O rubronegro segue na maré enchente, conseguindo os resultados e contando com a sorte. No primeiro tempo, o jogo foi lá e cá, mas Gleguer trabalhou muito para evitar o gol santista. Na segunda etapa, o Vitória marcou e defendeu-se com competência, mas o time paulista abusou de perder gols.
O duelo Mancini X Luxemburgo deu empate. O elenco de ambos é parelho.
Destaque para o goleiro Gleguer, Fábio Ferreira, Vanderson, Ramon sempre lúcido e Berola, pela ousadia.
No fim de semana o Vitória embalado pega o Náutico, no Barradão. O time timbu de Pernambuco enfiou três no líder Palmeiras. Entonces, não se trata de uma ‘galinha morta', hay de pelear para vencer o jogo e ganhar mais três pontos na classificação.
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Mal das alturas.
Gostei dos 2 x 1 que a Bolívia enfiou nos rapazes do mal-humorado Dunga, domingo,
lá na altitude de 3.600 metros de La Paz, onde o fôlego é curto, o sangue corre gelado nas veias, a cabeça dá pontadas e a vista escurece numa tontura de quase vertigem quando fazemos um esforço maior.
É assim na terra do ‘cocalero' Evo Morales e do Marcelo Moreno (ex-atacante do Vitória) que fez um golaço de falta deixando o goleirão Júlio César sem pai nem mãe, apenas olhando a pelota aninhar-se nas redes.
A turma do ‘verde-amarelo' chegou a La Paz de salto-alto duas horas antes da peleja.
O time pareceu grogue no primeiro tempo, fora do ar, sem noção de onde estava. Alguns atletas brasileiros não conseguiam andar em campo, como Adriano e Diego Souza. E os bolivianos, acelerando, fizeram 2 x 0. No segundo tempo o jogo foi mais equilibrado e num contra-ataque rápido Nilmar, de cabeça, fez o gol brasileiro.
Gostei porque o placar quebrou uma invencibilidade de 19 jogos dos canarinhos - perder às vezes faz bem - e também um pouco da empáfia de Dunga.
Porque mostra que é necessário humildade e não há time invencível - o Brasil perdeu em La Paz e empatou contra a mesma Bolívia (desclassificada) aqui, lembram? E mostra também que é desumano e desigual jogar futebol acima dos 3 mil metros de altitude.
Los hermanos argentinos foram lá e levaram 6 x 1, com Messi e tudo.
Ainda bem que estávamos classificados com antecedência para a Copa da África do Sul e não precisávamos dos pontos.
Na quarta, às 19 horas, em Campo Grande, veremos na telinha Brasil x Venezuela, pela última rodada das eliminatórias.
Nesse mesmo horário, Argentina e Uruguai disputam uma batalha de vida e morte em Montevidéu. Quem perder pode ficar fora da primeira Copa na África.
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Na sexta à noite, inacreditáveis 20 mil torcedores estavam em Pituaçu e presenciaram mais um tropeço do bahêa, em seu medonho calvário.
Placar de 3 x 3 contra o América de Natal. São oito partidas sem vencer ( onde já se viu?) e o time a cada jogo está mais atolado na zona de rebaixamento para a terceira divisão, o chamado inferno do futebol brasileiro.
O time fez 2 x 0 no primeiro tempo e frouxou a marcação no meio campo. Fez 3 x 1 mas cedeu o empate para desespero dos torcedores, jogando uma bolinha de gude.
Na saída do estádio, senhoras, homens e crianças choravam. Muitos. Outros xingavam.
Um senhor - certamente com filhos, esposa e netos a esperá-lo em casa - quedou-se no meio-fio com a cabeça entre as mãos, desolado, aos prantos, como se tivesse perdido um filho ou a mãe. Um amigo tentava reanimá-lo, chamando-o para a real:
- Calma, essa merda é só um time de futebol !!!
Ela respondia aos soluços:
- Você nunca vai saber o que é ser bahêa!
Calado e entristecido segui, refletindo: O Bahia definitivamente não é apenas um time de futebol. É uma paixão popular. Um fenômeno social intrigante.
Mas... aqueles que mandam atinam ?
Em tempo: a próxima estação da ‘via crucis' tricolor é em Bragança paulista, fim de semana, contra o Bragantino. Alguém acredita?
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No 3 x 3 dos rubronegros, no Barradão (quarta-feira passada), dois veteranos deram aula em campo: Petkovic pelo Flamengo e Ramon Menezes pelo Vitória. Um exemplo de que no jogo de bola vale mais a técnica e a inteligência do que o puro vigor físico.
É preciso saber correr e fazer a bola correr, obediente.
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Foi o que prevaleceu também no jogo entre Brasil x Alemanha (sábado) pela Copa do Mundo de Futebol sub-20 que se disputa no norte da África.
Os alemães, mais robustos e bem condicionados fisicamente deram um show de tática, de disciplina e de marcação, e venciam o jogo por 1 x 0 até os 40 minutos do segundo tempo. Mas, em função do ritmo empregado desde o início e do calor da região, as pernas germânicas começaram a pesar e eles não foram mais capazes de acompanhar a habilidade dos brasileiros, tomaram um gol e não viram a cor da bola durante a prorrogação.
Resultado: 2 x 1 para os meninos do Brasil (dois gols de Maicon, do Fluminense do Rio. O Brasil pega a Costa Rica em uma das semifinais da Copa (meio da semana).
A outra semifinal será Gana X Hungria.
O time verde-amarelo é bom e tem como destaques o goleiro Rafael (Cruzeiro) o meio-campista Juliano (do Inter) e o ponta-de-lança Alex Oliveira, do Vasco, um raro talento.
OBS: Não há nenhum baiano nessa seleção sub-20... Ou seja, o nosso futuro, parece, é armar os nossos times com refugos envelhecidos dos times do sul.
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Tenho dito: a queda do Bahia prejudica o futebol baiano como um todo. Sem parâmetros/ concorrência direta, o Vitória vem se descuidado na revelação de novos talentos. O campeonato baiano tem nivelado os nossos times por baixo.
Muitos torcedores e dirigentes do rubronegro satisfazem-se mais com a derrocada do rival (só falam nisso) do que com a ascensão do próprio time.
Pensamos pequeno.
Voltaremos a ser grandes de verdade quando tivermos de volta o Ipiranga, o Galícia, o Botafogo, o Leônico... clubes que estimulavam a rivalidade contra Bahia e Vitória e revelavam grandes atletas, como Marito, Flávio, André, Nelinho, Valtinho, Armandinho...
Esse campeonato baiano de Ednaldo (o presidente da FBF) é um torneio capital-interior de baixo nível, tipo intermunicipal. Manjado, cartas marcadas.