Economia

MORRE DELFIM NETO O MINISTRO DOS GOVERNOS MILITARES QUE ASSESSOROU PT

Delfin Neto era descendente de italianos que migraram para o Brasil
da Redação ,  Salvador | 12/08/2024 às 10:13
Delfim Neto, 96 anos
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   Morreu na madrugada desta segunda-feira, 12, Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento, economista e ex-deputado federal, aos 96 anos. Ele estava internado, desde o último dia 5, no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

A causa da morte não foi identificada, mas foi informado que ele teria morrido por complicações em seu quadro de saúde.

Ele deixa esposa, uma filha e um neto. Segundo a família, o velório e sepultamento serão realizados em uma cerimônia restrita para a família e amigos.

Quem foi Delfim Netto

Neto de imigrantes italianos, e de origem humilde, Delfim Netto foi professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), e um dos mais longevos ministros da Fazenda no Brasil. Ele ocupou o cargo de 1967 a 1974, período da Ditadura Militar no país.

Também foi ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura em 1979 e embaixador do Brasil na França de 1975 a 1977.

Apesar de ter atuado durante o governo dos generais Costa e Silva, Emílio Garrastazu Médici e João Baptista Figueiredo, ele foi também um dos principais conselheiros de presidentes petistas e de empresários, após a redemocratização do Brasil.

Era ele que estava sob o comando da economia, entre 1967 e 1973, anos mais violentos da ditadura, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 85% e a renda per capita dos brasileiros, 62%. Em 4 anos, Delfim saiu 18 vezes na capa da revista Veja, e era a figura do governo que mais aparecia nos jornais da época.

Delfim não só testemunhou como influenciou alguns dos momentos mais marcantes da história do Brasil. Estava presente (e votou a favor), no dia 13 de dezembro de 1968, quando o general Costa e Silva baixou o Ato Institucional número 5, decreto que acabou com liberdades políticas e deu poder de exceção a governantes para punir arbitrariamente os inimigos do regime. Foi protagonista do milagre econômico, que culminou mais tarde na crise do endividamento externo brasileiro. Viu a hiperinflação, a redemocratização, participou da Constituinte, criticou o Plano Real, ajudou o PT a chegar ao poder.