Esporte

POPÓ DIZ AO G1/GLOBO QUE NÃO VAI MAIS LUTAR. AGORA,CUIDARÁ DE NEGÓCIOS

Popó vai permanecer atuando no boce como emprsário
| 10/06/2007 às 12:29
   Em entrevista exclusiva ao G1/Globo, transcrita aqui pelo Bahia Já, Popó diz que vai se aposentar como lutador de boxe.

   Acompanhe a entrevista do G1

   Parei de lutar. Vou cuidar da família, dos meus negócios, meus investimentos - disse o boxeador de 31 anos, quatro vezes campeão mundial - duas na categoria peso pena e duas na superpena. Em outubro do ano passado, Popó chegou a dizer que abandonaria o boxe, mas seguiu lutando. Desta vez, disse que a decisão é definitiva.

- A gente tem que saber a hora de parar - disse. Agora, ele vai trocar o boxe profissional pelas peladas de futebol no campo que tem em casa.

- Meu negócio agora é esse.

Popó disse que não pretende voltar ao esporte, a exemplo do que fizeram alguns ex-pugilistas.

- Lá nos Estados Unidos é muito fácil fazer isso. Dependendo do nome que (o lutador) tenha no boxe, no mínimo a bolsa dele é de milhões, como o Mike Tyson, que ganhou US$ 5 milhões quando voltou. Comigo, pelo fato de ser brasileiro, a bolsa não vai ser de milhões, vai ser de mil - afirmou.

O pugilista sai dos ringues, mas vai permanecer atuando no boxe como empresário. Ele tem uma academia em Salvador, um instituto, onde dá oportunidade a crianças e jovens carentes de se iniciar no esporte, e ainda uma empresa que promove lutas, a Boxe Brasil. 

 CARREIRA


Popó apresenta números impressionantes na carreira: 38 vitórias, 32 por nocaute, e 2 derrotas.

As primeiras 29 lutas foram vencidas por nocaute, recorde nem mesmo superado por Mike Tyson. Em sua categoria, aliás, nocaute é coisa rara, devido ao baixo peso dos atletas -a maior parte das lutas é decidida por pontos dos jurados. O pugilista brasileiro conquistou seu primeiro título mundial, na categoria superpena, aos 24 anos, ao derrotar o russo Anatoli Alexandrov. A vitória foi arrasadora. Alexandrov saiu do rinque direto para o hospital, onde permaneceu alguns dias em estado de pré-coma.

Foto: Ag. AP Popó saiu derrotado de sua última luta, contra Juan "Baby Bull" Diaz

Em 2002, o pugilista brasileiro unificou os títulos dos superpenas da Organização e Associação Mundial de Boxe, ao derrotar o cubano naturalizado norte-americano Joel Casamayor por pontos, em decisão unânime dos jurados.


"É o tipo de empresário que não pensa no atleta, mas no bolso. Graças a Deus não passei pela mão dele."
Popó, sobre Don King


Depois de retornar aos pesos leve, Popó conquistou em 2004 o título da categoria com uma vitória sobre o lutador alemão Artur Grigorian. Em abril do ano passado, ele reconquistou o título da Organização Mundial de Boxe na vitória por pontos contra o norte-americano Zahir Raheem.

Mas na última luta, em abril deste ano, Popó perdeu para o pugilista mexicano naturalizado norte-americano Juan Diaz. O combate valia a unificação do título da Organização Mundial de Boxe (WBO).

Depois de 17 anos como profissional, Popó diz não ter desafetos no esporte, mas revela que jamais teria o norte-americano Don King como gerenciador de sua carreira, apesar de ele ser considerado o maior empresário do esporte.

- É o tipo de empresário que não pensa no atleta, mas no bolso. Graças a Deus não passei pela mão dele.

 Pan


A realização dos Jogos Pan-Americanos no Brasil é um reencontro de Popó com o evento esportivo mais importante do continente. O pugilista é um dos atletas homenageados pelo Comitê Olímpico Brasileiro. Ele recebeu a tocha dos jogos no Espírito Santo um dia após esta e ainda participaria da cerimônia de chegada do símbolo da competição na capital baiana e em Sergipe.

O Pan tem um significado especial para Popó. Um de seus primeiros feitos no boxe, quando ainda era amador, foi a conquista da medalha de prata na edição de 1995, em Mar del Plata, Argentina.

O fato de ter se tornado profissional cedo impediu que ele disputasse uma Olimpíada. Ele foi convocado para Atlanta, em 1996, mas se profissionalizou antes. Ele diz não sentir frustração com isso.

Foto: Arquivo Diário de S.Paulo Popó se profissionalizou antes das Olimpíadas de Atlanta, em 1996
"Conquistei uma medalha de prata que o Brasil não tinha havia 17 anos (em Jogos Pan-americanos) e voltei a dormir no mesmo lugar e a comer a mesma comida. Com as Olimpíadas poderia acontecer o mesmo."


Popó disse não acreditar que sua saída de cena vá reduzir a evidência conquistada pelo esporte.

- Falta patrocínio, mas em termos de material humano, o Brasil está bem. Tem lutador aqui na Bahia que é oitavo no mundo, o Dilsinho, e ninguém sabe. Tem outro, o Carlinhos, peso super-galo, antiga categoria de Eder Jofre, é o 12º do mundo, que mora em Santos. Tem outro que é 15º do mundo, o Luciano Silva, campeão latino".

O lutador disse que vai sentir saudade do ringue, mas não se arrepende da decisão de parar.

- Meu objetivo em ser campeão mundial era mudar minha história, que é muito recente. Oito anos atrás eu morava em uma casinha de um cômodo, dormia no chão. Isso está guardado em minha mente como se fosse ontem. Eu lembro de todas as dificuldades com muita alegria porque se fosse muito fácil, hoje não estaria aqui, quatro vezes campeão mundial - declarou.

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