Feira de Santana foi a capital do futebol, essa semana, e o Jóia da Princesa o grande palco da bola, com três jogos pelas oitavas de final do campeonato baiano 2010. Apesar do gramado desnivelado, bons jogos e algumas surpresas.
No domingo à tarde, o Bahia de Feira não tomou conhecimento do Vitória e venceu por 2 x0, dominando o jogo desde o início, marcando em cima, tocando melhor a pelota no meio campo e atacando em velocidade.
O rubronegro, setiu falta da experiência dos veteranos Ramon e Vanderson, ambos de fora, machucados. O time em campo pareceu destemperado, nervoso. Tanto que aos 20' o árbitro Jailson Macedo (o melhor que temos) expulsou o lateral Egídio após uma entrada violenta.
Aos 30', o atacante Jackson, do Bahia de Feira arrancou em velocidade, levou os zagueiros e bateu na saída de Viáfara fazendo 1 x 0. Aos 40', o lateral Zé Neto chutou cruzado e bola entrou entre o goleiro e a trave.
No segundo tempo o Vitória até tentou, mas nada conseguiu. O árbitro ainda expulsou mais dois jogadores, um de cada lado, e o tricolor de Feira até ensaiou um olé, tocando a bola e gastando tempo até o jogo acabar. Três mil pessoas pagaram para ver a ‘piaba' do Bahia ‘genérico' sobre o rubronegro da capital. Sem o velhinho Ramon o Vitória não é o mesmo.
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É bom lembrar que foi esse mesmo Bahia de Feira, muito bem treinado pelo cearense Arnaldo Lira, que enfiou 5 x 3 no Bahêa em pleno Pituaçu, pela primeira fase do
campeonato. É uma equipe tinhosa e arrumadinha. Vai dar trabalho.
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No próximo domingo, no Barradão, o Vitória pega o Vitória da Conquista. O time do sudoeste empatou em 1 x 1 com o Atlético de Alagoinhas.
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Lá mesmo, no sábado á tarde, o Bahia passeou diante de cerca de 5 mil torcedores pagantes, goleando o Feirense por 5 x 1, com direito a gol do vovô Edílson, já no finalzinho, quando o time da casa tinha menos dois atletas em campo (expulsos).
O Feirense começou assustando e fez 1 x 0 aos 15', numa cabeçada de Krill que a defesa assistiu e o goleiro Fernando aceitou. Mas, cinco minutos depois, Rodrigo Gral empatou em belo estilo depois de boa jogada de Apodi. Aos 28' o meiocampista Bruno Silva pegou bem de canhota da entrada da área e acertou o ângulo virando para 2 x 1.
No segundo tempo, o domínio do Bahia foi absoluto. Fez 3 x 1 de falta, num chute bem colocado de Rogerinho e, na sequência, o time de Feira perdeu dois atletas expulsos por jogadas violentas. Ananias, o melhor em campo, ampliou aos 43' com outro belo chute de fora da área e Edílson, antes do apito final, completou um cruzamento, fechando o caixão e fazendo seu primeiro gol com a camisa tricolor.
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Domingo próximo, pelo campeonato baiano, o Bahia pega o Fluminense de Feira, no estádio Armando Oliveira, em Camaçari (Pituaçu continua fechado para reforma do gramado). É o mesmo Flu, ‘Touros do Sertão', que bateu o Atlético de Alagoinhas por 4 x 2 no Jóia, na quinta-feira passada. Vai ser um jogo duro.
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Antes da rodada do fim de semana pelo campeonato baiano, Bahia e Vitória jogam, na quarta-feira, pela Copa do Brasil, fora de casa.
O Vitória vai a Recife enfrentar o Naútico, no complicado estádio dos Aflitos; e o Bahia joga em Goiânia contra o Atlético Goianiense, no acanhado estádio do Atlético.
Bahia e Vitória vão ter correr muito e jogar mais do que vêm jogando para vencer seus duelos em jogos lá e cá.
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Diante da TV, assisto os jogos da Copa dos Campeões da Europa e aprecio os confrontos pelo campeonato paulista. Vi, com gosto, por exemplo, o clássico Santos e Palmeiras ( 4 x 3 para o Verdão, um jogão de bola).
Às vezes, confrontando com os ‘babas' do campeonato baiano, me pergunto: será que é o mesmo esporte? Nossos gramados são ruins (exceto o Barradão, recém reinaugurado, de grama nova), nossas arbitragens não deixam o jogo fluir, travam o jogo marcando faltas em qualquer encontrão; a grande maioria dos nossos atletas carece de talento; não há toques de primeira, os erros de passe são constantes, só se vê chutões a esmo, trombadas, caneladas, maus tratos com a bola, jogos feios, duros de ver.
Diga, o craque que temos na Bahia, de vera? Falo de craque, daquele atleta que dá gosto pagar para ver jogar... tipo Douglas, Roberto Rebouças, Osni, Mário Sérgio, Elizeu, Valtinho, Armandinho, Almiro, Paulo Rodrigues ... pra citar alguns. Nosso futebol está pobre de talentos. É fato.
Temo por nossos clubes nos campeonatos nacionais. Observando a velocidade e a técnica do Santos de Robinho, Neymar e Ganso em campo, fico a imaginar o que o Vitória vai enfrentar na primeira divisão. Preocupa. E o Bahia, na segundona, com salários atrasados e um time sem padrão de jogo, sem brilho... Deus nos acuda!
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O nosso campeonato baiano é fraco, deficitário e precisa ser repensado, reformulado. Sem torcida nas arquibancadas e sem dinheiro não há como armar um grande time, a não ser que sujam grandes talentos nas divisões de base. Mas aí...
A mentalidade, hoje, no futebol baiano, não é formar uma grande equipe para disputar vencer títulos nacionais. Isso é delírio de torcedor fanático. A visão dos nossos dirigentes é catar jovens com algum talento e futuro para logo vendê-los, ganhar dinheiro, qualquer dinheiro, para pagar a folha vencida, já.
Os times que temos visto são montados a cada torneio, são times de aluguel. Atletas que sobram dos grandes clubes, ou em fim de carreira, que chegam e vão-se embora em dois, três meses, sem firmar vínculos com o clube. São raras as exceções.
Por isso, na Copa do Brasil, nos campeonatos nacionais da primeira, da segunda divisão... temos apenas participado, nos últimos anos. Mediocremente. Sem chances de disputar títulos.