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Um outro aspecto, que não se resume a Pituaçu, é o excesso de jogos. Dia sim, dia não, a dupla Ba Vi está em campo, atuando pelo campeonato baiano ou pela Copa do Brasil.
Não tem bolso que aguente. Nem as pernas e os pulmões do atletas suportam uma maratona assim. Culpa de um calendário apertado, com objetivos puramente lucrativos.
Resultado: jogos a cada rodada mais fracos, atletas exauridos, treinadores sem tempo de treinar os fundamentos básicos de um time de futebol, arrecadações cada dia menores...
Pergunta-se: não é chagada a hora de se repensar a validade desse campeonato regional deficitário, os clubes do interior falidos, salários atrasados e baixo nível técnico? Ou de se fazer uma tabela/modelo mais enxuta? Para suportar uma maratona dessa os clubes, sobretudo Bahia e Vitória, precisariam de elencos maiores, basicamente dois times, substitutos à altura dos titulares. Cadê a grana?
Como está, quando chegar a hora de os clubes entrarem pra valer no Campeonato Brasileiro ( o filé do futebol brasileiro) os atletas estarão fisicamente acabado, sem condições de competir em igualdade de condições com os grandes times do Sul, sempre mais bem planejados e com jogadores em melhores condições atléticas que os nossos.
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Um outro acontecimento que mexeu com o futebol baiano, neste ano, foi a ida do gestor (?) Paulo Carneiro, de tantos serviços prestados ao Vitória, clube de seu coração, para o Bahia. Inicialmente a torcida gostou, em função da contratação de bons atletas para um novo time tricolor, como o goleiro Marcelo, os laterais Rubens Cardoso e Patrício, o zagueiraço Nem, os meias Leandro e Elton, o craque Leo Medeiros...
Mas o decorrer dos jogos tem mostrado que o time não tem reservas, caiu de produção na metade do campeonato baiano e as cobranças do torcedor por melhores resultados e exibições dignas já começam a incomodar, tanto o PC Grandão como o seu treinador Gallo. No futebol, sobrevive-se de resultados e a torcida tricolor não suporta mais...
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Já no Vitória... um tira e bota de treinador e muito resultado de goleadas contra os times pequenos, resultados facilitados por seguidas expulsões de jogadores adversários (inclusive no Ba Vi) , todas no primeiro tempo, no início dos jogos. Coincidência? Armação de bastidores? O time é inferior, tecnicamente, ao do ano passado. Mas o retorno de Ramon reanimou a torcida. Apesar dos anos, é um craque e dentro de campo faz a diferença com a sua malandragem e passes certeiros. Esse plantel não encara a primeira divisão.
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No âmbito internacional, o destaque foi a goleada da Bolívia, nas alturas de La Paz, contra a Argentina de Maradona: 6 a 1 inacreditáveis. Bom, porque quebra a arrogância dos hermanos, a crista de Dom Diego, e mostra que jogar acima de três mil metros de altitude é desumano e injusto. A não ser que o presidente cocaleiro Evo Morales convença a FIFA e que os velhinhos da entidade permitam a todos os jogadores entrarem em campo mascando a folha, tomando o chá de coca e ‘dando tapa' na dalila.
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Quanto à seleção canarinho, algumas constatações: Júlio César tornou-se um senhor goleiro; o baiano Daniel Alves, de Juazeiro, é o ala pela direita; temos bons zagueiros de área; não temos ainda um substituto de Roberto Carlos na lateral esquerda; Felipe Melo e Gilberto Silva são clones, ou um ou outro, e prefiro o mais novo, só; Ronaldinho Gaúcho acabou, perdeu a vontade, a velocidade, a gana de jogar bola, virou um malabarista inócuo; o mesmo caminho segue Robinho, se não lhe puxarem as orelhas; Luis Fabiano conquista com suor e garra a camisa que foi do Ronaldo gorducho, na tora e enfiando a bola nas redes adversárias; e Kaká é indispensável, pela bola que joga e pelo que fala em campo.
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No mais, o futebol burocrático que se joga hoje é muito pobre tecnicamente. O domínio de bola é difícil, o drible é raro, o lançamento longo preciso quase não se vê, o talento é ofuscado pela pegada. Obra dos treinadores, que querem aparecer mais do que os atletas. Parodiando o inesquecível Armando oliveira, que Deus o tenha : Vê-se muita transpiração e nenhuma inspiração em campo.
Amém.