A desigualdade social que ninguém muda em Salvador e só cresce
Tasso Franco , Salvador |
04/03/2025 às 13:16
A casa carro durante todo o Carnaval numa rua da Barra
Foto: BJÁ
Não é novidade o que falarei neste texto sobre a "dura vida dos ambulantes" que trabalham no Carnaval de Salvador vendendo comidas e bebidas em isopores ou carrinhos diversos, pois, já é do conhecimento público há anos essa desigualade social em Salvador e que ninguém consegue mudar.
Entra governo; sai governo mais um monte de promessas são lançadas, mas, infelizmente, a maioria pura demagogia, o quadro não se modifica. Não é de hoje e sim de muitos anos e essa exposição, que era menor nas décadas de 1970/1980 cresceu bastante uma vez que a cidade inchou e são quase 3 milhões da habitantes e 2 milhões na baixa renda.
E quando chega no Carnaval uma pequena parte dessa população vai às ruas vender alguma coisa aproveitando a oportunidade e somente na Prefeitura foram cadastrados 3.700 ambulantes o que significa dizer, com as familias, algo em tornop de 18 mil pessoas. No total, entre cordeiros, abulantes cadastrados e não, catadores de latinhas, auxiliares de toda natureza, seguranças de camarotes, etc, estima-se um contingente de 50 mil pessoas.
Em minha rua, na Barra, uma familia estacionou esse carro preto modelo antigo com 5 pessoas e mora nesse carro-casa desde o Fuzuê 22 de fevereiro e uma parte da familia dorme no veiculo e uma outra dorme na calçada sobre um conchonete e usam os banheiros e sanitários quimicos da PMS. Chega por volta das 5 da manhã e dorme até às 10h. Rearrumam os colchonetes na mala do carro, trocam alguma roupa e descem para seus isopores em frente ao Centro Espanhol.
Essa á a rotina. Na madrugada de quarta de cinza a familia retorna para seu bairro. Não incomoda ninguém, não suja a rua, nada. Eu acompanho isso todos os dias porque moro nessa rua e vejo o comportamento deles. Quanto vão ganhar de recursos financeiros no Carnaval não saberia dizer. O que vejo é que, cedo, compram gelo e bebidas num depósito da Brahma e seguem para o ponto e só voltam na madrugada.
Nesse circuito há, ainda, uma rede de pobres abastecendo pobres e uma quentinha (almoço) custa R$10,00 e tem várias pessoas vendendo; e um sonho e/ou pastel R$2,00. Tem um vereador que, eventualmente, distribui quentinhas la na Barra, George Reis Pereira, conhecido como "Gordinho da Favela". O programa Bahia sem Fome não aparece e seria uma boa oportunidade porque essa galera sofre. Não diria que passa fome, mas, são 8 a 15 dias comendo mal, lanches e outros petiscos.
É isso. Não vou me alongar porque não adianta falar muita coisa, pois, nada se resolve nem acontece para mudar esse cenário. (TF)