A moda mudou. Regras rígidas do vestuário cederam lugar à diversidade. Ficou para trás a tirania da cor da moda, de uma única forma de gola e do mesmo comprimento para todo mundo. "Hoje nós vivemos um supermercado de estilos", explicou a consultora carioca Fernanda Carlos durante palestra na sede da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB), em Salvador, quando foi lançado o novo Caderno de Inspirações para o Inverno 2011 do Senai/Cetiqt-Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil.
Fernanda destacou que, mais importante do que se prender às tendências passageiras da moda, os confeccionistas devem definir qual é exatamente o seu público-alvo e direcionar o trabalho para esse perfil de consumidor. Precisam, ainda, aprimorar o planejamento e desenvolvimento das coleções. "Nós fazemos o empresário entender essa nova forma de pensar. É um trabalho árduo, mas tem dado resultado", disse a consultora, que demonstrou ter empatia com o público local, formado por empresários de microempresa, designers e estudantes de moda. "Solicitei novamente a presença de Fernanda porque ela veio no ano passado e as pessoas gostaram muito", contou Chris Rabelo, gestora do Projeto de Confecção do Sebrae.
Formada em estilismo pelo Senai/Cetiqt e consultora em gestão e design de moda, Fernanda viaja pelo Brasil com a palestra "Espaço de Inspirações e de Ações Criativas para o Design de Moda - Edição Inverno 2011". Depois de Salvador, suas próximas paradas são Rio de Janeiro e Minas Gerais. Esse trabalho é realizado por cinco consultoras do Senai/Cetiqt, ao mesmo tempo, em 27 estados, formando uma espécie de "rede" de conhecimento.
A idéia principal é ensinar ao empresário como conceituar uma coleção para que seja única e não uma simples cópia. "Quando a gente aumenta nossa informação, ficamos muito mais criativos. Tudo isso é para errar menos, ter menos perda no processo produtivo e ser mais lucrativo e competitivo", ressaltou.
O evento foi uma realização do Projeto Indústria de Confecções da Região Metropolitana de Salvador e Feira de Santana do Sebrae Bahia, e ao final os participantes receberam um kit-bolsa contendo material informativo e técnico, incluindo o caderno de tendências, desenhos, réguas e alguns lápis nas cores da cartela definida para a estação. "A grande preocupação do projeto é criar uma identidade própria, sem deixar cair no caricaturado", reforçou Chris Rabelo.
"Acredito muito no DNA da Bahia, aqui tem uma química cultural muito grande. O que é necessário é a profissionalização das empresas. Mas essa é a mesma situação do Oiapoque ao Chuí, agora que a moda virou moda", comentou Fernanda. A consultora adiantou que no exterior as coleções já não obedecem rigidamente o calendário das estações primavera-verão e outono-inverno. Segundo ela, a previsão é que as tendências cedam lugar a lançamentos contínuos, calcados no comportamento de consumo.