A manutenção do equipamento que falhou na madrugada da última sexta-feira e causou um apagão em sete dos nove Estados da região Nordeste, estava "rigorosamente em dia", afirmou nesta segunda-feira o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermann. O secretário explicou que a falha se deu em uma peça chamada cartão de proteção, responsável pela proteção do sistema elétrico.
Segundo Zimmermann, técnicos do ministério e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) visitaram a subestação de Luiz Gonzaga, em Pernambuco, para atestar as condições de manutenção do equipamento. "Efetivamente houve um defeito no cartão da proteção. A última manutenção foi feita em outubro de 2010, estava rigorosamente em dia. Agora, com a falha, uma investigação será feita para determinar o motivo dessa falha. Após a normalização do sistema, o cartão foi trocado", afirmou.
De acordo com Zimmermann, a manutenção preventiva da peça é feita a cada quatro anos.
Segundo o secretário do MME, um relatório sobre a situação está sendo produzindo por técnicos no Rio de Janeiro, que será apresentado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) para que tome as providências necessárias - inclusive uma possível multa à Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), a operadora de energia responsável. "A parte da fiscalização e penalização, se necessária, fica com a Aneel. Depois que ela receber o relatório, toma a decisão", disse. Os mesmos técnicos estão avaliando se o processo de reabastecimento de energia demorou mais que o aceitável.
O apagão
Segundo afirmou a Chesf, por meio de nota, um defeito no componente eletrônico denominado cartela ocorrido às 0h08 de sexta-feira acionou indevidamente o sistema de proteção da linha de transmissão que liga as usinas de Luiz Gonzaga, em Jatobá (PE), à de Sobradinho (BA).
Em sequência, às 0h21, houve o desligamento em Luiz Gonzaga. Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará foram afetados com interrupção de energia. A luz foi restabelecida plenamente às 4h37.
Segundo superintendente de Operação, João Henrique Franklin, "foi um evento considerado raro". A recomposição das cargas começou às 1h10 em Fortaleza, 2h05 em Aracaju e Salvador, 2h15 em Recife, 2h25 em João Pessoa, 3h35 em Maceió e 4h10 em Natal. Franklin disse ainda que cabe a Chesf gerar e transmitir energia às concessionárias, que são responsáveis pela distribuição direta aos consumidores.
MUDANÇA NA ELETROBRAS
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou nesta segunda-feira (17) o engenheiro José Carvalho da Costa Neto como novo presidente da Eletrobras.
O anúncio foi feito pouco antes de reunião de Lobão com integrantes do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, formado por representantes do ministério, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), da Agência Nacional do Petróleo (ANP), da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCE), da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
Costa Neto vai substituir no cargo José Antonio Muniz. O engenheiro já foi presidente da Cemig. Desde a semana passada, o nome de Costa Neto era dado como certo para a presidência da Eletrobras.
"É um nome com muita expressão no setor, que terá a incumbência de prosseguir a obra que vem sendo feita na presidência da Eletrobras", disse o ministro.
Lobão afirmou ainda que Costa Neto chega à presidência no momento em que a Eletrobras busca sua internacionalização. Desde 2008, segundo ele, a estatal está fortalecida porque adquiriu autorização legal para atuar em outros países. Desde então, vem mantendo contato com diferentes governos com vistas a construir hidrelétricas via parceiras estrangeiras.
A Eletrobras é a maior empresa do setor elétrico da América Latina. A empresa detém metade do capital de Itaipu Binacional, a hidrelétrica construída na divisa do Brasil com o Paraguai e controlada pelos dois países.
Eletronorte
Ligado ao presidente do Senado, José Sarney, José Antonio Muniz estava no comando da Eletrobras desde março de 2008. A tendência agora é de que ele seja conduzido ao cargo de presidente da Eletronorte, subsidiária da Eletrobras que atua principalmente na região Norte.
"Avaliamos essa possibilidade. É uma possibilidade muito próxima de ser concreta", disse Lobão.
Segundo o ministro, o governo ainda vai avaliar mudanças nas outras empresas do sistema Eletrobras. "Ainda vamos cuidar da Eletronorte, da Chesf, da Eletrosul e de todo o sistema", disse.
A reformulação no sistema Eletrobras começou na semana passada, com o anúncio de Flávio Decat como presidente de Furnas.