O dia 21 de junho, em termos de futebol e de confrontos, é uma data nada auspiciosa para os italianos, atuais campeões mundiais. Em 1970, no México, os italianos levaram uma surra de 4 x 1 de um time brasileiro que tinha Carlos Alberto, Piazza, Clodoaldo, Gérson, Rivelino, Jairizinho, Tostão e o rei Pelé. Um time de sonhos.
Foi um show de bola, ainda em preto e branco pela TV, e conquistamos ali o tri-campeonato mundial com gols de Pelé, Jair, Gerson e Carlos Alberto.
Inesquecível.
Neste domingo, 21 de junho de 2009, na África do Sul, o respeitável time italiano foi desclassificado da Copa das Confederações levando 3 x 0 de um novo time brasileiro comandado por Lúcio, Maicon, Felipe Mello, Kaká, Ramires, Robinho e Luis Fabiano, que fez dois gols. Show de bola!
O placar foi todo construído no primeiro tempo, quando a Itália, que precisava vencer, avançou suas linhas deixando espaços abertos para os contra-ataques em velocidade do escrete canarinho puxados por Kaká, Ramires e Robinho. Arremessamos ainda duas bolas na trave do arqueiro Buffon e os italianos, tontos, nem viram a cor da bola.
Na segunda etapa, o Brasil puxou o freio de mão, fechou-se mais, administrou a vantagem e até rebolou um pouco, pois teve chances de ampliar o marcador.
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Invicto no torneio, sem tropeços, sem levar um só cartão amarelo nos jogos disputados, o Brasil enfrenta na quinta-feira à tarde, já pelas semifinais da Copa, o time da casa, a África do Sul, os ‘Bafana –Bafana’ treinados pelo nosso conhecido Joel Santana. Imaginem o colorido e o barulho da festa dos negões nas arquibancadas ! Imperdível.
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No dia anterior, quarta, a também invicta Espanha, atual seleção campeã da Europa, enfrenta os Estados Unidos que, no domingo, de modo surpreendente, enfiou 3 x 0 no Egito e assegurou vaga nas semifinais. O mesmo Egito que já havia assustado o Brasil, naqueles 4 x 3, e vencido a Itália por 1 x 0 entregou a rapadura para o Tio Sam. Coisas do futebol, esse esporte cheio de surpresas e emoções.
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Se prevalecer a lógica, teremos no domingo uma final muito esperada entre Brasil x Espanha, sem dúvida os dois times mais técnicos e que jogam o melhor e mais bonito futebol que se pratica hoje no planeta.
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Canjica doce
No sábado doméstico, à tarde, no Barradão, o Vitória obteve um importante triunfo sobre o Botafogo (RJ), que coloca o time baiano em terceiro lugar na classificação da série A do Campeonato Brasileiro. 4 x 3 , placar de baba de praia.
E não foi de fato um grande jogo, apesar dos gols. Mesmo jogando um futebol sem brilho e desleixado na marcação, o rubronegro fez três gols no primeiro tempo
-Roger (2) e Adriano- em falhas primárias da defensiva carioca. Mas levou um gol de falta e um de cabeça numa bobeira defensiva.
O Botafogo voltou melhor na segunda etapa, empatou e atacou mais, poderia ter vencido um Vitória meio acuado. No entanto, mais uma vez já nos acréscimos, brilhou a estrela da sorte rubronegra no Barradão. Numa bola cruzada pelo alto, o goleiro alvinegro saiu catando borboletas e o baixinho Apodi, de cocuruto, desempatou o jogo e desentalou a galera, num jogo atípico de pouca bola bem jogada e muitos gols.
Os mais de 12 mil torcedores no estádio saíram saboreando canjica doce do Barradão.
No fim de semana próximo, o Vitória, ainda na sua Toca do Leão, encara o Santo André (SP), do eterno Marcelinho Carioca, que venceu de virada (2 x 1 ) o Sport de Recife. O time paulista é tinhoso.
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Amendoim sem sal
Já à noite, num horário horrível (21 hs de um sábado, vésperas de São João!), um Bahia lento e sem qualquer criatividade empatou (1 x 1) com o mineiro Ipatinga, deixando a torcida de menos de 10 mil pagantes tiririca com o que viu em campo.
A galera saiu mastigando amendoim sem sal e cuspindo azedo na véspera do São João.
O primeiro tempo foi duro de se ver, com poucas chances de parte a parte, muita disputa no meio campo e quase nenhum chute a gol. Vaias no intervalo.
No segundo tempo, com a entrada de Elton Luiz e Reinaldo, o tricolor mexeu-se mais em campo, mas o gol só saiu naquela manjada bola alçada pelo alto na área que sobrou para Joãozinho, o estreante, abrir o marcador logo aos 5 minutos. Aos 13, num contra-ataque, aquela conhecida desatenção na defesa tricolor e veio o empate.
O resto do jogo foi de tentativas previsíveis, passes errados e frustração para o torcedor que em coro pediu a cabeça do Gallo, o treinador, fora do terreiro.
Um empate ruim que deixa o tricolor em 9º lugar na tabela de classificação, quebra a série de vitórias em Pituaçu, mas nada desesperador já que apenas um ponto separa o Bahia do terceiro colocado.
O problema que mais aflige é a bolinha de gude que o time tem jogado, sem ânimo, sem vontade de ganhar, sem poder ofensivo, sem jogadas insinuantes, nada!
Aquele totozinho modorrento e burocrático que desespera o torcedor.
Pior, o próximo jogo é em Duque de Caxias (RJ), contra o time carioca que, mesmo com 10 homens e em São Januário, empatou com o favorito Vasco da Gama.
Se jogar o que o torcedor viu em Pituaçu... vai ser um vexame, mais um.
O coração tricolorido aguenta?
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Paixão e ódio
A relação da devotada torcida com o atual time é mais do que uma simples impaciência ou mera implicância. Beira o desespero, o ódio.
Afora as poucas dezenas de jovens que integram a uniformizada Bamor - que atrás da trave do lado oposto do placar ainda tenta animar o time com batucada, algumas cantorias e palavras de ordem -, o grosso da torcida ‘classe média e envelhecida’ do antigo ‘esquadrão de aço’ limita-se, desde o início de cada jogo, a xingar o treinador e os jogadores, a vaiar qualquer chutão e exigir mudança aos berros, os bofes pra fora.
E a cada manifestação negativa das arquibancadas o time em campo erra mais os passes, alguns jogadores tentam afoitos decidir sozinhos, nervosos, maltratam a bola e tudo se complica mais ainda, favorecendo o adversário.
O certo é que o torcedor mais esclarecido e que tem grana para pagar o caro ingresso em Pituaçu não confia nesse time e solta todo o repertório dos palavrões. O time em campo, inseguro, não rende... parece cada dia pior.
Digo: Se não houver uma troca de energia positiva entre a galera e o time em campo vai ficar difícil a subida para a primeira divisão, agora ou amanhã. A torcida sempre fez a diferença, pra cima ou pra baixo.
Com a palavra a diretoria do clube, seus departamentos de futebol, de marketing, a comissão técnica e o plantel – que se imagina de profissionais – que tem a obrigação de reagir jogando bola, ganhando jogos.
Há algo sim de errado no Bahêa, e não é de agora.
Faltam vibração, treinamentos adequados à competição, condicionamento atlético, padrão de jogo, jogadas ensaiadas, vontade de vencer, posicionamento correto dos atletas em campo, atitude de time grande, uma escalação mais criteriosa... sei lá.
Pergunto: Ganha-se sem fazer gols? E se faz gols sem chutar ao gol adversário?
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Assim, os prenúncios não são bons, dentro e fora de campo. Dentro, uma classificação para a Série A a cada jogo mais difícil. Fora, as arquibancadas a cada jogo mais vazias. Um desalento só.
O torcedor sabe de cor o final desse filme.
À nova diretoria, que assumiu o compromisso de mudanças, cabe dar uma sacudidela geral, logo, já... ou a vaquinha atola-se de vez no brejo, onde chafurda há alguns anos.