas para o jogo decisivo e final, domingo, no Baradão.
Se quiser ganhar o campeonato, tem 90 minutos para fazer dois gols e não sofrer nenhum, diante da galera vermelha e preta que pretende ‘fechar' e fazer festa na Toca do Leão, onde o rubrongro costuma atuar bem e sobrar no segundo tempo, sempre.
O correr do jogo
1' - O Vitória começou em cima e Júnior, caindo pela esquerda, levou a zaga e chutou forte. Fernando pegou.
6' - A bola pererecou dentro da pequena área do Vitória, Mendes não conseguiu o chute, e a zaga se safou.
7' - Numa bola longa, esticada, Viáfara dividiu e chegou antes de Abedi.
11' - O meia Fernando bateu falta forte, visando o canto direito de Fernando, que esticou-se e tocou no rodapé para escanteio.
Daí para frente, o jogo ficou disputado no meio campo. O tricolor ganhando mais as divididas, na raça e o Vitória mais estruturado, segurando mais a bola, mas sem achar espaços para a penetração.
Aos 36', Rogerinho bateu uma falta de fora, e Viáfara pegou.
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O Vitória entrou mais fogoso, correndo um pouco mais no segundo tempo.
2' - Júnior , da entrada da área, arriscou com um chute forte, Fernando segurou firme.
20' - A melhor chance do tricolor: depois de uma trama de Edílson com Rogerinho, Ávine foi lançado, driblou um zagueiro e bateu cruzado. Viáfara fez bela defesa.
34' - O gol. Contra ataque pela direita, Elkesson acha Júnior na área, colado no corpo do zagueiro Vagner que nem viu o giro e o balaço de canhota do lorinho oxigenado. A bola ainda bateu no poste antes de ir às redes - 1 x 0.
O tricolor foi pra cima , mas cadê pernas? Cadê jogadas? Cadê o craque? Só bolas cruzadas altas e nada.
46' - Um chute último de Abedi, que Viáfara mais uma vez catou.
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Destaques
A arbitragem do paulista Wilson Seneme. Sereno, deixou o jogo rolar marcando em cima e sem distribuir cartões amarelos. Muito diferente das frouxas arbitragens baianas.
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No Vitória, os melhores foram Junior, Uélinton, Bida, Viáfara e a zaga - Wallace e o garoto Reniê. O treinador Ricardo Silva tem o time nas mãos.
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No Bahia, salvam-se o goleiro Fernando, Nem, Leandro (que marcou bem Ramon), e Rogerinho (o mais lúcido).
Destaques negativos: O lateral Apodi, um horror! Vagner, pelo nó que Júnior deu nele no lance do gol, bobo. Abedi errou quase todos os passes. Edílson não agüenta mais jogar bola profissionalmente, dá pena. Mendes correu, correu e não viu bola. Lima, que entrou no segundo tempo não pode ser atacante do Bahia. Chega? O preparo técnico e tático do time não existe e, fisicamente, o grupo mostra-se no bagaço no segundo tempo, sempre.
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Quinta-feira não tinha mais ingressos, todos vendidos. No domingo, desde cedo, os cambistas vendiam entradas à vontade na Paralela e na av. Pinto de Aguiar. Pela manhã, pediam 80 paus por uma arquibancada. Às 4:30 h entregavam o bilhete a 20. A migué.
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Belíssimo o espetáculo das torcidas dentro do estádio. Mas, apesar de todo o policiamento, um torcedor baleou outro na cabeça, na saída do estádio. A SAMU acudiu o baleado, com camisa tricolor. Já o agressor, com camisa rubronegra, foi detido.
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Em São Paulo, o Santos saiu na frente e meteu 3 x 2 no Santo André. Os meninos da Vila saíram perdendo por 1 x 0 e viraram no segundo tempo. O time santista pode garantir o título domingo, no mesmo Pacaembu, até com um empate. A meninada - Robinho, Neymar, André, Madson, Arouca, Ganso - merece.
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No Rio Grande do Sul, com dois gols de cabeça, o Grêmio enfiou 2 x 0 no Internacional, em pleno Beira Rio. O segundo jogo será no Olímpico e a torcida gremista já comemora o título por lá.
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Bonde ou Buzu?
Tá armado o circo!
Nessa terça, os deputados devem discutir e votar projeto do Governo do Estado de pedido de empréstimo ao BNDES para obras estruturantes e fundamentais em função da Copa do Mundo 2014, em Salvador. Grana gorda para demolição da Fonte Nova e construção de um estádio-arena no mesmo local (cerca de 400 milhões) e mais 542 milhões para obras de infraestreutura de transporte de massa, ou ‘mobilidade urbana'.
As obras no estádio devem começar, pelo calendário acertado, previsto e mantido - segundo os organizadores do evento, FIFA e CBF - no próximo dia 3 de maio. Agora! Hum. Já tem encrenca com ações rolando no Patrimônio (IPHAN) pedindo o tombamento da velha Fonte Nova e conseqüente suspensão de qualquer obra por lá. Tá rolando, é só o começo.
O segundo ponto, mais importante: Os deputados - e toda a sociedade baiana, claro, tem o direito - querem saber qual é ‘de mermo' o tal projeto de mobilidade urbana que tem como vetor principal a ligação, via Paralela, entre Aeroporto e a Lapa (ponto final central da linha do Matrô que, espera-se, esteja até lá em funcionamento).
O problema é que o pessoal do governo tem preferência , e esconde, por um projeto de VLT- Veículos Leves sobre Trilhos, rasgando o canteiro central da avenida. Mas não abre o dito cujo, não mostra os estudos, não diz os custos, as vantagens, os prazos, a execução, a argumentação sobre os impactos ecológicos e sociais ... nada, nadinha se sabe ainda.
Paralelo a isso, como se nada soubesse da preferência do governo pelo VLT, a Prefeitura de Salvador divulgou essa semana suas idéias/projetos para a cidade, também em função da Copa, já apresentando traçados e apontando para possíveis áreas de desapropriação.
A Prefeitura não mostra nem esconde sua meta... Mas deixa explícita a preferência por um projeto rodoviário, o BTR- Bus Rapid Transit, com grandes ônibus rodando em corredores exclusivos pelo mesmo canteiro central da Paralela, fazendo a ligação Aeroporto-Centro.
Os que defendem essa opção alegam que o tal BRT é mais eficiente, tem custo menor, a passagem vai sair mais barata para a população e é já uma solução de transporte de massa aprovada em grandes cidades do mundo. Inclusive é a novidade na África do Sul para a Copa do Mundo que começa em junho próximo.
Tá bom ? Há algum impasse? Esse joguinho de gato e rato...por quê? É o Governo para um lado e a Prefeitura para o outro. Não é isso que o povo espera. Mas... Coisas de política, ano de eleições, interesses eleitoreiros em jogo, olho gordo na grana, bom assunto para o programa de tevê do horário eleitoral gratuito etc e tal ...
É preciso que alguém faça as honras da casa e apresente o Sr Prefeito ao Sr Governador (ou vice-versa). E que os dois dignos representantes da vontade popular coloquem os interesses dos baianos acima de suas querelas pessoais e eleitoreiras, e sentem-se civilizadamente à mesa, com os respectivos projetos bem fundamentados na mesa. E decidam.
A Paralela é o caminho que temos, é óbvio, até foi pensada com essa perspectiva. Mas vamos ter por ela um transporte de massa sobre trilhos ou com pneus? O que é melhor para a Bahia, o mais prático, o menos agressivo, o menos custoso aos cofres públicos, o que mais atende à população, o que vai ser mais barato e eficiente para o povo??? Hum ?
Bora, meu irmão! Tem de ser logo, já ! Senão o bonde passa lotado ... e foi-se a oportunidade de se resolver um problemão ( o transporte de massa) e requalificar a cidade. Ah, bendita Copa do Mundo!
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