SILÊNCIO
Ao calar o "alçapão argentino" diante dos maiores rivais, os pentacampeões mundiais e líderes na América do Sul alcançam os 30 pontos em 15 rodadas disputadas e já não podem mais ser ultrapassados por outras quatro equipes, já que o Equador, atual quinto colocado, tem dez a menos restando três jogos para o fim do torneio. Enquanto isso, a Argentina, com 22, ocupa apenas o quarto lugar e vive a ameaça de não ir à África do Sul.
Em seu primeiro duelo fora de Buenos Aires em toda a história das Eliminatórias, a Argentina não manteve o bom retrospecto e viu cair uma escrita de 16 anos exatos. O time vizinho não era derrotado diante de seu torcedor desde o dia 5 de setembro de 1993, quando caiu de forma humilhante para a Colômbia por 5 a 0, com gols do ex-corintiano Rincón e dois do ex-palmeirense Asprilla. Desde então, os argentinos jogaram 34 vezes em casa pelo torneio, com 25 vitórias e nove empates.
Já do lado brasileiro, a histórica vitória em Rosário, além de garantir a vaga no próximo Mundial e o rótulo de única equipe presente em todas as edições da Copa do Mundo, também representa a consagração de Dunga. Contestado no início, o treinador já acumula títulos da Copa América e Copa das Confederações e agora soma dez vitórias consecutivas. Nos clássicos contra Argentina em solo inimigo, não sabia o que era vencer o rival em jogos oficiais há 33 anos (três derrotas e um empate).
Com a bola rolando, os brasileiros deixaram a pressão apenas do lado de fora e mostraram muita frieza para segurar o ímpeto inicial dos argentinos. A provocação rival pôde ser notada com poucos segundos, aos gritos de "olé" quando a equipe da casa tocava a bola. Porém, a estratégia de segurar os primeiros minutos mostrou resultado aos 23min, momento em que Elano bateu falta para a área e o zagueiro Luisão subiu sozinho para escorar para as redes.
O gol serviu para esfriar os ânimos argentinos e deixou o Brasil ainda mais tranquilo em campo. Com a mesma postura, a estratégia de manter a frieza e fugir da famosa "catimba" rival, a Seleção voltou às redes em nova bola parada e outra falha. Apenas seis minutos depois, depois de falta batida pelo mesmo Elano e cruzamento de Kaká, Maicon pegou a sobra e exigiu boa defesa de Andújar. Na sobra, Luís Fabiano só escorou para as redes.
A surpreendente vantagem no placar logo no início fez até com que a torcida brasileira se soltasse em Rosário e devolvesse a provocação dos últimos dias com gritos de "Maradona é nosso rei". Enquanto isso, os fãs argentinos demonstravam irritação e começaram a criticar alguns nomes do elenco, principalmente a fragilidade defensiva da equipe. No ataque, quando Messi e Tevez conseguiram sair da forte marcação verde e amarela, pararam na presença do goleiro Júlio César, grande figura na partida.
Nos últimos 45 minutos, a tranquilidade brasileira foi abalada com um início de reação argentina.
Aos 19min, depois de esboçar uma pressão nos primeiros lances após o intervalo, Dátolo encontrou liberdade em uma das raras vezes e acertou chute de fora da área, sem dar chances de defesa para o camisa um de Dunga. No entanto, apenas dois minutos depois, em jogada individual de Kaká, a Seleção selou a vitória ao chegar no terceiro gol. O camisa dez verde e amarelo carregou pelo meio e acionou Luís Fabiano em velocidade. O artilheiro das Eliminatórias mostrou frieza para tocar com categoria na saída de Andújar, anotar seu 11º gol nas últimas dez partidas e confirmar o fim do jejum.