Com a vitória, computando o Mundial de Clubes da Fifa e a Copa Intercontinental disputada entre 1960 e 2004, os milaneses passam a ser os primeiros tetracampeões mundiais de clubes da história - venceram também em 1969, 1989 e 1990.
Pippo Inzaghi, duas vezes, Kaká, outra vez fundamental, e o zagueiro Nesta fizeram os gols do Milan. Para o Boca, que segue com três títulos mundiais ao lado de Real Madrid, Peñarol, Nacional-URU e São Paulo, Palacios e Ambrosini (contra) marcaram.
A vitória milanista, além de colocar o time italiano como maior vencedor de competições internacionais da história - a disputa pela primazia é justamente contra o Boca -, tem gosto de revanche para o Milan. Em 2003, após empate por 1 x 1 na final da Copa Intercontinental, os milaneses foram derrotados pelos argentinos na disputa de pênaltis.
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Maldini, aos 39 anos, ergue taça do seu terceiro Mundial |
Foi a primeira vez que um time europeu conquistou o Mundial chancelado pela entidade máxima do futebol mundial. Nas edições anteriores, apenas clubes brasileiros haviam ocupado o degrau mais alto do torneio: Corinthians (2000), São Paulo (2005) e Internacional (2006). Assim, o futebol do Velho Continente ainda encerrou um jejum que se estendia desde o período pré-Fifa, já que o último clube da Europa a conquistar a taça havia sido o Porto, em 2004.
A partida
A decisão deste domingo começou com uma boa primeira chance do Milan: logo aos cinco minutos, Inzaghi recebe de Seedorf na direita e bate cruzado, com a bola passando rente à trave do gol de Caranta. Aos 10, os xeneizes respondem em cruzamento de Palermo, que Dida corta mal; o gol só não sai porque Morel Rodríguez erra a conclusão.
Palermo teve nova boa chance aos 20, mas Dida evitou o gol. De quebra, Inzaghi abriu o placar para os milaneses um minuto depois, após jogada de Kaká. O brasileiro conduziu a bola desde o meio-de-campo e bateu em cima dos zagueiros. A bola sobrou e o italiano, jogador mais perigoso da etapa inicial, bateu para tirar o zero do placar.
Os rossoneri, porém, nem tiveram tempo de comemorar. Aos 23, os sul-americanos tiraram proveito de uma cobrança rápida de escanteio; Morel Rodríguez pegou a defesa rival desarmada e cruzou na pequena área. Dida não saiu e Palácio escorou de cabeça para decretar o 1 a 1.
Sem esmorecer, o Milan partiu para cima de maneira ostensiva e criou duas chances pela esquerda com Kaká e Inzaghi, mas a defesa boquense salvou. Aos 32, o Boca respondeu com Neri Cardozo, que dominou na entrada da área e demorou para concluir, sendo travado pela defesa italiana.
A partir daí, as duas equipes começaram a enfrentar dificuldades para entrar na área rival. As melhores oportunidades surgiram em cruzamento rasteiro de Palácio aos 35 e em um tiro de longe de Seedorf aos 44. Nos acréscimos, Palácio recebeu de Palermo em posição duvidosa e só não concluiu porque a arbitragem marcou impedimento.
No entanto, o segundo tempo começou com vantagem do Milan. Aos quatro minutos, Seedorf levanta falta pela direita, Ambrosini erra feio a conclusão e a bola sobra para Nesta. Mesmo marcado, o zagueiro bate forte para o gol de Caranta e recoloca os campeões europeus em vantagem.
Com 12 minutos, o Azul y Oro quase empatou novamente, desta vez em uma bola de fora da área que Ibarra manda na trave de Dida. No rebote, Palermo não alcança e a zaga do Milan afasta. Era momento do Boca Juniors voltar a crescer no jogo.
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Kaká marca o (belo) terceiro gol do Milan |
Era, mas o Milan armou um contra-ataque aos 16 e praticamente definiu a decisão. Kaká recebeu lançamento em profundidade na esquerda, entrou na área e encarou Maidana. O brasileiro levou a melhor e bateu sem muita força para o gol boquense, mas Caranta aceitou e viu a bola passar mansamente por baixo de seu corpo. 3 a 1 para o Milan.
O Boca bem que tentou reagir com as entradas de Ledesma e Gracian, mas o golpe de misericórdia veio aos 25 minutos. Pela esquerda, Seedorf avançou e tocou dentro da área para Kaká. Marcado, o camisa 22 centrou de primeira para Inzaghi que, completamente livre, só teve o trabalho de bater para o gol de Caranta. Se havia alguma dúvida do título milanista, ela havia acabado de cair por terra.
Aos 30, Inzaghi deu lugar ao experiente Cafu e saiu consagrado de campo. O Boca já não tinha forças para reagir e ainda quase viu Kaká marcar o quinto gol aos 38, depois de cruzamento de Cafu que terminou com uma cabeçada rente ao travessão. A torcida argentina ainda cantava, embora o empate fosse uma possibilidade cada vez mais remota.
Mesmo assim, os boquense ainda conseguiram diminuir aos 40, com um gol contra de Ambrosini. Após cobrança de escanteio e arremate dos comandados de Miguel Angel Russo, Dida dá rebote e a bola cai nos pés de Ledesma, que bateu. O camisa 23 do Milan tentou cortar, mas tirou das mãos do goleiro.
O próprio Ledesma sequer comemorou. A essa altura, era tarde para esperar outro resultado que não o título do rival italiano. Aos 48, o árbitro mexicano Marco Rodriguez apitou o fim do jogo e decretou o Milan como o maior vencedor da história dos mundiais de clubes.
FICHA TÉCNICA - MILAN 4 X 2 BOCA JUNIORS
Local: Estádio Internacional de Yokohama, no Japão
Data: 16 de dezembro de 2007, domingo
Horário: 8h30 (de Brasília)
Árbitro: Marco Rodriguez (México)
Auxiliares: José Luiz Camargo e Pedro Rebollar (ambos do México)
Cartões amarelos: Ambrosini (Milan); Ibarra, Battaglia e Paletta (Boca) Cartões vermelhos: Kaladze (Milan) e Ledesma (Boca)
Gols: Inzaghi, aos 21 do primeiro e aos 25 do segundo; Nesta, aos 4, e Kaká, aos 16 do segundo tempo (Milan). Palácio, aos 23 do primeiro, e Ambrosini (contra), aos 40 do segundo tempo (Boca)
MILAN
Dida; Bonera, Nesta, Kaladze e Maldini; Gattuso (Emerson), Pirlo, Ambrosini e Kaká; Seedorf (Brocchi) e Inzaghi (Cafu). Técnico: Carlo Ancelotti
BOCA JUNIORS
Caranta; Ibarra, Maidana, Paletta e Morel Rodríguez; Gonzalez (Ledesma), Bataglia, Banega e Neri Cardozo (Garcian); Palermo e Palácio. Técnico: Miguel Ángel Russo