Esporte

A RAPADURA DO VITÓRIA FOI ENTREGUE AO PALMEIRAS, POR ZÉDEJESUSBARRETO

ZédeJesusBarrêto é jornalista
| 07/06/2009 às 18:36
A Fonte Nova a espera de investimentos do governo e da iniciativa privada
Foto: BJá
 

   Castigado com um gol aos 47 minutos do segundo tempo, o Vitória deixou escapar um triunfo na tarde deste domingo no Parque Antártica, em São Paulo, contra o Palmeiras. 

  O rubronegro, mais aceso em campo, foi melhor no primeiro tempo e até fez um gol não marcado pela arbitragem num lance em que o atacante Roger finalizou de cabeça e a bola foi defendida pelo goleiro Marcos já depois de ultrapassar a linha de gol. O Palmeiras não chutou uma só bola no gol adversário.


  Apodi fez 1 x 0, logo no início do segundo tempo, pegando um rebote do goleiro. Com o placar favorável, o time baiano recuou.  A defesa fez uma linha de impedimento equivocada e o atacante Ortigoza, de cara, empatou.  O Vitória voltou a atacar e perdeu várias chances.  Já nos acréscimos, numa falha de marcação individual na cobrança de um escanteio, veio o castigo numa cabeçada e a virada do Palmeiras.


  "Não sei como conseguimos perder esse jogo", disse, perplexo, o treinador Carpegiani, ao sair de campo.


  Mas futebol é assim, um dia ganha-se com um chutaço inacreditável de fora da praça segundos antes de o árbitro apitar o final ( o gol antológico de Leandro Domingues no Barradão contra o Grêmio), e no outro entrega-se a rapadura já nos acréscimos.


O próximo jogo do Vitória é em Porto Alegre, contra o todo-poderoso Internacional.


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Bahia


Sábado, noite de lua cheia, o estádio de Pituaçu tricolorido, o Bahia venceu o ABC de Natal por convincentes 4 x 0. Não existe jogo fácil. A atuação dos times em campo e as circunstâncias do jogo é que facilitam ou não as coisas. O Bahêa atuou bem, a despeito de mudanças obrigatórias na zaga e de alterações técnicas no meio-campo.


E fez os gols. Dois deles em cabeçadas de um garoto de 19 anos, estreante, que atuava de lateral esquerdo nas divisões de base e jogou como meia, uma surpresa do treinador Gallo. O nome dele é Roberto, canhoto, ágil, objetivo. Surpreendeu também a atuação do zagueiro Menezes que ninguém conhecia. No mais, um meio campo que brigou pela bola - Leandro, Élton e Hernani - e as esperadas entradas, no segundo tempo, de Joãozinho - inteligente mas fora de ritmo -, e de Joelson , que agradou.


Com o resultado positivo o tricolor está entre os primeiros e joga, na terça, contra o Brasiliense, no DF. Uma vitória fora de casa pode significar uma arrancada para a primeirona com os jogadores mais confiantes e a torcida no embalo, enchendo o estádio.


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Seleção


Na tarde de sábado a seleção brasileira passeou no velho estádio Centenário de Montevidéu, aplicando uma inesperada e histórica goleada no Uruguai : 4 x 0, com direito a olé.  Há mais de 33 anos o Brasil não vencia por lá, e quando o fez a diferença de gols nunca foi maior do que um.


O jogo que se prenunciava muito difícil ficou mais fácil após um chutaço de Daniel Alves (baiano de Juazeiro, revelado pelo Bahia) do ‘meio da rua', com a bola quicando no gramado na frente do goleiro e saindo do seu alcance. 1 x 0 por volta dos 12 minutos de jogo.  Daí pra frente, o que se viu foi um Uruguai indo para o ataque em busca do  empate e o time canarinho marcando com eficiência e explorando os contra-ataques mortais.


Merecia mais. Os hermanos uruguaios jamais esquecerão a surra.


Destaques para o goleiro Júlio César, Daniel, a zaga de Lúcio e Juan, o meiocampista Felipe Melo e o atacante Luis Fabiano. Kaká foi discreto e Robinho jogou mais em equipe, sem muita firula.


Quarta-feira, no Arrudão, em Recife, o escrete enfrenta o Paraguai, que era o líder das Eliminatórias para a Copa 2010 mas foi surpreendido e derrotado pelo Chile no fim de semana.


Vencendo em Pernambuco, o time brasileiro praticamente carimba o passaporte para a

África do Sul.


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Copa 2014


Ando com uma pergunta entalada:


Será que teremos mesmo jogos da Copa do Mundo 2014 na Bahia?

Tem sentido a interrogação.


- As obras do tal metrô de pernas curtas, quase paradas, sofrem ameaças de travamento total, em novas embrulhadas de mau gerenciamento e ilegalidades.  O trem não sai do lugar. Nem chega aos trilhos.  Ninguém agüenta mais tanto vai-não-vai.


E sem um transporte de massa decente, sem um metrô (ou que outro nome se dê ao trem) que chegue até Pirajá e faça o percurso centro-aeroporto não haverá copa na Bahia em 2014. Todos estão cientes disso.


- Só relembrando: Pituaçu foi re-inaugurado, depois de uma novela de ‘é hoje-amanhã-e-nada', e está funcionando com transtornos, sem as prometidas e indispensáveis obras de infraestrutura viária no seu entorno ( avenidas Paralela e Pinto de Aguiar).

Ninguém fala mais nas passarelas, viadutos, duplicação de vias e estacionamentos.


- O projeto  do Hilton Hotel na parte baixa do Elevador Lacerda, defronte do Mercado Modelo, tido como fundamental para o turismo e para requalificação da zona do Comércio... não rola em função de eternas querelas entre os podres - prefeitura, estado, órgãos ambientais, patrimoniais, justiça, empresas... ninguém se entende.

E a população, de fora, entende menos ainda o que se passa.


- Feito a caso da Orla Atlântica, com suas barracas-pardieiros de praia. Sai e entra verão, campanhas, eleições e nada acontece. Há muita sujeira sob a areia dessa praia.


- Ou, podemos também citar, o caso do projeto de reforma do conjunto do alto da avenida Contorno, onde ficava a boate Cloc.  O que começou, aprovado, tem sido questionado, embargado ... E o que foi vendido como um ganho para a requalificação da cidade de repente vira uma ameaça.  Vai ou não vai?


- É bom lembrar também do Pelourinho, Patrimônio da Humanidade, que já foi morada de elite, virou comércio e puteiro, depois transformou-se em ‘shoping pra turista', como dizem, e agora não passa de um conjunto arquitetônico antigo quase fantasma, as ruas cada dia mais ocupadas por pedintes, malucos, ladrões e drogados para espanto dos turistas e desespero dos comerciantes e amantes da área que lá resistem bravamente.


- Por último, a Fonte Nova, tão amada pelo baianos, que deve ser o palco, cenário principal dos espetáculos previstos para 2014.


O que se divulga até aqui, assusta. Primeiro a destruição, o fim dos únicos equipamentos olímpicos de natação que possuímos.  É necessário aterrar as piscinas?


Não há alternativas arquitetônicas que as preservem? Será preciso, de vera, demolir, implodir toda a estrutura possante do estádio, o anel inferior?  Nada mais presta, de repente? Essas intervenções destruidoras não estavam previstas no projeto inicial apresentado e aprovado. Lembram?


No entorno, o que mais será atingido?  Haverá desapropriações, onde?

E tome-lhe estacionamentos em prédios horríveis ( você conhece algum prédio de estacionamento de carro bonito?), mais shoping ...


Adeus churrasquinho e kombi do reggae! E isso tudo para uma de plantar uma arena ‘germânica' com capacidade de apenas 56 mil pessoas, a ingressos estratosféricos.

Ora, a Fonte Nova já abrigou público de 110 mil. Qualquer BaVi dá mais de 80 mil pessoas.  


No meio de tanta indefinição, blábláblá estéril e desrespeito aos costumes de um povo, veremos ainda agressões ao meio ambiente, ao patrimônio urbano, à história da cidade e esse processo todo, que ainda nem começou, vai render muito.


Esperemos ações, interdições, denúncias de licitações fraudulentas, embargos, chuvas e trovoadas, greves de operários, imprevistos, prazos não cumpridos, superfaturamentos, muita gente querendo aparecer e outros tantos tirando o bumbum da seringa...


- Ah, importante!!! Cadê a grana?  Quem vai mesmo abrir o bolso e a troco de quê?    

 Bem, se os prazos não forem cumpridos conforme o calendário da FIFA... adeus copa!


- Até agora, governo e prefeitura nem se entenderam sobre os projetos comuns. Paroano é eleição, tem palanque, demanda, puxa-estica de quem manda no pedaço etc e tal...

  

E o povo só apreciando, de longe, o furdunço.

        

Daí, a pergunta, entalada, quer sair aos berros: Será que teremos essa copa na Bahia?