Economia

Seminário aborda experiências de empreendedorismo de impacto social

Seminário aborda experiências e casos de empreendedorismo de impacto social
Da Redação , Salvador | 27/07/2018 às 09:21
Empreendedorismo
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Unir um negócio criativo que, ao mesmo tempo, traga desenvolvimento para a sociedade tem sido o DNA de diversas organizações e empresas no país. Nesta quinta-feira (26), o Hub Salvador, no Comércio, recebeu centenas de pessoas que puderam conhecer de perto casos de sucesso e experiências de empreendedores que atuam em diferentes setores econômicos, oferecendo produtos e serviços à população excluída do mercado tradicional, com atuação que ajuda a combater a pobreza e diminuir a desigualdade.

O encontro aconteceu durante as atividades do 2º Seminário Salvador Cidade Inovador, organizado pela Secretaria Municipal de Cidade Sustentável e Inovação (Secis), em parceria com o Sebrae. O evento contou com programações simultâneas de workshops e outras dinâmicas interativas. O primeiro painel do dia, que envolveu justamente a temática “Empreendedorismo de Impacto Social”, contou com apresentações do fundador da Favela Holding, Celso Athayde, um dos maiores ativistas sociais do país; de Paulo Rogério Nunes, cofundador da Holding Vale do Dendê e CEO da Aceleradora homônima; e da analista de programas do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE), Débora Souza. Cerca de 450 pessoas encheram o auditório para assistir e interagir com os convidados.

Em sua apresentação, Débora abordou temas sobre como empreendedores devem atrair capital para financiar soluções que resolvam problemas socioambientais e de como somar inovação e tecnologia à prática de resolução de demandas na área. “O Brasil ainda está tateando no uso de tecnologia para o bem social. Quando a gente fala em inovação, falamos muito de tecnologia, pensamos muito sobre carros elétricos e voadores, mas temos que pensar que inovação tem que estar em todo o processo de formação de um negócio”, disse a analista.

Débora falou da importância e necessidade de ter um negócio com sustentabilidade financeira que, ao mesmo tempo, traga retorno ao processo produtivo da empresa. “Não é só mitigar os impactos socioambientais negativos nem gerar trabalho e pagar impostos”, disse. Ela também aproveitou a ocasião para falar do trabalho do ICE, organização que reúne empresários e investidores que possam alavancar os próprios investimentos corporativos, provocando mudanças significativas em comunidades de baixa renda.

O seminário seguiu com apresentação de Paulo Nunes, que apresentou o papel da holding social Vale do Dendê - aceleradora de negócios com foco na diversidade e impacto social. Atualmente, o escritório apoia 10 startups e fomenta a economia criativa, inovação e negócios sociais em Salvador. “É possível empreender com olhar do impacto social e da diversidade. Quanto mais diversidade você tem, certamente seu negocio será mais inovador. O lucro é indispensável, mas o mais importante é impactar vidas”, disse ele.

Celso Athayde concluiu o painel falando sobre o sucesso da Favela Holding, iniciativa pioneira no pais: “O Favela Holding criou a possibilidade de que moradores desse território não apenas consumam, mas façam gestão disso, seja estocando, vendendo, cobrando ou participando da cadeia e da geração de riqueza, uma vez que eles consomem hoje R$ 80 bilhões por ano”.

Athayde pontuou que um dos maiores desafios enfrentados pelos empresários é falar o “favelês”. “Rejeito o conceito de comunidade carente. O favelado não é carente, é potente. Se consomem tantos bilhões é porque produzem, e devem ser respeitados por essa capacidade produtiva. Se as favelas fossem um estado, elas seriam o quinto maior do Brasil em população, consumo e receita”, destacou. À frente de um grupo com 21 empresas, Athayde foi eleito empreendedor em impacto social pela revista Isto É em 2017.