É o oitavo título conquistado pelo rubronegro nesta primeira década de século.
Hegemonia cravada, fruto de um planejamento de anos seguidos que teve início com a construção do estádio do Barradão e do complexo de treinamento (CT) do clube, entre os mais bem equipados do país.
Um título merecido, pela campanha do time durante o campeonato. Teve o melhor ataque, a melhor defesa, um melhor aproveitamento no geral.
Na disputa direta com o Bahia, o título foi ganho, de fato, no jogo de Pituaçu, quando o tricolor deu mole e o Vitória quebrou a invencibilidade do tricolor com um convincente 2 x 1, no último domingo de abril.
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No jogo decisivo do Barradão, o Bahia precisava de dois gols e surpreendeu. Jogou com garra, fez 2 x 0 no primeiro tempo, parecia ter o domínio dos nervos e do jogo, mas entregou o título ao adversário no segundo tempo.
O treinador Galo escalou um time ofensivo - com o veloz Ávine marcando o veloz Apodi, Leo Medeiros pondo a bola no chão no meio campo e Paulo Roberto caindo em velocidade nas costas do altos, jovens e lentos zagueiros rubronegros. Deu certo.
O Vitória pouco criou e o Bahia marcou dois gols com bola trabalhada: o primeiro, um chutaço do atacante Reinaldo numa metida de bola de Paulo Roberto, aos 10 minutos. No finalzinho, o ataque tricolor entrou tabelando pelo miolo da zaga adversária e Ávine marcou 2 x 0. A torcida sentiu o gosto do título.
Mas ainda tinha o segundo tempo.
Com o campo pesado, o Vitória partiu pra cima com bolas altas cruzadas na área tricolor, fazendo pressão. O Bahia truncava o jogo com faltas e explorava os contra-ataques. Num deles, Reinaldo esteve de frente com Viafra e perdeu o terceiro gol que poderia selar o resultado do jogo e do campeonato, aos 12 minutos.
Mas, aos 20 minutos, em mais uma bola alçada, o forte atacante Neto Baiano trombou com um zagueiro, que patinou dentro da pequena área, girou e bateu no canto, fazendo
2 x 1, um gol típico de centroavante reçudo.
Um minuto depois aconteceu o lance que acabou com a sorte do Bahia. O atacante Cadu, que acabara de entrar no lugar de Reinaldo (que sentiu cãibras), nem tocou na bola e foi expulso após dar uma entrada dura num adversário, num lance tolo no meio campo. Facilitou a reação rubronegra.
Com um jogador a menos e precisando fazer mais um gol para garantir o título, o tricolor foi todo para o ataque, abrindo-se na defesa, proporcionando o contra-ataque ao adversário. Já no final, uma bola foi enfiada do lado direito aberto da defesa e o goleiro Marcelo, driblado, cometeu o pênalti. Ramon marcou o gol do empate e garantiu o tri rubronegro. Justo.
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No final, algumas provocações, ânimos exaltados e houve troca de tapas e empurrões entre jogadores do Bahia e alguns membros da comissão técnica do Vitória.
Um BaVi, mais um, com molho apimentado. Gols, reação, expulsão, pênalti, provocações, empura-empurra... Faz parte da história do clássico.
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Das competições que participa este ano, o rubronegro venceu a primeira. Um tri que vai para a história do clube.
Na quarta, já pela Copa do Brasil, vai a Belo Horizonte enfrentar o Atlético com uma ampla vantagem. Venceu o primeiro jogo no Barradão por 3 x 0 e o Galo de Minas anda de crista baixa, perdeu o título mineiro depois de uma surra humilhante de 5 x 0 para o rival Cruzeiro. Se passar pelo Atlético, pode pegar o Icasa - do Ceará, que empatou com o Vasco em São Januário. Ou seja, nunca foi tão fácil chegar a uma final de Copa do Brasil e , quem sabe, conseguir o seu primeiro título nacional. Essa é a hora.
O Vitória tem ainda uma competição sulamericana pela frente e, já no próximo domingo, enfrenta o Atlético do Paraná pela série A do Campeonato Brasileiro.
Se não desmantelar o time com a saída de jogadores como Bida e Neto Baiano, pode pensar numa classificação entre os seis primeiros e conseguir uma vaga para a Libertadores de América. Um sonho.
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Já pelo lado tricolor... resta à torcida contentar-se com a mantida invencibilidade de alguns anos no Barradão.
O time está fora da Copa do Brasil e perdeu o campeonato baiano, apesar de ter mostrado um futebol competitivo, com atuações bem mais convincentes que nos anos anteriores. O clube e o time estão se reorganizando.
É hora de juntar os cacos, dispensar alguns jogadores que não renderam (tipo Cadu, por exemplo) e reforçar o time para a disputa da série B.
A meta maior, e única, do time, agora, é brigar para sair da série B e subir para a primeira divisão. Um sonho/pesadelo da torcida, que não agüenta mais o sofrer de anos seguidos como time pequeno.
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Essa torcida, devota, precisa de uma nova motivação pra voltar com fé a Pituaçu.
Quem sabe a chegada de um ou dois craques para reforçar o plantel.
Craques, repito, jogadores de nome, de referência, daqueles que fazem a diferença na hora da decisão.
A missão começa no próximo sábado, em Pituaçu, contra o Paraná.
É preciso começar ganhando, ou ... a torcida vai pegar no pé do treinador, de alguns jogadores e tudo fica mais difícil.
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Corinthians, campeão invicto em São Paulo. Flamengo papou mais um título carioca, vencendo o Botafogo nos pênaltis.