Eva Birath caminha pela passarela à beira-mar, e diante de lojas e barracas que vendem diversas variedades odoríferas de comida nada saudável que ela jamais consumiria. Birath é uma sueca loira de 1,80m, com olhos azuis e músculos cinzelados, e, vestida em uma camiseta sem mangas de lycra e calças de abrigo, se acostumou a chamar a atenção das pessoas.
"Quanto você ergue de peso?", pergunta um homem sentado em seu caminho. Birath diz que ela está acostumada a ouvir perguntas desse tipo. Na Suécia, afirma, ouve coisas muito piores. O homem repetiu a pergunta, e Birath continuou a ignorá-lo.
Perguntas indiscretas e olhares curiosos são o preço que Birath paga por uma mudança de carreira notável e quase inédita.
Quatro anos atrás, aos 47, ela era uma executiva de marketing sempre ocupada, e já havia passado por dois divórcios. Ganhava 45 mil coroas (cerca de US$ 6,7 mil) ao mês, voava freqüentemente em viagens de negócios a Estocolmo, falava o tempo todo em seu celular e vivia com seus dois filhos em uma casa grande em Goteborg. Ela diz que se tratava de uma vida normal de executiva, vivida sempre sob intensa pressão. Foi então, em dezembro de 2002, que ela terminou demitida.
Birath vendeu a casa e se mudou para um apartamento. Vendeu o carro. Não sabia o que fazer a seguir. Começou a freqüentar uma academia próxima, onde um dos usuários regulares comentou que ela tinha um corpo excelente para o fisiculturismo. Ela descobriu sobre um torneio que aconteceria em dezembro seguinte, e se inscreveu, mesmo sem saber nada sobre o esporte -qual era a melhor dieta, como treinar, como posar.
"Era muito incomum que alguém começasse no fisiculturismo com a minha idade, mas eu achava que o desafio estava exatamente nisso", diz Birath, 51 anos. "Eu imaginava que as pessoas todas tivessem preconceitos, como a idéia de que todo halterofilista é estúpido".