São 19 partidas sem perder, 11 vitórias seguidas, a Copa das Confederações, a classificação para a Copa do Mundo com três rodadas de antecedência... e mais: jogando um futebol convincente.
Reconheçamos, há o trabalho de Dunga por trás disso tudo.
Sim, o mesmo Dunga que foi execrado na ‘era Dunga' dos tempos de Lazzaroni, tido como ‘grosso', contestado quando foi escolhido como treinador do escrete pela sua absoluta inexperiência para exercer o cargo, criticado pelas roupinhas esquisitas que andou vestindo à beira do campo por recomendação da filha estilista e, até hoje, olhado de trevés por muitos pela sua cara emburrada, seu estilo ‘chega pra lá'.
Mas Dunga nos cala a boca, a cada jogo, mostrando sabedoria dentro das quatro linhas de jogo.
Não foi diferente na noite chuvosa e colorida em Pituaçu.
Começou surpreendendo, escalando sabiamente o baiano Daniel. Como deixá-lo de fora da festa baiana, ele, o juazeirense, ídolo tricolor, único baiano da turma? Lembremo-nos que Dunga era jogador daquele time de Lazzaroni (cruz credo!) quando a seleção disputou a Copa América na Fonte Nova e o treinador, às vésperas da competição, desconvocou o ídolo Charles, centroavante campeão brasileiro pelo Bahia, provocando manifestações violentas do torcedor baiano insuflado pelo radialista Raimundo Varela. Até hino nacional vaiaram, até bandeira verde-amarela foi queimada.
Dunga deve ter se lembrado de tudo e não quis arriscar nada. Escalou Daniel no meio campo, em lugar de Elano. Foi feliz. Alegrou o torcedor e viu Daniel jogar com toda a alegria seu belo futebol, correndo, marcando, cruzando, dando passes para o gol, desdobrando-se em campo, fazendo belas jogadas.
Obteve êxito também nas substituições feitas depois da expulsão (boba, inexplicável) do volante Felipe Melo. Eliminou a vantagem numérica chilena com a entrada de Sandro, Elano e Tardelli, injetando ânimo, pegada e voltando a ganhar o domínio do meiocampo quando o Chile empatou e buscava a vitória.
O time de Dunga é guerreiro, como o comandante, não se entrega e joga com objetividade, à procura do gol.
Os 4 x 2 foram incontestáveis. Além de Daniel, jogaram muito o goleiro Julio César, os laterais Maicon e André Santos, e sobretudo Nilmar, autor de três gols, atuando com uma garra contagiante.
Dos que ficaram de fora, suspensos por cartões, o capitão Lúcio fez falta na zaga, como o astro Kaká (insubstituível) e o artilheiro Luis Fabiano, hoje o mais positivo atacante do futebol mundial. Já Robinho, nem foi lembrado, ofuscado por Nilmar.
No mais, fora os transtornos urbanos, o tráfego caótico e o medo nas ruas (o secretário de segurança estava lá nas cadeiras vipes do estádio, fagueiro, risão, como se nada estivesse acontecendo do lado de fora)... foi um brilho em Pituaçu!
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Caindo na real ... lá mesmo, sábado à tarde, o Bahêa enfrenta a Portuguesa, a Lusa paulista, num jogo dificílimo e decisivo. A torcida tricolor vai com fé. Já que não tem mais um Daniel Alves... contenta-se com Lima, Evaldo, Alex Terra ... é mole ?
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No Baradão, o caldeirão vermelho e preto, tem o jogaço Vitória x Palmeiras, o líder da Série A, agora treinado pelo competente Muricy Ramalho. Se não chover, o gramado estiver enxuto, será jogo de bola no chão e casa (quase) cheia.
O leão vai pegar o porco na toca? Ou vai miar?