Cara de campeão
O clima de final tomou conta do Beira-Rio logo cedo. No fim da tarde desta quarta-feira, os torcedores colorados começaram intensa movimentação nos arredores do estádio. Mais tarde, dentro dele, a festa de sempre: músicas, hino do Rio Grande do Sul, sinalizadores... Tudo armado para incentivar o Internacional na sua dura missão.
Em minoria, a torcida do Corinthians teve de ficar concentrada na Parque Marinha do Brasil, de onde foi escoltada até o local do jogo e levada por um caminho de tapumes pretos para não ter sequer contato visual com os colorados. A tática deu certo. Só que dentro de campo, as coisas só dariam certo para um time. E ele tinha sotaque paulista.
Com a bola rolando, logo o clima esquentou. Já aos 3 minutos, o árbitro Ricardo Marques Ribeiro mostrou o primeiro cartão amarelo. Foi para André Santos, que fez falta dura no argentino D'Alessandro. A resposta colorada veio na mesma moeda. Índio acertou o atacante Ronaldo. Advertência também para o zagueiro.
Passada a tensão inicial, o Internacional tentou imprimir um ritmo de jogo forte atrás dos três gols que precisava para ser campeão. Mas o Corinthians entrou em campo bem armado. Frio e calculista, o Timão logo esfriou o ímpeto vermelho. Tanto que o primeiro chute a gol foi dos visitantes. Aos 8 minutos, André Santos mandou longe.
Em três lances seguidos, o Colorado chegou até a assustar um pouco. Primeiro aos 10 minutos, em chute de Taison, de fora da área. Sem perigo para Felipe. Depois, aos 11, quando D'Alessandro lançou Bolívar na direita, e o lateral se chocou com William pedindo pênalti. E por fim aos 12, em chute rasteiro do meia argentino.
EMPATE
Seguro, o Corinthians começou então a aumentar sua soberania nessa final. Aos 15 minutos, Jorge Henrique apareceu sozinho na grande área, ajeitou a bola, girou e chutou rasteiro para o fundo do gol de Lauro. No entanto, a arbitragem já marcava impedimento. Mas acabou que não fez falta alguma essa chance perdida.
Quando o cronômetro marcava 19 minutos, o Timão praticamente acabou com as chances do Internacional. Após cruzamento de André Santos da esquerda, Jorge Henrique desviou de cabeça e abriu o placar. Na comemoração, uma homenagem ao cantor Michael Jackson, que morreu semana passada: a famosa dança "Moonwalking".
Calada, a torcida do Inter ficou sem reação. Mal sabia ela que a situação ficaria ainda pior. Aos 28 minutos, Ronaldo, apagado até então, deu belo passe para André Santos. O lateral entrou na área pela esquerda e chutou forte, marcando um golaço: 2 a 0. A partir daí, o Colorado teria de marcar cinco gols para ser campeão.
Depois de algumas boas tentativas do time gaúcho com Nilmar (ele apareceu bem em duas oportunidades, aos 33 e 35, mas Felipe salvou), a situação colorada só não ficou pior porque Ronaldo perdeu uma incrível chance aos 36 minutos. Jorge Henrique achou o craque livre na área, mas ele concluiu em cima de Lauro.
Pequena reação
colorada e confusão
O Inter voltou para o segundo tempo buscando o impossível. Só com cinco gols o time gaúcho seria campeão. O técnico Tite resolveu arriscar. Tirou Glaydson, um volante, e colocou Alecsandro, um atacante. O objetivo era colocar pressão no Corinthians.
O Timão, sempre organizado, manteve a solidez defensiva enquanto foi possível. O time colorado ficou bom tempo passeando ao redor da área adversária, mas sem efetividade. O Corinthians passou a utilizar os contra-ataques. Jorge Henrique, aos 13, teve boa chance para ampliar. Lauro defendeu o chute do atacante.
A torcida colorada até tentou seguir apoiando. Jogou mais do que o time. Mesmo atrapalhado, o Inter alcançou o gol. Em cruzamento da direita, a zaga alvinegra comeu mosca e deixou a bola com Alecsandro, que conseguiu desviar para o fundo do gol: 2 a 1.
Eram 25 minutos do segundo tempo. Muito tarde para uma reação efetiva. Mas, naquele momento, o Inter parecia jogar pela honra. E buscou o empate aos 29. Foi novamente em um cruzamento da direita, novamente em conclusão de Alecsandro. A bola bateu na trave direita de Felipe antes de entrar.
Foi aí que a rivalidade entre Inter e Corinthians explodiu. Cristian, ao ser substituído, caiu no chão para matar tempo. Os jogadores do Inter ficaram revoltados. D'Alessandro perdeu a cabeça e tentou comprar briga com os adversários.
Foi expulso e partiu para cima de William, que foi inteligente para evitar uma confusão maior. Quase nasceu ali uma briga generalizada. Os jogadores trocaram empurrões. Cristian e Kleber se desentenderam também. D'Alessandro, na saída de campo, foi aplaudido pela torcida, mesmo tendo prejudicado o time em um momento que poderia ser de reação ainda mais bonita. Os dois treinadores também foram expulsos.