Popó apresenta números impressionantes na carreira: 38 vitórias, 32 por nocaute, e 2 derrotas.
As primeiras 29 lutas foram vencidas por nocaute, recorde nem mesmo superado por Mike Tyson. Em sua categoria, aliás, nocaute é coisa rara, devido ao baixo peso dos atletas -a maior parte das lutas é decidida por pontos dos jurados. O pugilista brasileiro conquistou seu primeiro título mundial, na categoria superpena, aos 24 anos, ao derrotar o russo Anatoli Alexandrov. A vitória foi arrasadora. Alexandrov saiu do rinque direto para o hospital, onde permaneceu alguns dias em estado de pré-coma.
Em 2002, o pugilista brasileiro unificou os títulos dos superpenas da Organização e Associação Mundial de Boxe, ao derrotar o cubano naturalizado norte-americano Joel Casamayor por pontos, em decisão unânime dos jurados.
Depois de retornar aos pesos leve, Popó conquistou em 2004 o título da categoria com uma vitória sobre o lutador alemão Artur Grigorian. Em abril do ano passado, ele reconquistou o título da Organização Mundial de Boxe na vitória por pontos contra o norte-americano Zahir Raheem.
Mas na última luta, em abril deste ano, Popó perdeu para o pugilista mexicano naturalizado norte-americano Juan Diaz. O combate valia a unificação do título da Organização Mundial de Boxe (WBO).
Depois de 17 anos como profissional, Popó diz não ter desafetos no esporte, mas revela que jamais teria o norte-americano Don King como gerenciador de sua carreira, apesar de ele ser considerado o maior empresário do esporte.
- É o tipo de empresário que não pensa no atleta, mas no bolso. Graças a Deus não passei pela mão dele.
A realização dos Jogos Pan-Americanos no Brasil é um reencontro de Popó com o evento esportivo mais importante do continente. O pugilista é um dos atletas homenageados pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Ele recebeu a tocha dos jogos no Espírito Santo um dia após esta e ainda participaria da cerimônia de chegada do símbolo da competição na capital baiana e em Sergipe.
O Pan tem um significado especial para Popó. Um de seus primeiros feitos no boxe, quando ainda era amador, foi a conquista da medalha de prata na edição de 1995, em Mar del Plata, Argentina.
O fato de ter se tornado profissional cedo impediu que ele disputasse uma Olimpíada. Ele foi convocado para Atlanta, em 1996, mas se profissionalizou antes. Ele diz não sentir frustração com isso.
Popó disse não acreditar que sua saída de cena vá reduzir a evidência conquistada pelo esporte.
- Falta patrocínio, mas em termos de material humano, o Brasil está bem. Tem lutador aqui na Bahia que é oitavo no mundo, o Dilsinho, e ninguém sabe. Tem outro, o Carlinhos, peso super-galo, antiga categoria de Eder Jofre, é o 12º do mundo, que mora em Santos. Tem outro que é 15º do mundo, o Luciano Silva, campeão latino".
O lutador disse que vai sentir saudade do ringue, mas não se arrepende da decisão de parar.
- Meu objetivo em ser campeão mundial era mudar minha história, que é muito recente. Oito anos atrás eu morava em uma casinha de um cômodo, dormia no chão. Isso está guardado em minha mente como se fosse ontem. Eu lembro de todas as dificuldades com muita alegria porque se fosse muito fácil, hoje não estaria aqui, quatro vezes campeão mundial - declarou.